Para os cristãos, o Natal é – ou deveria ser – o encontro
solene e festivo com Jesus, Deus que Se faz próximo da humanidade e da
história, encarnando, fazendo-Se um de nós e um connosco, o Emanuel.
Na Sua benevolência, Deus dignou-Se procurar-nos, não do
exterior ou do alto, mas a partir de dentro, do interior, enxertando-Se na
nossa humana fragilidade e finitude. Veio e vem para iluminar as nossas
escolhas, para que estas reflitam a verdade, o bem e o amor, e nos conduzam a
um felicidade duradoura, aberta à eternidade de Deus. Assume-nos na inteireza
de seres humanos, de filhos Seus, de irmãos em Jesus.
A celebração do Natal enche-nos da Luz de Cristo. Na
dinâmica pastoral da nossa Diocese, o desafio a sermos, na expressão consagrada
em Aparecida (Brasil), discípulos
missionários, saindo do nosso conforto para anunciarmos o Evangelho,
construindo, afetiva e efetivamente, a família de Deus, o que só se fará concretizando
o amor de Deus que nos habita. “Os
discípulos missionários sabem que a luz de Cristo garante a esperança, o amor e
o futuro” (Gutiérrez).
Advento ainda, João Batista ilustra a missão. “Ele
não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz” (Jo 1, 7-8). Faz eco de Isaías que nos apresenta o Natal como a Luz: “O
povo que andava nas trevas viu uma grande luz” (Is 9, 1; cf. Mt 4, 16). João
aponta para o Messias: eis o Cordeio de
Deus que tira o pecado do mundo.
Expressão muito querida ao Papa Francisco: Igreja em saída,
uma Igreja lunar, que transpareça a Luz de Cristo, recusando a autorreferência,
para que Jesus seja a único centro, e o CENTRO ilumine as periferias
geográficas e existenciais.
Do mesmo jeito, a Senhora do Advento, Maria, que gera Jesus
e logo no-l'O dá. Faça-se em mim segundo
a Sua palavra... Fazei o que Ele vos
disser. Os pastores e os magos têm acesso imediato a Jesus, sem interferências
de Maria ou de José. Tudo n’Ela aponta para Jesus.
O tempo que decorre evidencia um Natal comercial e
consumista. Em todo o caso, a celebração do Natal continua a ser ocasião,
motivação e oportunidade para anunciar Deus que nos visita em Jesus Cristo e
nos irmãos. O brilho das montras e as campanhas solidárias visualizam carências
e fragilidades que – desligadas as luzes do Natal – comprometem os cristãos e
as comunidades.
Santo e Feliz Natal e que a Luz de Cristo nos reenvie a
construir com Amor a família de Deus.
Reflexão proposta e publicada na Voz de Lamego, 16 de dezembro de 2014
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