Completam-se quatro anos da eleição do surpreende Cardeal Jorge Mario Bergoglio para a Cadeira de São Pedro. Com a escolha do nome, Francisco, na referência a São Francisco de Assis, a primeira marca do pontificado, a pobreza como caminho, “uma Igreja pobre para os pobres”, Igreja despojada ao serviço dos mais frágeis. Da América Latina, o papa argentino traz a teologia do povo, desligando a fé e a religião de qualquer tentativa de manipulação político-partidária. «A imagem da Igreja de que gosto é a do povo santo e fiel de Deus… Deus na história da salvação salvou um povo. Não existe plena identidade sem pertença a um povo. Ninguém se salva sozinho, como indivíduo isolado, mas Deus atrai-nos considerando a complexa trama de relações interpessoais que se realizam na comunidade humana. Deus entra nesta dinâmica do povo… E a Igreja é o povo de Deus a caminho na história, com alegrias e dores».
Cada Papa traz a sua marca espiritual, cultural, a sua riqueza pessoal, o seu amor à Igreja e a fidelidade a Jesus. Ao bom Papa João, que convocou o Concílio Vaticano II para “atualizar” o compromisso do Evangelho com o mundo, sucedeu o grande Papa Paulo VI, que concluiu o Concílio, enfrentando sérias dificuldades vincadas por uma cultura plural, livre, contestatária! Breve o pontificado de João Paulo I, mas significativo, o Papa do sorriso e da certeza de que Deus é Pai mas é mais Mãe. Logo o entusiasta João Paulo II, com a experiência de uma Igreja perseguida e silenciada, para uma presença global, nas viagens e nos meios de comunicação social, a ética, o corpo, a família, os jovens, a vida humana, a dignidade de cada pessoa. Pontificado mais curto, o do sábio Bento XVI, recentrando a Igreja e o mundo em Cristo, procurando fazer da Igreja a nossa casa, onde nos sentimos bem, atraindo outros para entrarem ou para regressarem, lançando pontes com a cultura e com a ciência. Há quatro anos, chegou a frescura de uma Igreja jovem, afetiva, próxima, vinda de uma região pobre… o Papa Francisco surpreendeu desde a primeira hora, com gestos de simplicidade, de alegria e de proximidade que continuam a conquistar pessoas.
Na primeira homilia, os propósitos: CAMINHAR, EDIFICAR, CONFESSAR: «Quando não se caminha, ficamos parados. Quando não se edifica sobre as pedras, que acontece? Acontece o mesmo que às crianças na praia quando fazem castelos de areia: tudo se desmorona, não tem consistência… Quando não se confessa Jesus Cristo, confessa-se o mundanismo do diabo, o mundanismo do demónio…».
Publicado na Voz de Lamego, n.º 4403, de 14 de março de 2017
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