FRANCA ZAMBONINI (2005). Madre Teresa. A mística dos últimos. Prior Velho: Paulinas Editora. 176 páginas.
Há muita bibliografia sobre a Madre Teresa de Calcutá, a Mãe dos pobres, a pequena freira que se dedicou aos mais pobres dos pobres. Neste biografia, de Zambonini, ressalva-se o essencial da vocação, da vida, da obra de Madre Teresa, bem assim como das Missionárias da Caridade que ela fundou e que estão espalhadas um pouco por todo o mundo. A escolha pelas mais pobres, pois em cada um deles está impresso o rosto de Jesus Cristo.
Tocar as feridas de um leproso, recolher um moribundo, acolher uma criança abandonada, adotar uma criança que estava para ser descartada antes de nascer, ir pelas ruas pedir esmola para alimentar os famintos, instruir as crianças, apoiar os mas desfavorecidos... como refere muitas vezes a Madre Teresa, é tocar as feridas de Cristo, acolhê-l'O, cuidar d'Ele, "Isto Me fizeste a Mim" (expressão adaptada do inglês para português: cada palavra corresponde a um dedo da mão). É a expressão do juízo final, o que fizeste ao mais pequeno dos meus irmãos a Mim o fizeste. Tem a ver com as obras de misericórdia. Sublinhe-se, como se pode ver no livro, que as Missionárias da Caridade têm casas abertas em muitos países ocidentais, onde a maior pobreza e mais difícil de atender é mesmo a pobreza da solidão, da perda de sentido de Deus, de abertura aos outros e à vida.
Madre Teresa nasceu a 26 de agosto de 1910 - embora ela refira o dia 27, dia do seu batismo, como o dia do seu nascimento - em Skopje, na Albânia. O nome de batismo é Agnes (Inês) Ganxhe Bojaxhui. Com 18 anos vai para a Irlanda, onde se torna irmã de Loreto, cuja Ordem envia missionárias sobretudo para a Índia. Em 1928 vai finalmente para a Índia, com a missão, como as companheiras, de ensinar (geografia e religião) no colégio de St. Mary, em Entally, Calcutá, de que se tornará Diretora.
Em 1946, sente a "vocação dentro da vocação", para sair ao encontro dos mais pobres dos pobres daqueles que ninguém quer. Cerca de 2 anos depois solicita ao Vaticano a autorização para deixar a Ordem de Loreto e fundar uma nova Congregação. A partir daqui nunca mais descansará no serviço diário de ajuda aos mais pobres. Pouco a pouco engrossa o números das irmãs que se querem dedicar como ela aos mais pequeninos. vai abrindo casas, primeiro na Índia mas logo em outros países. É um trabalho árduo. Pelo menos 12 horas dedicadas a serviço dos outros, percorrendo as ruas de Calcutá, batendo a muitas portas, autoridades, hospitais, recolhendo as pessoas encontradas abandonadas para morrer. Mais 2 horas de oração, indispensável ao trabalho prático. As Missionárias da Caridade têm também um ramo contemplativo. A Irmã Nirmala, que viria a ser a Sucessora de Madre Teresa à frente da Congregação, ficou responsável por abrir a casa das Missionárias da Caridade, no ramo da Contemplação, em Nova Iorque, invertendo as horas, 12 horas para a oração, duas horas para o serviço aos outros, indicando desta forma que a contemplação leva ao serviço, o serviço leva à oração.
Pelo caminho a Madre Teresa é reconhecida pelo seu trabalho, nomeadamente sendo-lhe atribuído o Prémio Nobel da Paz e, na Índia, tendo direito a funeral de Estado. Morreu a 5 de setembro de 1997. Continua a inspirar cristãos e não cristãos em todo o mundo. Marcou a Índia, o mundo e a Igreja, com a sua vontade férrea de chegar aos mais desfavorecidos.
Como a própria referia, não se podem resolver todos os problemas do mundo, comecemos por resolver o que está à nossa frente. Mesmo que sejamos como uma gota de água, mas ainda ainda o oceano ficará incompleto sem essa gota. Começar por nós, amar os de nossa casa. É sempre mais fácil amar e cuidar daqueles que não conhecemos. É imperativo que amemos os que estão perto de nós.
Este livro é uma biografia, mas é sobretudo um testemunho de vida. A autora conviveu em diferentes ocasiões com Madre Teresa, entrevistando-a e acompanhando-a em viagens, e beneficiando de gestos concretos que demonstram a postura de Madre Teresa de Calcutá.
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