Casa de Nazaré, casa bendita, casa onde se fala ao coração: o amor sob cada silêncio, a esperança sob cada medo, a poesia dos gestos quotidianos, os olhos simples sobre as coisas, o instante que empalidece no eterno e o eterno que germina em cada instante. Casa: onde é possível encontrar Deus nos gestos.
Casa de trabalho e de repouso: «Em paz me deito e adormeço tranquilo nos braços de Deus» (cf. Sl 3,6; 4,9). Quase um terço da vida nos braços de Deus.
Casa onde se fala ao coração. Jesus é o mais forte (Mc 1,7), diz João Batista: porque é o único que fala ao coração do homem, que toca o centro do humano. O profeta antigo invocava: «Falai ao coração de Jerusalém» (Is 40,2). Quantas vozes falam à nossa volta: muitos falam aos instintos do homem e fazem ressoar somente as suas cordas mais graves; poucos falam à sua inteligência e ajudam-no a compreender. A voz de Deus é a única que fala ao coração e atinge o centro do homem. Esta é a sua força...
Naquela casa aprendeu a palavra. Cada menino que nasce, ainda antes de começar a compreender, é alimentado com palavras, cumulado de palavras. De repente, os seus pais falam-lhe e não para lhe fornecer noções. Introduzem-no na vida, levam-no com braços de palavras, introduzem-no no seu amor à força de palavras. Torna-se humano este mar de palavras.
Isto fará a Palavra de Deus connosco: faz-nos humanos, conduz-nos à vida, introduz-nos naquele amor que é a vida de Deus.
ERMES RONCHI, As casas de Maria
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