Gianfranco RAVASI. O que é o Homem? Sentimentos e laços humanos na Bíblia. Paulinas Editora, Prior Velho 2012, 144 páginas.
O Cardeal Gianfranco Ravasi, que se encontra em Conclave para a eleição de um novo Papa, sendo um dos papáveis segundo a comunicação social, e que pregou o Retiro Quaresmal à Cúria Romana, na qual se incluía o então Papa Bento XVI, que tinha anunciado a renúncia ao Pontificado no dia 11 de fevereiro, com efeitos a partir do passado dia 28 de fevereiro, o último do mês, ajuda-nos a uma caminhada pela Bíblia, procurando o essencial do ser humana, em linha com a história da aliança de Deus com o povo, com a reflexão crente sobre a vida, o ser humano, imagem e semelhança de Deus, as formas de viver o amor, e o sofrimento.
Este livro faz parte de uma coleção "Poéticas do viver crente. Linhas de Rumo", coordenada pelo Pe. Tolentino de Mendonça, com textos muito acessíveis, de fácil leitura, positivos, envolventes, alimentados na Palavra de Deus, para iluminar as horas que passam.
O autor parte do sentir humano, com raízes na Bíblia, lançando pontes para outras religiões, para outras culturas, para tempos de antigamente e para os nossos dias. E nesse sentir, a evolução das emoções/sentimentos, na busca da mansidão que aproxima, constrói, fazendo-nos apostar nos outros, no perdão, na partilha, numa justiça que vai muito além da medida retribuitiva.
Do sentimento do medo, que nos dobra e escraviza, ao temor que nos abre o coração a Deus, como preparação para a festa do encontro com Deus, para saborear o amor, a alegria, a festa.
O ser humano descobre-se na festa, na alegria, no amor, mas também no sofrimento. Também aqui, o autor não deixa de nos fazer viajar pela história do povo de Deus, descrita na Bíblia, mas também por outros mundos culturais e religiosos. O sofrimento diz-nos da nossa fragilidade e falibilidade. Mas poderá também fazer-nos encontrar connosco e com Deus. Há muitas reflexões teológicas sobre o sofrimento, nem sempre uma teologia do sofrimento. Job lança muitas luzes sobre o sofrimento, explorando a constatação que o sofrimento não é consequência do pecado. Jesus vai ainda mais longe. Vive. Não anula e não esconde o sofrimento. Há de entregar-Se. O Seu sofrimento é vicário, sofre por nós, em nossa vez, para nos libertar, para nos colocar na comunhão com Deus, em absoluto. A fraqueza e a debilidade poderão ser oportunidade para se manifestar a grandeza de Deus e o seu amor..
O ser humano pode desenhar-se numa linha contínua, segundo o autor, na qual há lugar para o sentir, para o medo, para o sofrimento, para a festa, para o amor. Segundo ele, são vários (7) os rostos do amor: eclesial, social, nupcial, paterno e materno, familiar, de amigos (amical), e o amor pátrio. A este propósito alguns dos títulos dos capítulos finais: Amigos do peito, amigos na vida e na morte; Casal humano: à imagem do amor de Deus; A família; Cabelos brancos, «Coroa de Glória», sobre a velhice, com as virtudes que poderá trazer, ainda que não seja sinónimo de sabedoria ou de santidade...
Mais uma leitura interessante para a Quaresma, ou para qualquer grande, sobre o ser humano, com as suas fraquezas, com a grandeza que lhe vem de Deus.
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