O elogio da igualdade acontece pela valorização do que é distinto. Apresentando o tema que preside às actividades do Secretariado da Pastoral da Cultura durante o ano 2010, D. Manuel Clemente sublinhou a necessidade de, nas sociedades actuais, salvaguardar o que é diferente para que seja possível construir a igualdade entre as pessoas.
“O género ou a raça não são necessariamente limites à igualdade a realizar, mas a possibilidade de se ser com os outros, dando e recebendo”. Para D. Manuel Clemente, “a igualdade só pode acontecer entre seres distintos”. “Entre seres absolutamente idênticos, não haveria campo para a igualdade” porque, referiu o Presidente da Comissão Episcopal da Cultural, Bens Culturais e Comunicações Sociais, a igualdade “pressupõe relação”.
Masculino e feminino:
Para D. Manuel Clemente, hoje “temos de considerar um certo tropeço da ‘indistinção’ a surgir no caminho da igualdade. O que se deve à aceleração que a Europa conheceu no domínio da ciência e da técnica, com a “mentalidade conexa”.
“Trazidas do campo da natureza para a pessoa humana, começou esta a ser encarada mais como algo a produzir do que simplesmente a reproduzir”, referiu D. Manuel Clemente.
Mais do que como produto da natureza, o ser homem ou ser mulher começou a ser encarado com escolha livre. Para o Bispo do Porto, escolhe-se “o que se queira ou o que se sinta ser, alterando a fisiologia pela tecnologia”.
Para D. Manuel Clemente, a igualdade garante especificidades: geográficas e de género. Ideias que desafiam a acção dos referentes da pastoral da cultura porque a norma dos tempos actuais sugere “vontade de ser tudo, sem limites naturais ou institucionais de qualquer espécie”.
Culturalmente, andará por perto o tempo da “deriva libertária do liberalismo”. Ou seja, “a liberdade sem referência”, como um sentimento individual “sem relação”.
Desafios aos Referentes da Pastoral da Cultura:
Aos participantes no VI Encontro de Referentes da Pastoral da Cultura, D. Manuel Clemente desafiou a “ligar propostas evangelizadoras e realidades locais valorizando, ou seja distinguindo positivamente, lugares, tradições e modos e potenciando-os para o futuro como identidades intercambiadas”.
Por outro lado, o Bispo do Porto alertou para a oportunidade de aprofundar os “modos feminino e masculino”, dos autóctones e dos imigrados que vêm de outras culturas. Para D. Manuel Clemente, esse aprofundamento deverá ser feito nas dimensões bíblica, antropológica e cultural.
Elogio da igualdade:
No VI Encontro, os Referentes da Pastoral da Cultura apresentaram as iniciativas a decorrer ou programadas nas instituições que representam. Foi também uma oportunidade para lançar as actividades para 2010, que este ano, quer propor “um novo elogio da igualdade”.
O Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura assinala assim o Centenário da República, “não como acontecimento do passado mas como realidade presente”. O Pe. José Tolentino Mendonça, Director deste Secretariado, referiu que esta é uma forma de “revisitar, em chave cristã, a herança tricolor de liberdade, igualdade e fraternidade”.
Notícia desenvolvida pela Agência Ecclesia.
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