Eu era como manso cordeiro levado ao matadouro e ignorava a conjura que tramavam contra mim, dizendo: «Destruamos a árvore no seu vigor, arranquemo-la da terra dos vivos, para não mais se falar no seu nome». Senhor do Universo, que julgais com justiça e sondais os sentimentos e o coração, seja eu testemunha do castigo que haveis de aplicar- lhes, pois a Vós confio a minha causa (Jer 11, 18-20)
Disse-lhes Nicodemos, aquele que anteriormente tinha ido ter com Jesus e era um deles: «Acaso a nossa Lei julga um homem sem antes o ter ouvido e saber o que ele faz?» Responderam-lhe: «Também tu és galileu? Investiga e verás que da Galileia nunca saiu nenhum profeta». E cada um voltou para sua casa (Jo 7, 40-53).
As palavras do profeta Jeremias assentam bem em Jesus.
Jeremias é denunciado, exposto, perseguido, vítima de maledicência, por praticar o bem, defender a justiça dos pobres, anunciar a palavra de Deus e os Seus mandamentos, por querer que Israel volte o olhar para o Seu Deus. Os fraudulentos apontam para ele o dedo da acusação, desviando assim a atenção do seu mau proceder. Jeremias, mesmo ameaçado de morte, confia em Deus, Seu Salvador.
Jesus Cristo vê apertar-se o círculo à Sua volta. Cresce o número daqueles que O seguem para toda a parte, mas também os ódios das classes dirigentes, vendo ameaçado o seu domínio sobre a população. Nestas duas frases que escolhemos do Evangelho, vemos como Nicodemos põe a descoberta a injustiça com que Jesus está a ser acusado, sem ser sequer ouvido.
Por outro lado, denota-se aqui uma perspectiva aprofundada por Joseph Ratzinger/Bento XVI, no segundo volume de "Jesus de Nazaré", não é o povo que condena Jesus, mas a classe dirigente e mesmo entre esta há pessoas que procuram ser justas e não se deixam levar pelo julgamento geral. Ainda nesta perspectiva, Bento XVI refere que não é a mesma população que aclama Jesus no domingo de Ramos e a que pede a Sua condenação diante de Pilatos. Na entrada triunfal em Jerusalém, acompanham Jesus os Seus discípulos e muitas pessoas vindas da Galileia para a festa da Páscoa. Diante de Pilatos, estão os sacerdotes, levitas, doutores da Lei, alguns fariseus, e os seguidores de Barrabás, para fazerem lóbi na hora de Pilatos anunciar o indulto a um preso...
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