Eis a misericórdia por excelência: quando uma mãe recebe em si um filho. Todos nós vivemos porque, um dia, uma mulher nos deu o seu sim, nos recebeu e acolheu. Todos nós vivemos, graças à misericórdia de uma mulher. Maria é mãe de misericórdia para com Deus, recebe-o no seu seio. Diante dela, Deus inclina-se e espera misericórdia primordial que só ela pode conceder-lhe, o seio onde poderá fazer-se carne. Maria é misericordiosa com Deus. E o mesmo acontece connosco; sermos misericordiosos com Deus. Depois, talvez sejamos misericordiosos uns para com os outros.
Acolher, um verbo que gera vida; acolher, a nossa tarefa, a nossa missão humaníssima, porque o homem torna-se aquilo que acolhe. Se acolheres vaidades tornar-te-ás vazio, oco; se acolheres paz, darás paz. O homem torna-se aquilo que habita. Verdadeira vida é ser e estar habitado por Deus.
A casa não é apenas o lugar onde habitamos, não é somente morada que nos restaura: é a porta aberta para o infinito, porque Deus fala-nos primeiro que tudo onde somos nós mesmos, em silêncio e à escuta, com atenção livre.
Casa, o primeiro lugar da proximidade de Deus. Lugar da boa batalha da fé.
ERMES RONCHI, As casas de Maria
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