RINALDO DONGHI (2016). A Pequena via da misericórdia. Da Agenda pessoal do Papa João XXIII. Prior Velho: Paulinas Editora. 176 páginas.
Mais um livro obrigatório para quem quiser conhecer São João XXIII, canonizado no dia 27 de abril de 2014, num acontecimento significativo, pois foram canonizados dois Papas (João Paulo II e João XXIII), com a presença de dois Papas, Francisco, o nosso Santo Padre, e Bento XVI, o magno papa Emérito.
Por outro lado, e por maioria de razão porque vivemos o Jubileu da Misericórdia, João XXIII, o Bom Papa, introduziu a simplicidade, a bondade e a misericórdia no Papado e na Igreja. Na abertura do Concílio Vaticano II, a 11 de outubro de 1962, deixava claro que "agora, a Esposa de Cristo prefere usar o medicamento da misericórdia em vez de abraçar as armas do rigor [...]. A Igreja Católica, enquanto com este Concílio Ecuménico levanta o facho da verdade católica, quer mostrar-se mãe amorabilíssima de todos, benigna e paciente, inclinada à misericórdia e com a bondade para com os filhos dela separados".
A sua natural bonomia, simplicidade, com gestos espontâneos, apostando tudo na delicadeza, na atenção às pessoas e às suas situações, o trato próximo e benevolente com todos, o cuidado com os mais pobres, procurando construir uma Igreja pobre para os pobre, levou muitas pessoas a identificarem o papa Francisco com o bom Papa João, ainda que o próprio Papa Francisco se afirme mais devedor do grande Papa Paulo VI.
Com a temática da misericórdia e com sua a canonização, João XXIII tem vindo a ser descoberto, através de biografias e da publicação das suas intervenções. Neste livro, o autor enquadra, numa perspetiva das 14 obras de misericórdia o viver e João XXIII como Delegado Apostólico na Grécia e na Turquia e Administrador do Vicariato latino de Estambul, partindo dos apontamentos que o futuro Papa iam fazendo nas suas agendas, mostrando à saciedade a bondade, a simplicidade, a preocupação pelas pessoas que viviam em situações mais precárias, nomeadamente em ambientes de guerra. Angelo Giuseppe Roncalli procura atender a todos os pedidos, receber todas as pessoas, usar a influência que tem para libertar prisioneiros ou tentar aliviar-lhes as penas. Recebe cada pessoa com fidalguia. Vai ao encontro dos pobres, visita orfanatos, hospitais, prisões, usa os recursos da Santa Sé para aliviar uns e outros, e usa dos próprios recursos. Ajuda até onde pode.
A santidade perpassa no compromisso quotidiano de cada pessoa. João XXIII transparece com facilidade o compromisso com Jesus Cristo, com a Igreja, com o mundo, usando a caridade, a paciência, o diálogo e o respeito.
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