PAPA FRANCISCO (2015). (2.ª Edição). A Verdade é um Encontro. Homilias em Santa Marta. Prior Velho: Paulinas Editora. 568 páginas.
Uma das novidades do pontificado do Papa Francisco, eleito a 13 de março e iniciando oficialmente o pontificado a 19 de março de 2017, foi a celebração quotidiana da Eucaristia na Capela de Casa de Santa Marta onde fixou a sua residência.
Todos os dias, pela manhã, o Papa celebra com outros sacerdotes e para diversas pessoas, de paróquias, comunidades, grupos, funcionários do Vaticano, alunos dos colégios, congregações. Funciona como uma Missa paroquial, aos dias de semana, à mesma hora, para começar bem o dia. A diferença está nos fiéis que mudam de dia para dia e no facto de o pároco ser o Papa.
As homilias diárias são familiares, íntimas, expressivas, com diversas imagens, exemplos, com muitas perguntas, com expressões que imediatamente circulam pelo mundo inteiro. É, de algum modo, um laboratório, já que as pistas de reflexão são muitas vezes desenvolvidas em discursos, mensagens, nos documentos pontifícios e aprofundadas nas Homilias em Eucaristias solenes.
Logo após a celebração da Eucaristia, a Santa Sé, pelos órgãos competentes, faz chegar um breve resumo das palavras do Papa, acompanhadas de uma imagem, um pequeno vídeo...
Não é a homilia inteira, como é explicado na apresentação do livro, não faria muito sentido, pois é um comentário a partir das leituras, procurando desafiar, propor, refletir, com pausas, interrogações, aproximando-se quase de uma conversa familiar. O acesso a estes trechos está disponível na plataformas da Internet da Santa Sé, mas também em muitas páginas ligadas a Dioceses, paróquias, comunidades, partilhadas, espalhadas. O livro tem a vantagem de ser sublinhado e mastigado. Quando lemos num ecrã, pelo menos para mim é assim, quase sempre o fazemos a correr, ou se for em vídeo, ouvimos e já estamos a fazer outra coisa, o livro ajuda a tomar mais atenção (claro que também há distrações).
Este volume, na segunda edição, contém as "homilias" do primeiro ano de pontificado. Lendo, percebe-se melhor as intervenções mais públicas do Papa: pecadores mas não corruptos... misericórdia... cristãos aguados (água das rosas)... humildes mas não ingénuos... perdão... adoração de Deus (cuja dificuldade é notória nas pessoas e nas comunidades)... economia e os pobres... a riqueza e a avareza... pecadores concretos (e não abstratos, genéricos)... obras de misericórdia e juízo final, a fé vive-se, é concreta... cristãos alegres, na certeza que Deus nos ama ao ponto de em Jesus dar a vida por nós... a contradição dos cristãos da sexta-feira santa sem a Páscoa, tristes, melancólicos, sempre a protestar por tudo e por nada... incapazes de sorrir, de levantar a cabeça... pessoas com cara de santinhos mas que na verdade são hipócritas... perfeitos, pessoas boas, sem levantar ondas, como o jovem do Evangelho, certinho mas que no final não segue Jesus, pelo Seu caminho... Conhecer, confiar em Jesus, seguir Jesus pelo Seu caminho... ainda que com dificuldades e perseguição... a cruz é parte essencial da vida do cristão e da Igreja... Igreja em saída... ir às periferias... rezar com coragem, lutando com Deus como fizeram Abraão, Jacob, Moisés, David... fieis a Deus e ao povo... o encontro com Jesus na Eucaristia.. Lamentar-se faz mal ao coração... a fé não se negoceia... o perigo de falar dos outros... os mexericos matam... não maquilhar a vida, mas aceitar o bem e o mal... cristãos mornos fazem mal à Igreja... A Igreja é mãe, é uma história de amor... Um bom cristão não se lamenta... um cristão que se lamenta continuamente, deixa de ser um bom cristão: é o senhor ou a senhora "lamúrias"... o problema não é sermos pecadores: o problema é não nos arrependermos do pecado, não termos vergonha daquilo que fizemos... cultura do encontro, construtores de pontes e não de muros... a originalidade cristã não é a uniformidade...
Seguir Jesus, caminhar com Jesus, adorar Jesus...
Seguir Jesus, caminhar com Jesus, adorar Jesus...
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