Jesus ensinava a multidão, dizendo: «Acautelai-vos dos escribas, que gostam de exibir longas vestes, de receber cumprimentos nas praças, de ocupar os primeiros assentos nas sinagogas e os primeiros lugares nos banquetes. Devoram as casas das viúvas com pretexto de fazerem longas rezas. Estes receberão uma sentença mais severa». Jesus sentou-Se em frente da arca do tesouro a observar como a multidão deitava o dinheiro na caixa. Muitos ricos deitavam quantias avultadas. Veio uma pobre viúva e deitou duas pequenas moedas, isto é, um quadrante. Jesus chamou os discípulos e disse-lhes: «Em verdade vos digo: Esta pobre viúva deitou na caixa mais do que todos os outros. Eles deitaram do que lhes sobrava, mas ela, na sua pobreza, ofereceu tudo o que tinha, tudo o que possuía para viver» (Mc 12, 38-44).
Conhecemos bem este episódio em que Jesus dá prioridade e relevância à qualidade em detrimento da quantidade. Antes de ensinar a oração do Pai-nosso aos seus apóstolos, Jesus recomenda-lhes algo de semelhante: "Nas vossas orações não sejais como os gentios, que usam de vãs repetições, porque pensam que, por falarem muito, serão atendidos. Não façais como eles, porque o vosso Pai celeste sabe do que necessitais antes de vós lho pedirdes" (Mt 6, 7-8). Assim como assim, as aparências nem sempre mostram o que é a pessoa, os seus sentimentos, o seu carácter, as suas qualidades humanas.
Para algumas pessoas o que conta é o que se vê, o que se tem. A pessoa vale pelas coisas que possui, pela capacidade de mostrar que tem o que os outros podem ter. Para Jesus conta o coração. O homem vê as aparências, Deus olha o interior. Nesta passagem fica clara a delicadeza, atenção e observação de Jesus. Há muitos que deitam quantidades avultadas no tesouro do tempo. Aliás, aproveitam quando há mais pessoas para que mais possam testemunhar a sua religiosidade e a sua prática de esmoleres.
Vem uma pobre viúva, deita duas moedas. Jesus alerta os seus discípulos: Ela deitou mais que todos os outros, eles deitaram do que lhes sobra em abundância, ela ofereceu tudo o que tinha. Para Deus não podemos reservar pequenas fortunas, mas dar tudo. Não nos cabe dar sobras, mas dar a vida, colocar a vida toda diante de Deus, sem reservas. Esta mulher sente que a sua vida depende muito mais da misericórdia de Deus de quantas riquezas possa ter.
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