Nos últimos meses, mais atentos às medidas de austeridade, mesmo até às políticas incompreensíveis, não somos só invadidos com notícias, mas verdadeiramente bombardeados de comentários
       Deambulando pela vida alheia, descobrindo novidades sem 
interesse, discutindo tudo e criticando todos, cresce assustadoramente o
 número daqueles que perdem horas presos a um post ou a uma notícia 
online. Nos últimos meses, mais atentos às medidas de austeridade, mesmo
 até às políticas incompreensíveis, não somos só invadidos com notícias,
 mas verdadeiramente bombardeados de comentários, em que todos opinam, 
publicam e republicam, partilham e sugerem. 
       Fenómeno que não se resume ao simples ato de “comentar”, muito 
desejável até, assiste-se antes à vulgarização do livre arbítrio nos 
meios virtuais, onde, das prudentes análises, depressa se atinge o 
patamar do ultraje e da ofensa gratuita. Retirando brilho à discussão 
fecunda, de partilha saudável, perdem-se horas a comentar, a aguardar o 
impacto dos impropérios ou de uma certa sabedoria, que só naquele palco 
se exibe. 
       E, bem vistas as coisas, verdadeiramente preocupante é que tudo isto 
não serve para nada, não tem qualquer objetivo que se possa admitir como
 minimamente razoável. São horas a fio retiradas ao trabalho, um tempo 
perdido e ostensivamente exibido. Isso sim, é assustador, a inutilidade,
 agravada por uma consequente esterilidade. 
       Muito se comenta, mas pouco se faz, no exemplo do dia a dia, nos 
resultados apresentados, na produtividade que se impõe. Numa época em 
que a otimização de recursos é por tudo fundamental, convenhamos que não
 serão essas horas, passadas a ombrear insultos ou a esgrimir críticas, 
que contribuem para resolver alguma coisa. 
       Há tantas missões possíveis e enriquecedoras, porquê desperdiçar tempo a alimentar aquelas que jamais estarão ao nosso alcance? 

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