1 – Disse-lhes e diz-nos Jesus: «‘Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo o teu espírito’. Este é o maior e o primeiro mandamento. O segundo, porém, é semelhante a este: ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’. Nestes dois mandamentos se resumem toda a Lei e os Profetas».
A pergunta feita a Jesus, por um doutor da lei, sobre o mais importante dos mandamentos, permite, uma vez mais, ao Mestre dos Mestres, lembrar que não basta saber é essencial que o saber leve ao compromisso concreto com o próximo.
É uma cilada, mas Jesus não deixa de responder. Segundo a Sagrada Escritura (que corresponde, para nós, ao Antigo Testamento) é inequívoco que o mandamento mais importante é amar a Deus antes e acima de tudo. O doutor da lei tem obrigação de saber. Para qualquer crente, judeu ou cristão, amar a Deus com todas as forças, com todas as capacidades intelectuais, volitivas, espirituais, é o ponto de partida e de chegada, é o princípio e o fim de todas as escolhas. As nossas opções devem procurar estar conformes à vontade de Deus, à Palavra do Senhor. Quando isso acontece, então tudo o mais se tornará fácil e o cumprimento dos restantes mandamentos já se inclui no amor a Deus sobre todas as coisas.
Porém, se não há dúvidas quanto ao primeiro mandamento, já quanto à importância dos outros havia algumas discussões. Jesus acrescenta, desfazendo dúvidas e confusões, que o segundo mandamento é amar o próximo como a si mesmo. E o próximo é toda a pessoa que encontramos e não apenas os que fazem parte do nosso grupo, da nossa nacionalidade, da nossa religião. Mais, Jesus dirá mesmo que nós é que nos tornamos próximos sempre que nos predispomos a ir ao encontro do outro.
Vivendo estes dois mandamentos, cumpre-se com todos os outros preceitos existentes na Sagrada Escritura.
2 – Na primeira leitura, do Livro do Êxodo, Moisés explicita os mandamentos na relação com o próximo, concretizando com algumas situações reais em que se poderá provar e experimentar o amor ao próximo.
"Não prejudicarás o estrangeiro, nem o oprimirás, porque vós próprios fostes estrangeiros na terra do Egipto. Não maltratarás a viúva nem o órfão... Se emprestares dinheiro a alguém do meu povo, ao pobre que vive junto de ti, não procederás com ele como um usurário, sobrecarregando-o com juros... Se receberes como penhor a capa do teu próximo, terás de lha devolver até ao pôr-do-sol, pois é tudo o que ele tem para se cobrir, é o vestuário com que cobre o seu corpo. Com que dormiria ele? Se ele Me invocar, escutá-lo-ei, porque sou misericordioso".
Muitos anos antes de Jesus, já a Sagrada Escritura sanciona em concreto a vivência do amor ao próximo, atendendo com generosidade e hospitalidade ao estrangeiro que vem até nós, ajudando aqueles que estão numa situação mais frágil (mais precária), que ao tempo eram os órfãos e as viúvas; emprestando dinheiro aos pobres, mas sem juros... se não tem dinheiro para sobreviver como poderiam ter dinheiro para pagar juros... é o contrário do que fazem hoje os países do primeiro mundo em relação aos países do terceiro e do quarto mundos...
A radicalidade do compromisso com o nosso semelhante já é por demais evidente no livro do Êxodo. Jesus colocará uma referência inelutável: amar o próximo dando a vida por ele, isto é, amar como Ele amou, até ao fim, dando a própria vida se necessário.
3 - Com efeito, recorda-nos São Paulo na segunda leitura, a referência fundamental é Jesus Cristo, o Seu amor por nós. Ele salva-nos dando a Sua vida, oferecendo-Se em obediência ao projecto de Deus. "Vós sabeis como procedemos no meio de vós, para vosso bem. Tornaste-vos imitadores nossos e do Senhor, recebendo a palavra no meio de muitas tribulações, com a alegria do Espírito Santo; e assim vos tornastes exemplo para todos os crentes da Macedónia e da Acaia".
O que Paulo nos recomenda, como à comunidade de Tessalónica, é que em tudo procuremos imitar Jesus Cristo. Por vezes torna-se mais fácil imitar o Senhor se tivermos por perto quem exemplifique este amor, como São Paulo para as comunidades que fundou. O Apóstolo relembra que se tornou testemunho do Evangelho de Jesus Cristo, mas que também a comunidade soube responder em zelo e dedicação, ainda que no meio de muitas tribulações.
O mesmo desejamos para nós e para as nossas comunidades cristãs. No meio das tribulações do tempo presente não deixemos de procurar realizar a vontade de Deus na caridade sem limites, ao jeito de Jesus Cristo.
Textos para a Eucaristia (ano A): Ex 22,20-26; 1 Tes 1,5c-10; Mt 22,34-40.
Reflexão Dominical na página da Paróquia de Tabuaço
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