CLÁUDIA SEBASTIÃO (2018). Marcelo Rebelo de Sousa, o Presidente dos Afetos. Lisboa: Paulus Editora. 184 páginas.
O Professor Marcelo Rebelo de Sousa dispensa apresentações e, por certo, todos temos uma opinião formada sobre o atual Presidente da República, tal é a exposição a que está sujeito diariamente, nomeadamente através dos meios de comunicação social e das redes sociais. Já antes de ser Presidente, o que se acentuou a partir da candidatura, da campanha e da eleição para o mais alto cargo da nação.
Mas, como constatará, caso aceite a nossa sugestão
de leitura, que há dimensões que podem ser investigadas, colocando a descoberto
outras dimensões ou, pelo menos, clarificando a personalidade por detrás do
Presidente. Este livro, da autoria de Cláudia Sebastião, editado pela Paulus
Editora, procura mostrar a consistência de Marcelo Rebelo de Sousa, o
presidente que, desde a primeira hora, tem privilegiado a proximidade às
pessoas, sem barreiras, e os afetos, procurando estar presente para todos,
especialmente nos momentos de aflição, sofrimento, perda, como nos incêndios de
2017 em Pedrógão Grande, em junho, e na região centro, em outubro. Depois do
estudo dos técnicos, que sublinharam que a presença de políticos quando se
estavam a combater os incêndios, só trouxe dificuldades, então tem refreado a
imediatez com que se deslocava às tragédias…
A obra que sugerimos mostra a consistência de
Marcelo na atenção aos mais frágeis, vem de longe, da infância, em que
acompanhava a mãe, que era assistente social, da educação católica, da pertença
a vários movimentos juvenis católicos, com a preocupação de se envolver na
ajuda às pessoas mais carenciadas, fazendo “voluntariado” desde jovem, no
empenho social que o junta, por exemplo, ao amigo e companheiro António
Guterres, atual Secretário Geral das Nações Unidas.
Inabalável a sua identidade cristã-católica, que o
compromete também como e enquanto Presidente da República. Na página da
Presidência da República, começa assim a sua apresentação: “Marcelo Nuno Duarte
Rebelo de Sousa nasceu a 12 de dezembro de 1948. É católico, participou em
vários movimentos da Igreja Católica”. Só depois outros “afazeres”! Ele próprio
caracteriza: “Eu sou católico, influenciado pelo Vaticano II, concílio bem
presente hoje no ministério do Papa Francisco, português defensor da lusofonia
com especiais relações em África e no Brasil… O fim maior na política é o
combate à pobreza, é a luta contra as desigualdades, é a afirmação da justiça
social… ninguém se salva sozinho e é preciso construir pontes”.
Num outro momento afirma taxativamente em relação à
intervenção política dos cristãos: “Quem não intervém comete um erro porque a
sua voz não será substituída por nenhuma outra voz. Mais vale às vezes intervir
em excesso, cometendo erros, a não intervir”. Por outro lado, a opção clara pelos
mais frágeis: “Cristo define o seu programa de vida. E o nosso programa de
vida. Anunciar a eternidade. Mas também dar esperança aos pobres, vista aos
cegos, libertação aos presos e oprimidos. Tudo está aí. Vida eterna, mas também
justiça na vida terrena. Justiça que não ignore ninguém, mas prefira os
excluídos e sofredores – na economia, na sociedade, na cultura, na política”
"Porque acredito em Jesus Cristo? Porque Deus
acredita em mim. Tão simples quanto isso . Dirigiu-se-me e eu aceitei".
"Um cristão católico que não é otimista é
profundamente ingrato. Nós estamos disponíveis para fazer misérias para ganhar
o Euromilhões todas as semanas e não percebemos que o Euromilhões dos
Euromilhões é a graça da fé. Não é contingente, não é semanal, não é conjuntural,
não é limitado. É uma oportunidade única no caminho para a eternidade e no
começo da construção da eternidade neste mundo".
Sobre a recitação do terço: “Fica às vezes a meio,
mas depois prossegue. Há alguns mistérios que são sacrificados. Mas ao fim do
dia está completo. Não é um mandamento. É como respirar. Há coisas que eu faço
naturalmente. Não é uma obrigação, é assim. Faz parte da minha via. Não me
passa pela cabeça haver um dia se Terço”.
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