ROBERT CHEAIB (2019). Educar os filhos na fé. Prior Velho: Paulinas Editora. 208 páginas.
"Enquanto os filhos são pequenos, os limites, as regras e a disciplina não são apenas úteis, são necessários e cruciais. Somos responsáveis pelos nossos filhos quando são pequenos e é ingénuo pensar que podem ser deixados entregues a si próprios logo em tenra idade. É uma espécie de «abandono de menores»... Um dos primeiros segredos da educação dos filhos na fé é mesmo: começar cedo. Ao invés, um dos erros da educação religiosa dos filhos é ficar à espera que cresçam, que «tenham idade para conversarmos sobre estas coisas»... Se não fores tu a semear, outro semeará por ti e, muito provavelmente, semeará uma semente diferente - se não mesmo contrária - da tua... «Não os ensino a falar português porque tenho receio que no futuro a língua portuguesa nãos eja a língua da sua preferência». É um raciocínio ridículo porque, assim, privo os meus filhos de uma ferramenta relacional importante como a língua".
Por estas palavras do próprio autor, podemos calcular a importância da educação da fé das crianças, a começar no berço. Achar que se deve deixar a religião para quando os filhos puderem escolher é um erro infantil, uma vez que em todas as dimensões da vida, os pais procuram dar as ferramentas aos filhos para que, ao crescerem, possam tomar as próprias decisões. Também assim no campo da religião. Esta deve ser como a língua materna. Se os pais se escusarem a educar o filhos, haverá quem o faça, a televisão, a Internet, os colegas.
O autor é doutorado em Teologia Fundamental, pela Universidade Pontifícia Gregoriana, exercendo a docência em várias universidades, é conferencista, em Itália e em outros países, abordando temáticas relativas à vida de casal, educação dos filhos, juventude e fé, desafios do ateísmo. É casado e pai.
Os cinco pilares propostos pelo autor e desenvolvidos ao longo do livro:
- Educação preventiva: é preciso começar cedo. É preciso prevenir a queda da fé reforçando as fundações enquanto os filhos são pequenos.
- Educação no dia a dia: a fé não se vive dentro de uma redoma de vidro nem de maneira isolada do resto da educação. A vida de fé precisa de uma educação integral e de uma experiência diária. Só experimentando o amor no dia a dia é que os nossos filhos vão percecionar e sentir o Amor de Deus como credível e familiar.
- Educação narrativa: a fé não é feita de conceitos, mas de narrações, de um povo que faz experiência de um Deus que vem ao seu encontro; de uma comunidade que faz experiência de um Deus que se faz homem, fala do Pai através de parábolas e de histórias convidando-nos a sermos, como Ele, testemunho e parábola de Deus.
- Educação responsável: como pais não podemos delegar aos outros a responsabilidade da educação na fé dos nossos filhos. Aliás, somos mesmo os primeiros catequistas deles. E somo-lo, em primeiro lugar, com o exemplo de vida que não deve desmentir as nossas palavras. Somos também responsáveis no sentido que temos a tarefa de dar respostas às perguntas dos nossos filhos ou, pelo menos, temos a responsabilidade de os saber orientar para as pessoas que estão em condições de dar resposta às legítimas perguntas e dúvidas em matéria de fé.
- Educação responsabilizadora: ou os nossos filhos se tornam crentes ativos ou então serão para sempre clientes passivos que, mais tarde ou mais cedo, se aproximam de fornecedores de respostas mais perspicazes (cf. Lc 6,8). Os filhos sentir-se-ão parte da Igreja e que a fé é a fé deles, se tiverem feito experiência pessoal de Deus. A nossa tarefa, enquanto eles forem pequenos, é a de lhes proporcionar oásis onde possam ir buscar a água de Cristo, oásis que podem ser comunidades oficiais ou encontros «informais» com a prole de outras famílias desejosas, como nós, de criar os filhos na fé».
Ao longo do livro, o autor vai sublinhando a presença dos pais em relação aos filhos, arranjar tempo, proximidade, as primeiras testemunhas da fé, o exemplo é crucial, o amor entre os esposos, que nunca deve ser descurado. A educação, também na fé, passa pela vivência. "Para sermos bons catequistas dos nossos filhos devemos ser bons pais". A amabilidade há de ser a referência na educação: "Quem não se sente amado não quererá ouvir razões. Quem não se sente amado e não experimenta o amor não acreditará no Deus-amor. Sem amor a nossa existência permanece indecifrável e insensata... o amor exige proximidade" e escuta.
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