CARLOS ROS (2015). Teresa de Jesus. Atualidade da santa de Ávila. Lisboa: Paulus Editora. 192 páginas.
Completaram-se 500 anos do nascimento de Santa Teresa de Ávila e o autor achou por bem concentrar-se em escrever uma biografia da Santa carmelita, recuperando datas e dados, reabilitando algumas das personagens que a acompanharam na fundação dos carmelitas descalços, ramo feminino e ramo masculino.
Depois de ter escrito livros sobre companheiros de Santa Teresa que foram relegados para segundo plano, ignorados nas biografias oficiais, Carlos Ros presta agora o reconhecido mérito à Santa de Ávila, também ela muitas vezes injuriada, perseguida, enclausurada, afastada de madre. Contudo, os seus escritos, a fama de santidade, e a reforma que iniciou, ultrapassou fronteiras que os seus delatores não conseguiram apagar, ainda que tivessem atribuído, por exemplo a fundação dos carmelitas descalços (ramo masculino) a um dos seus amigos frades.
Nasceu dentro da cidadela de Ávila, a 28 de março de 1515, sendo baptizada como Teresa de Ahumada... Lê a vida dos santos, depois livros de cavalaria, torna-se centro de atenções. Aos 17 anos entra nas Agostinhas de Grácia, como interna, onde brotará a vocação, entrando, alguns meses depois na Encarnação de Ávila. A 3 de novembro de 1536, faz a sua profissão religiosa.
Será atacada de doenças várias: desequilíbrio nervoso, dores atrozes, doença do coração. Nessa altura terá os primeiros momentos de oração e de recolhimento.
No convento da Encarnação leva uma vida folgada e tranquila, com pouca oração e se exercícios em comum com as outras irmãs. O seu lucatório é espaço onde se encontrava a alta sociedade de Ávila. Vive assim durante 20 anos.
Um dia fixou-se, no seu lucatório, onde recebia as pessoas, numa imagem de Cristo atado à coluna. Caiu em si, vendo o que Jesus tinha feito pela humanidade e por ela também. Aos 40 anos faz a entrega definitiva a Deus. Aos 45 anos teve as primeiras visões e, um ano depois, funda o primeiro convento reformado, São José de Ávila. A ânsia de reforma espiritual, leva-a a percorrer a Espanha, fundando diversos conventos.
Dá-se o encontro com o grande místico São João da Cruz e inicia, em novembro de 1568, a reforma entre os homens, com o convento de Duruelo.
Faleceu no dia 4 de outubro de 1582 e enterrada ao outro dia.
É considerada um dos maiores génios que a humanidade já produziu, possuía uma viva e arguta inteligência, num estilo vivo e atraente e com um profundo bom senso.
Foi canonizada em 1622, com o Papa Gregório XV e em 1970, foi proclamada pelo Papa Paulo VI, com Santa Catarina de Sena, Doutora da Igreja, pelo Papa Paulo VI. As duas primeiras mulheres a receberem este título.
O livro acompanha a santa nas diversas peripécias da vida infantil, juvenil, adulta, na vida familiar e na vida religiosa, e como enveredou por um caminho de reforma do Carmelo. O autor revisita as fundações dos conventos, as dificuldades encontradas, os obstáculos a enfrentar, a fé e confiança em Deus e a alegria com que procurava em tudo viver a vontade de Deus.
"Foi uma mulher apaixonante, que redefiniu os padrões da sua época para se converter no arquétipo de mulher, de mística, de escritora, de tudo. Subiu à sétima morada enquanto se distraía na cozinha, porque também «entre os tachos anda o Senhor". Mulher alegre, que pedia que o Senhor a livrasse de santos encapotados, cheia de ternura, discrição, mãe e santa num corpo enfermiço de vida, exclamou antes de morrer: «Enfim,Senhor, sou filha da Igreja»".
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