LUIGI MARIA EPICOCO (2019). O que és para mim. Palavras sobre a intimidade. Lisboa: Paulus Editora. 104 páginas.
Este pequeno livro foi recomendado pelo Papa Francisco a sacerdotes e bispos.
Italiano, o padre Luigi Epicoco escreveu alguns apontamentos para os exercícios espirituais de alguns sacerdotes americanos, já que não lhe era possível naquele momento deslocar-se à América. O livro resulta destas meditações, tendo em cada uma delas um texto bíblico e algumas questões/desafios para a reflexão e vida de cada um. Embora os destinatários sejam antes de mais os consagrados, é um belíssimo texto de reflexão para todos, para crentes cristãos, podendo ser um bom texto para aqueles que andam em busca de Algo ou de Alguém.
As reflexões deram origem a dois outros livros: "Somente os doentes que curam" (já o sugerimos como leitura aqui na Voz de Lamego) e "A Estrela no caminho, o Menino", para leitura futuro quando estiver disponível.
Cinco meditações: primeira pausa ou realismo de misericórdia; segunda pausa ou do pão e do silêncio: terceira pausa ou do tesouro escondido; quarta pausa ou do êxodo da competência ao abandono confiante; quinta pausa ou da parábola do Pai reencontrado.
- Na primeira pausa somos desafiados a colocar Deus em primeiro lugar, amor único e exclusivo, que não faz concorrência, antes alimenta o amor aos outros. "Um cristão é aquele que faz a sua vida em intimidade com Deus e vive tudo e só por Deus, com Deus e em Deus, o que quer que faça e em qualquer circunstância em que se encontre". Reconhecer que só Deus é Deus, para não converter ninguém em ídolo, numa perfeição que não existe.
- Na segunda etapa da viagem, a certeza de que Deus caminha connosco em todos os momentos, também quando as trevas nos assolam. Como acontece com os discípulos de Emaús, Cristo faz-Se ver especialmente na Eucaristia. "O nosso Amado faz-Se, de novo, pão e vinho, corpo e sangue. E, de novo, estamos ali, naquele cenário, sob a cruz, diante do sepulcro vazio... comemos aquela bússola e tornamo-nos direção. O caminho está em nós, em nós a verdade, em nós a vida. Já não são só os nossos olhos a ver, mas é todo o nosso ser a viver daquilo que apenas tínhamos visto". Por outro lado, "desde que Cristo encarnou, cada fragmento da realidade é, potencialmente, um lugar de encontro com o Senhor".
- A viagem continua.O reino de Deus que Jesus nos traz não é apenas para o além."Esta existência não pode ser apenas um vazio à espera de ser preenchido, porque esta vida não pode conter toda a plenitude da vida eterna, uma vez que é, ela própria, um tempo limitado, um recipiente demasiado pequeno para conter o céu... O cristianismo não é uma dieta que possamos começar na segunda-feira da próxima semana. O cristianismo ou é verdadeiro agora ou nunca será verdadeiro".
- A pausa leva-nos a colocar-nos diante de Deus com a nossa vulnerabilidade. "Amamos verdadeiramente quando nos entregamos com a nossa fragilidade à pessoa que amamos. Uma pessoa que se defende é uma pessoa que estudo de tal modo o seu inimigo que imagina o movimento seguinte... Aquele a quem nos deveríamos entregar na nossa vulnerabilidade torna-se naquele de quem nos defendemos. Procuramos, deste modo, conhecer o outro não para amar mas para dele nos defendermos... É a confiança em nós próprios e no próximo aquilo que nos falta... um inseguro é alguém que não tem disponibilidade para se ocupar do outro, porque passa a maior parte do tempo a tentar permanecer à tona".
- A última incursão leva-nos a refletir sobre o Pai que vai ao encontro de Jesus para que liberte o seu filho (cf. Mt 17, 14-21). Os discípulos não conseguem libertar aquela crianças do demónio que a atormenta. O pai vai até Jesus. Ser pai é ter a noção dos seus limites. Faz tudo o que pode, quando não pode pede ajuda. Um pai não vive em lugar do filho e nem é a única resposta credível para o filho. "Às vezes falta-nos a inteligência, porque nos falta a humildade. Às vezes falta-nos, mesmo, esta simplicidade: o pedir".
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