1 – «O reino dos Céus pode comparar-se a um rei que preparou um banquete nupcial para o seu filho. Mandou os servos chamar os convidados para as bodas, mas eles não quiseram vir... Disse então aos servos: ‘O banquete está pronto, mas os convidados não eram dignos. Ide às encruzilhadas dos caminhos e convidai para as bodas todos os que encontrardes’. Então os servos, saindo pelos caminhos, reuniram todos os que encontraram, maus e bons».
Depois de ouvirmos três parábolas do reino de Deus sobre a vinha, nos três domingos anteriores – sublinhando-se o convite permanente a que todos trabalhem na vinha, a paciência de Deus, a Sua misericórdia, o Seu amor pleno para com todos, mesmo para com aqueles que se comprometem mais tardiamente, e a necessidade de coerência de vida, ao sim dos lábios deverá corresponder a vida em gestos e atitudes concretas de viver o que se professa –, hoje uma parábola que compara o reino de Deus a um magnífico banquete, para o qual todos os estão (estamos) convidados.
Não há privilégios especiais, tendo em conta a idade, o sexo, a classe social, a religião.
É também essa a certeza que nos deixa Isaías: "Sobre este monte, o Senhor do Universo há-de preparar para todos os povos um banquete de manjares suculentos, um banquete de vinhos deliciosos: comida de boa gordura, vinhos puríssimos. Sobre este monte, há-de tirar o véu que cobria todos os povos, o pano que envolvia todas as nações; destruirá a morte para sempre. O Senhor Deus enxugará as lágrimas de todas as faces e fará desaparecer da terra inteira o opróbrio que pesa sobre o seu povo..."
Com efeito, podem alguns julgar-se detentores do reino de Deus, detentores da verdade, mas, diz-nos claramente Jesus na parábola deste domingo, também esses são chamados à conversão, a transformarem o seu coração e a sua vida com o risco de se auto-excluírem.
Na verdade, o rei manda reunir todos, bons e maus. Todos são chamados. Mas eis que um deles é expulso porque não traz o manto nupcial! Surpresa?! Não, o sim inicial leva à mudança de vida. Se dizemos sim ao chamamento, "vestimos" o traje nupcial, acolhemos a misericórdia de Deus, vestimo-nos de humildade e disponibilidade para traduzirmos a vontade de Deus através das nossas escolhas.
2 – A refeição não é apenas oportunidade de satisfação biológica, mas tempo de encontro, de partilha, de festa, de comunhão. Sentamo-nos à mesa com quem comungámos a vida, com quem nos sentimos bem. Para os judeus isso era ponto de honra, sentar à mesa só com os amigos. Comer é também comungar ideias, projectos, é comungar a amizade e o respeito, a verdade e o perdão.
Por conseguinte, a imagem do banquete é um convite à comunhão com Deus e com os outros. Ele chama-nos para com Ele identificarmos a nossa vida e para nos reconhecermos uns aos outros como irmãos. Se nos sentamos à mesma mesa, o compromisso de partilharmos também projectos, neste caso o projecto de Jesus Cristo, o bom Pastor, procurando em tudo ser semelhantes a Ele. Se procuramos a identificação com Cristo, naturalmente que isso nos leva à comunhão uns com os outros.
A esse propósito, quando se fala na unidade dos cristãos e das confissões cristãs, afirma-se claramente que a unidade advém da conversão comum a Jesus Cristo.
O banquete preparado por Deus para nós é a Eucaristia, na qual Jesus Cristo coloca toda a Sua vida, o Seu Corpo e o Seu sangue, que do pão consagrado Se convertem em memorial até à vida eterna. A Eucaristia antecipa o banquete pleno da eternidade. É-nos dado a saborear o pão do Céu. Antecipámos a comunhão plena com Deus, como Jesus tinha antecipado a Sua morte e ressurreição, na noite em que nos deu a Eucaristia, para que a Sua presença fosse até ao fim dos tempos.
Tal como na refeição, a Eucaristia alimenta-nos e aproxima-nos uns dos outros até à comunhão definitiva no Céu. Obviamente que poderá haver situações que nos impedem de uma comunhão plena. Ainda assim, na Eucaristia, há lugar para todos, mesmo para aqueles que se afastaram ou que a vida afastou.
Sublinhe-se, por exemplo, que a comunhão do Corpo de Jesus não é apenas uma formalidade ou um direito social, mas a disponibilidade para estar em comunhão com Jesus Cristo e com o Seu Corpo que é a Sua Igreja. Mas se as condições o não permitem, os crentes devem comungar espiritualmente para receberem a força de voltarem à comunhão eclesial...
3 – No Senhor encontramos a abundância da redenção.
A certeza de que em Jesus Cristo nos é dada a salvação motiva-nos para a alegria e para o louvor, para o júbilo e para a acção de graças. É um banquete de saborosos manjares que vamos experimentando na vida presente, ainda que na fragilidade da nossa vida e da nossa história possamos porquanto experimentar a provação, a angústia, a necessidade.
Confiantes de que Ele está connosco até ao fim dos tempos, não desanimemos. O Apóstolo incentiva-nos a viver confiantes, apesar das dificuldades presentes: "Sei viver na pobreza e sei viver na abundância. Em todo o tempo e em todas as circunstâncias, tenho aprendido a ter fartura e a passar fome, a viver desafogadamente e a padecer necessidade. Tudo posso n’Aquele que me conforta. No entanto, fizestes bem em tomar parte na minha aflição. O meu Deus proverá com abundância a todas as vossas necessidades, segundo a sua riqueza e magnificência, em Cristo Jesus".
Por conseguinte, rezamos com o salmista: "Ele me guia por sendas direitas, por amor do seu nome. Ainda que tenha de andar por vales tenebrosos, não temerei nenhum mal, porque Vós estais comigo: o vosso cajado e o vosso báculo me enchem de confiança", baseando-nos nas palavras proféticas de Isaías, aqui como certeza inabalável: "Eis o nosso Deus, de quem esperávamos a salvação; é o Senhor, em quem pusemos a nossa confiança. Alegremo-nos e rejubilemos, porque nos salvou. A mão do Senhor pousará sobre este monte". Ele guia-nos ainda que a neblina não nos apercebamos que é Ele quem guia o nosso barco.
Textos para a Eucaristia (ano A): Is 25, 6-10a; Sl 22 (23); Filip 4, 12-14.19-20; Mt 22, 1-14.
Reflexão Dominical na página da Paróquia de Tabuaço.
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