Deus é a fonte da alegria verdadeira
Na realidade as alegrias autênticas, as que são pequenas do dia a dia
ou as grandes da vida, todas têm origem em Deus, mesmo se à primeira
vista não vem ao de cima, porque Deus é comunhão de amor eterno, é
alegria infinita que não permanece fechada em si mesma, mas que se
expande naqueles que Ele ama e que o amam. Deus criou-nos à sua imagem
por amor e para derramar sobre nós este seu amor, para nos colmar com a
sua presença e com a sua graça. Deus quer que participemos da sua
alegria, divina e eterna, fazendo-nos descobrir que o valor e o sentido
profundo da nossa vida consiste em ser aceite, ouvido e amado por Ele, e
não com um acolhimento frágil como pode ser o humano, mas com um
acolhimento incondicional, como é o divino: eu sou querido, tenho um
lugar no mundo e na história, sou amado pessoalmente por Deus. E se Deus
me aceita, ama-me e disto tenho a certeza, sei de maneira clara e certa
que é bom que eu esteja no mundo, que exista.
Este amor infinito de Deus por todos nós manifesta-se de modo pleno em
Jesus Cristo. Nele encontra-se a alegria que procuramos. No Evangelho
vemos como os acontecimentos que marcam o início da vida de Jesus se
caracterizam pela alegria. Quando o arcanjo Gabriel anuncia à Virgem
Maria que será mãe do Salvador, começa com esta palavra: «Alegra-te!»
(Lc 1, 28). Quando Jesus nasce, o Anjo do Senhor diz aos pastores: «Eis
que vos anuncio uma grande alegria, que será de todo o povo: hoje, na
cidade de David, nasceu para vós um Salvador, que é Cristo Senhor» (Lc
2, 11). E os Magos que procuravam o menino, «ao ver a estrela, sentiram
uma grande alegria» (Mt 2, 10). Por conseguinte, o motivo desta alegria é
a proximidade de Deus, que se fez um de nós. E é isto que são Paulo
queria significar quando escreveu aos cristãos de Filipos: «Alegrai-vos
sempre no Senhor, repito, alegrai-vos. Que a vossa mansidão seja notória
a todos os homens. O Senhor está perto» (Fl 4, 4-5). A primeira causa
da nossa alegria é a proximidade do Senhor, que me acolhe e me ama.
De facto, do encontro com Jesus nasce sempre uma grande alegria
interior. Podemos ver isto nos Evangelhos em muitos episódios.
Recordemos a visita de Jesus a Zaqueu, um cobrador de impostos
desonesto, um pecador público, ao qual Jesus diz: «Hoje tenho que ficar
em tua casa». E Zaqueu, refere são Lucas, «recebeu-o cheio de alegria»
(Lc 19, 5-6). É a alegria do encontro com o Senhor; é o sentir o amor de
Deus que pode transformar toda a existência e trazer salvação. E Zaqueu
decidiu mudar de vida e dar metade dos seus bens aos pobres.
Na hora da paixão de Jesus, este amor manifesta-se em toda a sua força.
Nos últimos momentos da sua vida terrena, na ceia com os seus amigos,
Ele diz: «Como o Pai Me amou, também Eu vos amei. Permanecei no meu
amor... Digo-vos isto para que a Minha alegria esteja em vós e o vosso
gozo seja completo» (Jo 15, 9.11). Jesus quer introduzir os seus
discípulos e cada um de nós na alegria plena, a mesma que Ele partilha
com o Pai, para que o amor com que o Pai o ama esteja em nós (cf. Jo 17,
26). A alegria cristã é abrir-se a este amor de Deus e pertencer-Lhe.
Narram os Evangelhos que Maria de Magdala e outras mulheres foram
visitar o túmulo onde Jesus tinha sido colocado depois da sua morte e
receberam de um Anjo um anúncio perturbador, o da sua ressurreição.
Então abandonaram à pressa o sepulcro, anota o Evangelista, «com receio e
grande alegria» e apressaram-se a levar a notícia aos discípulos. E
Jesus veio ao encontro deles e disse: «Deus vos salve» (Mt 28, 8-9). É a
alegria da salvação que lhes é oferecida: Cristo é o vivo, é Aquele que
venceu o mal, o pecado e a morte. Ele está presente no meio de nós como
o Ressuscitado, até ao fim do mundo (cf. Mt 28, 20). O mal não tem a
última palavra sobre a nossa vida, mas a fé em Cristo Salvador diz-nos
que o amor de Deus vence.
Esta alegria profunda é fruto do Espírito Santo que nos torna filhos de
Deus, capazes de viver e de apreciar a sua bondade, de nos dirigirmos a
Ele com a palavra «Abbà», Pai (cf. Rm 8, 15). A alegria é sinal da sua
presença e da sua acção em nós.
Para ler a mensagem completa »» MENSAGEM DE BENTO XVI para a JMJ 2012
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