D. ANTÓNIO COUTO (2014). Quando Ele nos abre as Escrituras. Domingo após Domingo. Uma leitura bíblica do Lecionário. Ano B. Lisboa: Paulus Editora. 400 páginas.
Um ano antes, D. António Couto, Bispo da Diocese de Lamego, ofereceu-nos, em livro a leitura bíblica do lecionário referente ao ano A, juntando-lhe um estudo sobre São Mateus, então o evangelista daquele ano. No novo ano litúrgico, seguindo a mesma lógica e preocupação, a leitura bíblica do Lecionário do Ano B, a ser acompanhada de um estudo sobre São Marcos, evangelista principal deste ano.
O livro é um excelente hino à Palavra de Deus proclamada neste ano litúrgico que se iniciou com o primeiro domingo do Advento e leva já alguns domingos subsequentes. Reconhecido como "especialista" em Sagrada Escritura, D. António faz jus a esse reconhecimento. As reflexões publicadas no seu blogue oficial, na página da Diocese de Lamego no Facebook, e com outras partilhas em outras tantos lugares da Rede digital, mostram como "um especialista" é capaz de chegar a ser simples e acessível, ainda que em algumas situações se socorra do hebraico, do grego, ou de outras linguagens.
Semana após semana é possível seguir as sugestões que veicula disponibilizando o comentário às leituras de domingos e dos dias santos, ou dias especiais, seja para os que preparam Homilias, seja para quem deseja preparar bem o Domingo, Dia do Senhor. O blogue (MESA DE PALAVRAS) facilita atualizar, ratificar, limar arestas, para que o comentário seja intenso e nos comprometa mais com a palavra. O livro... é sempre um livro, fácil de manusear, criando mais atenção, criando uma disponibilidade maior para ler, reler, sublinhar.
Só depois de lido é que poderá sugerir-se o que se leu, ainda que no caso presente o autor seja garantia da qualidade dos comentários, pistas de reflexão, indicações de leitura. Debruçando-se sobre a liturgia de cada Domingo, solenidade ou festa litúrgica, será bom ler o respetivo comentário na semana ou dias precedentes a que se refere. Lê-lo de fio a pavio permite ter uma visão ampla do ano litúrgico. E, por outro lado, começando a ler parece quase um romance que se desenrola, queremos saber mais, descobrir mais coisas, ter uma visão aprofundada, onde transparece o estudo, dedicação, a oração, a fé, o compromisso com a Igreja, com sua a missão evangelizadora.
Logo na apresentação, D. António dá pistas sobre o que se pretende com esta obra: "oferece uma viagem e uma visita guiada pelos textos bíblicos dos domingos, solenidades e festas ao longo do ano B... É a estrada bela, e é andando nela que se encontra repouso para a vida (Jr 6, 16). Encontramos lume e sentido, para voltar à estrada de Emaús, a quem já ardia o coração (Lc 24, 32). É a estrada que desce de Jerusalém para Gaza. A estrada é no deserto (Atos 8, 26), como a de Isaías 35, 8; 43, 19, mas pode sempre encontrar-se nela o sentido e a água (Atos 8, 35-36). É a estrada de Damasco, em que podemos sempre cair de nós abaixo e ouvir chamar o nosso nome de uma forma nova e diferente (Atos 9, 4; 22, 7; 26, 14). É a estrada que se abre à nossa frente, sempre que ouvimos Jesus dizer: «Segue-me!» ou «vai»! A viagem é longa e sentida".
Logo de seguida D. António Couto fala no estilo que poderá ser verificado ao longo das páginas seguintes: "O estilo é o de sempre. A substância é bíblica e litúrgica, com tempero teológico, literário, simbólico, cultural, histórico, arqueológico. Fui-o escrevendo com gosto, pensando em todos aqueles que gostam de saborear os textos bíblicos que a Liturgia nos oferece. Pensei sobretudo naqueles que domingo após domingo, têm a responsabilidade de abrir as Escrituras à compreensão dos homens e das mulheres, jovens e crianças, que domingo após domingo, entram nas nossas igrejas".
Uma das palavras que D. António utiliza amiúde para nos apresentar a beleza e a riqueza de alguns textos é FILIGRANA. Diríamos o mesmo deste livro que nos oferece: são páginas de pura filigrana, fios de ouro que nos entrelaçam na vida, na missão de Jesus, na Sua oração, nos Seus gestos, nos Seus encontros, desafios, na Sua vida por inteiro, com fios entrelaçados a toda a Sagrada Escritura, a civilizações diferentes, de diferentes épocas, socorrendo-se de um manancial imenso de recursos.. A linguagem de D. António é poética, faz-nos rimar a vida com a Escritura. É mais um livro extraordinário.
Sem comentários:
Enviar um comentário