terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Faltam +/- 350 dias para viver 2014!

       A obra-prima de Eça de Queirós, Os Maias, de 1888, é um romance que enquadra a situação histórico-social de Portugal daquele tempo. O final, um misto de esperança e de resignação.
       “– Lá vem um «americano», ainda o apanhamos.
       – Ainda o apanhamos!
       Os dois amigos lançaram o passo… Outro esforço:
       – Ainda o apanhamos!
       – Ainda o apanhamos!”.
       Cada ano traz consigo propósitos e projetos novos. Há pessoas que alteram mesmo a sua atitude face à vida. Um certo jeito de sermos portugueses e por vezes vamos adiando, à espera que outros façam ou que o tempo componha. E depois é demasiado tarde. Poderíamos ter feito alguma coisa?
       Faltam mais ou menos 350 dias para o ano terminar. Fechamos os olhos e quando voltarmos a abri-los estaremos no fim de 2014. Antes do último fôlego há que viver, aqui e agora, já, como se estivéssemos no fim.
       Ao correr da pena…
       Olha para os problemas que tens pela frente. Faz uma lista do que não convém adiar. Pede ajuda a quem sabes que te vai ajudar. Vê o que é verdadeiramente importante para ti, na relação com os outros, e no teu trabalho, vê o que tem futuro e no qual valerá a pena investir. Não permitas que algo secundário atrapalhe ou destrua uma amizade verdadeira. Vou chamar alguém a atenção? Primeiro penso se é importante o reparo, e só então o farei.
       Valoriza as tuas capacidades. Acolhe os bem que vem dos outros. Alegra-te pelas pequenas coisas da vida. Não esperes pelo ideal.
       Dos problemas, o que é mais urgente resolver? O que posso resolver só por mim? O que é que me aflige? Se é um problema e posso resolver, deixa de o ser logo que o resolvo. Se não o posso resolver, pois não depende de mim, para quê preocupar-me? O que não tem remédio, remediado está. Nenhum medo destrua a nossa esperança.
       Enquadra as dificuldades, não transformes uma dificuldade num obstáculo. “Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo…” (Fernando Pessoa). Se a visão é limitada pela árvore que tenho à frente, distancio-me para ver que há outra paisagem. Não queiras que tudo seja terra firme. Caminha. Lembras-te quando os apóstolos estão no alto mar, e do medo que os atemoriza? (cf. Mt 14, 22-33). Jesus vem em auxílio. Não tenhamos medo de caminhar sobre a água, Se Ele vai connosco. Não esperemos as condições mais favoráveis. Muitos projetos ficam por concretizar à espera das condições ideais.
       Cada dia que passa é menos um dia que temos para viver ou é mais um dia que vivemos bem?
 
Texto publicado no Jornal Diocesano, Voz de Lamego, n.º 4247, de 14 de janeiro de 2014

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