"A amizade é a aceitação positiva do limite. Chega um momento em que vais para tua casa e eu para a minha e isso não representa nenhum drama. Pelo contrário, sabemos que nos havemos de reencontrar; não nos vendo, não nos perdemos de vista; que o essencial permanece intacto na distância. Pensar assim a nossa relação com Deus enche-nos de serenidade e de alegria; há um sopro interior que nos assiste; a nossa oração ganha uma respiração que parte realmente de nós em vez de desenvolver-se num plano de pura abstração. Pois infelizmente grande parte da nossa oração não tem alma nem corpo, não tem sangue e verdade, não tem barro e espírito. No fundo, persistimos numa imagem de Deus que exige de nós sacrifícios, quando o Deus de Jesus Cristo quer a vida justa, plena, levada à sua alegria...
"Na amizade, aceitamos do outro o que ele nos dá ou pode dar, e fazemos disso um ponto de partida alegre. A ansiedade de querer saber tudo, de esventrar, de escrutinar é projeção de uma vontade de domínio, desejo de poder. A amizade é um passar. Deus passa a sua beleza diante de Moisés e Moisés vê uma parte, que é aquilo que pode ver. Se vivêssemos assim a nossa experiência espiritual, ela seria mais pacificada, mais adulta e certamente mais fecunda. temos de abrir as mãos, deixar que Deus passe..."
in TOLENTINO MENDONÇA. Nenhum Caminho será Longo.
Sem comentários:
Enviar um comentário