Os discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram-Lhe: «Quem é o maior
no reino dos Céus?». Jesus chamou uma criança, colocou-a no meio deles e
disse-lhes: «Em verdade vos digo: Se não vos converterdes e não vos
tornardes como as crianças, não entrareis no reino dos Céus. Quem for
humilde como esta criança, esse será o maior no reino dos Céus. E quem
acolher em meu nome uma criança como esta, acolhe-Me a Mim. Vede bem.
Não desprezeis um só destes pequeninos. Eu vos digo que os seus Anjos
vêem constantemente o rosto de meu Pai que está nos Céus». Jesus disse
ainda: «Que vos parece? Se um homem tiver cem ovelhas e uma delas se
tresmalhar, não deixará as noventa e nove nos montes para ir procurar a
que anda tresmalhada? E se chegar a encontrá-la, em verdade vos digo que
se alegra mais por causa dela do que pelas noventa e nove que não se
tresmalharam. Assim também, não é da vontade de meu Pai que está nos
Céus que se perca um só destes pequeninos» (Mt 18, 1-5.10.12-14).
A pergunta dos discípulos mostra a imaturidade da sua fé. Num primeiro momento, os discípulos seguem Jesus por motivos que pouco têm a ver com o reino de Deus proposto e vivido por Jesus. Ele sabe disso. Quando os chama tem a consciência do caminho a percorrer e dos riscos inerentes. Como refere Augusto Cury, ao debruçar-se sobre a inteligência de Jesus, o discípulo mais capaz, talvez o único a ser contratado pelo departamento de pessoal de qualquer empresa seria mesmo Judas Iscariostes e que viria a traí-l'O. Jesus chama. Acredita no ser humano e na sua capacidade de conversão.
Como tantos judeus, os discípulos aguardavam o Messias para restaurar Israel, um Messias político, revolucionário, poderoso, que substituísse o poder instalado e assumisse o poder. Quem O seguisse teria a sorte de assumir com Ele um lugar de chefia, de poder. Jesus vai esclarecendo, anunciando o caminho da Cruz, consequência do amor, e apresenta o serviço como única forma de poder para estar no Reino de Deus. Quem quiser ser o maior será o servo de todos.
Jesus chama uma criança e simplifica. O reino de Deus é para aqueles que se tornarem como crianças, dóceis, disponíveis para acolher, para dar, para amar. E na mesma onda, o desafia para cuidar sobretudo dos mais frágeis, as crianças, os idosos, como muitas vezes referem o Papa Francisco, os extremos da sociedade, e todas as outras pessoas que estão vulneráveis por questões de saúde, de trabalho ou falta dele, pela exclusão sócio-cultural e económica.
Mas há mais. O discípulo de Cristo tem que ir em busca de toda a ovelha que anda tresmalhada. Não se trata de esperar e de ter as portas abertas, mas de sair e ir ao encontro já não da ovelha mas talvez das noventa e nove que agora estão tresmalhadas, como tem vindo a acentuar o Papa Francisco. A Igreja tem como referência Jesus Cristo e o Seu pastoreio, não pode ser autorreferencial, tem de sair ao encontro das ovelhas que vivem sem pastor...
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