MENSAGEM DE SUA SANTIDADE BENTO XVI PARA A QUARESMA DE 2013
Crer na caridade suscita caridade
«Nós conhecemos o amor que Deus nos tem, pois cremos nele»
(1 Jo 4, 16)
4. Prioridade da fé, primazia da caridade
Como todo o dom de Deus, a fé e a caridade remetem para a acção do mesmo e único Espírito Santo (cf. 1 Cor 13), aquele Espírito que em nós clama:«Abbá! – Pai!» (Gl 4, 6), e que nos faz dizer: «Jesus é Senhor!» (1 Cor 12, 3) e «Maranatha! – Vem, Senhor!» (1 Cor 16, 22; Ap 22, 20).
Enquanto
dom e resposta, a fé faz-nos conhecer a verdade de Cristo como Amor
encarnado e crucificado, adesão plena e perfeita à vontade do Pai e
infinita misericórdia divina para com o próximo; a fé radica no coração e
na mente a firme convicção de que precisamente este Amor é a única
realidade vitoriosa sobre o mal e a morte. A fé convida-nos a olhar o
futuro com a virtude da esperança, na expectativa confiante de que a
vitória do amor de Cristo chegue à sua plenitude. Por sua vez, a
caridade faz-nos entrar no amor de Deus manifestado em Cristo, faz-nos
aderir de modo pessoal e existencial à doação total e sem reservas de
Jesus ao Pai e aos irmãos. Infundindo em nós a caridade, o Espírito
Santo torna-nos participantes da dedicação própria de Jesus: filial em
relação a Deus e fraterna em relação a cada ser humano (cf. Rm 5, 5).
A
relação entre estas duas virtudes é análoga à que existe entre dois
sacramentos fundamentais da Igreja: o Baptismo e a Eucaristia. O
Baptismo (sacramentum fidei) precede a Eucaristia (sacramentum
caritatis), mas está orientado para ela, que constitui a plenitude do
caminho cristão. De maneira análoga, a fé precede a caridade, mas só se
revela genuína se for coroada por ela. Tudo inicia do acolhimento
humilde da fé («saber-se amado por Deus»), mas deve chegar à verdade da
caridade («saber amar a Deus e ao próximo»), que permanece para sempre,
como coroamento de todas as virtudes (cf. 1 Cor 13, 13).
Caríssimos
irmãos e irmãs, neste tempo de Quaresma, em que nos preparamos para
celebrar o evento da Cruz e da Ressurreição, no qual o Amor de Deus
redimiu o mundo e iluminou a história, desejo a todos vós que vivais
este tempo precioso reavivando a fé em Jesus Cristo, para entrar no seu
próprio circuito de amor ao Pai e a cada irmão e irmã que encontramos na
nossa vida. Por isto elevo a minha oração a Deus, enquanto invoco sobre
cada um e sobre cada comunidade a Bênção do Senhor!
Vaticano, 15 de Outubro de 2012
BENEDICTUS PP. XVI
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