"Uma ausência de poder económico significa irrelevância a nível político, social e até humano. Quem não possui dinheiro é apenas considerado na medida em que pode servir para outros objetivos. Há muitas pobrezas, mas a pobreza económica é a que é vista com mais horror.
O dinheiro é um instrumento que de algum modo - como a propriedade - prolonga e acresce as capacidades da liberdade humana, consentindo-lhes atuar no mundo, agir e dar fruto. Em si próprio, é um instrumento bom, como quase todas as coisas de que o homem dispõe: é um meio que alarga as nossas possibilidades. Contudo, este meio pode virar-se contra o homem.
"Na origem, o homem é pobre, é necessitado e indigente. Quando nascemos, para viver precisamos do cuidado dos nossos pais, e assim também em cada uma das épocas e etapas da vida nunca nenhum de nós se conseguirá libertar totalmente da necessidade e ajuda dos outros, nunca será capaz de erradicar de si próprio o lunute da impotência perante alguém ou alguma coisa. Também esta é uma condição que caracteriza o nosso ser 'criaturas': não nos fizemos a nós próprios e sozinhos, não podemos dar-nos tudo o que precisamos. O reconhecimento desta verdade convida-nos a permanecer humildes e a praticar com coragem a solidariedade, como uma virtude indispensável ao próprio viver.
Em qualquer caso, dependemos de alguém ou de alguma coisa. Podemos viver isto como uma debilidade ou como uma possibilidade, como um recurso para ajustar contas com um mundo onde ninguém pode prescindir do outro, onde todos somos úteis e preciosos para todos, cada um a seu modo...
Só quando o homem se concebe não como um mundo isolado, mas como alguém que, pela sua natureza, está ligado a todos os outros, originalmente tidos como 'irmãos', é possível uma práxis social onde o bem comum não seja uma palavra vazia e abstrata!
Prefácio do livro: GERARD-LUDWIG MÜLLER (2014).
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