"Partir o pão para todos é, em primeiro lugar, a função do pai da família, que nisto representa de algum modo Deus-Pai, o qual, através da fertilidade da terra, distribui por todos nós o necessário para a vida. Depois, é também o gesto da hospitalidade, pelo qual se faz participar o estrangeiro em coisas próprias, acolhendo-os na comunhão da refeição. Partir e partilhar - é precisamente a partilha que cria comunhão. Este gesto humano primordial do dar, de partilhar e unir, adquire, na Última Ceia de Jesus, uma profundidade inteiramente nova: Ele dá-Se a Si mesmo. A bondade de Deus, que se manifesta na distribuição, torna-se totalmente radical no momento em que o Filho, no pão, Se comunica e distribui a Si mesmo.
O gesto de Jesus tornou-se assim o símbolo de todo o mistério da Eucaristia... Nela beneficiamos da hospitalidade de Deus, que, em Jesus Cristo crucificado e ressuscitado, Se nos entrega. Por isso, o partir e o distribuir do pão - o acto de amorosa atenção àquele que precisa de mim - é uma dimensão intrínseca da própria Eucaristia.
A caritas, a solicitude pelo outro, não é um segundo sector do cristianismo a par do culto, mas está radicada precisamente nele e faz parte dele. Na Eucaristia, no 'partir o pão', estão indivisivelmente ligadas as dimensões horizontal e vertical"
Joseph Ratzinger/Bento XVI, Jesus de Nazaré, pp. 111.
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