domingo, 24 de maio de 2015

Maria pôs-se a caminho... 2


       Maria, Mulher simples, com olhar meigo, predisposta ao silêncio e à contemplação, humildemente à escuta obediente. Esta é a dimensão mais visível. Porém, também o serviço e a pressa em acorrer às necessidades dos outros.
       Os evangelhos centram-se em Jesus e no mistério pascal. É na Páscoa que os discípulos se encontram verdadeiramente com Jesus, homem e Deus, descobrindo que as palavras do Mestre não foram discursos de circunstância, mas palavras de vida nova, que os compromete com os outros e os capacita para iniciar o caminho até à eternidade.
       Os evangelhos são sobretudo relatos da Paixão de Jesus com introduções que contextualizam e explicitam o mistério de entrega de Jesus.
       A Virgem Maria, São José, e outros intervenientes, aparecem sob a luz de Jesus. No entanto, pequenos gestos, algumas palavras, tornam percetível a postura desta ou daquela pessoa. Para percebermos Maria: anunciação; visitação; nascimento de Jesus; acolhimento dos Pastores e dos Magos; apresentação de Jesus; fuga para o Egito; perda e encontro do Menino em Jerusalém; Maria que ocorre para ver o que se passa com Jesus; Maria no caminho para a Cruz, e diante de Jesus crucificado, sendo-nos dada por Mãe; congregando em oração os discípulos, depois da morte de Jesus; presente nas aparições do Ressuscitado; figura incontornável na vida da Igreja, desde o início e ao longo da história. As aparições em Lourdes ou em Fátima insinuam a vontade de Deus estar bem perto de nós, através d’Ela.
       Modelo de escuta da palavra de Deus. Modelo de serviço espontâneo, acorrendo, apressada, para a montanha, entre dificuldades do caminho e o perigo à espreita; discreta e solícita nas bodas de Caná; diligente e preocupada com Jesus; cheia de graça e esperança que nos sossega no Seu colo de Mãe no meio das intempéries da vida.
       Focados no lema pastoral da Diocese, diríamos que em Maria, a própria família se revê e se encontra, desafiada a sair, a servir, a partilhar a alegria da fé. Cada membro sai do seu comodismo para servir os outros, dentro e fora do espaço familiar. A família não é e não pode ser a soma de egoísmos, mas a conjugação de esforços e compromissos, de participação e partilha, promovendo o melhor de cada um, a favor de todos, acolhendo a pessoa como um todo, com defeitos e virtudes, potenciando o crescimento de cada um, com uma dose q.b. de renúncia e serviço, procurando que o outro seja visível.

Originalmente publicado na Voz de Lamego, 19 de maio de 2015

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