Vale a pena ler todo o texto da primeira leitura, proposta para esta Quinta-feira da 3.º Semana da Páscoa, dos Atos dos Apóstolos. A perseguição à Igreja leva à deslocalização da missão da primeira comunidade cristã, a de Jerusalém. Na mesma perspetiva, havendo uma clara oposição e perseguição aos cristãos, só por si é já divulgação, chega facilmente aos ouvidos de mais pessoas. Uma "notícia" ruim corre veloz. Neste texto, porém, a evangelização de Filipe é suscitada pelo Espírito Santo.
O Anjo do Senhor disse a Filipe: «Levanta-te e dirige-te para o sul, pelo caminho deserto que vai de Jerusalém para Gaza». Filipe partiu e dirigiu-se para lá. Quando ia a caminho, encontrou-se com um eunuco etíope, que era alto funcionário de Candace, rainha da Etiópia, e administrador geral do seu tesouro. Tinha ido a Jerusalém para adorar a Deus e regressava ao seu país, sentado no seu carro, a ler o livro do profeta Isaías. O Espírito de Deus disse a Filipe: «Aproxima-te e acompanha esse carro». Filipe aproximou-se do carro e, ouvindo o etíope a ler o profeta Isaías, perguntou-lhe: «Entendes, porventura, o que estás a ler?». Ele respondeu: «Como é que eu posso entender sem ninguém me explicar?» Convidou então Filipe a subir para o carro e a sentar-se junto dele. A passagem da Escritura que ele ia a ler era a seguinte: «Como cordeiro levado ao matadouro, como ovelha muda ante aqueles que a tosquiam, ele não abriu a boca. Foi humilhado e não se lhe fez justiça. Quem poderá falar da sua descendência? Porque a sua vida desapareceu da terra». O eunuco perguntou a Filipe: «Diz-me, por favor: de quem é que o profeta está a falar? De si próprio ou de outro?». Então Filipe tomou a palavra e, a partir daquela passagem da Escritura, anunciou-lhe Jesus. Ao passar por um lugar onde havia água, o eunuco exclamou: «Ali está água. Que me impede de ser baptizado?». Mandou parar o carro, desceram ambos à água e Filipe baptizou-o. Quando saíram da água, o Espírito do Senhor arrebatou Filipe e o eunuco deixou de o ver. Mas continuou o seu caminho cheio de alegria. Filipe encontrou-se em Azoto e foi anunciando a boa nova a todas as cidades por onde passava, até que chegou a Cesareia (Atos 8, 26-40)
O processo de evangelização: a pessoa sente-se "tocada" pelo Espírito Santo (como os discípulos de Emaús - "não ardia cá dentro..."); a leitura da Sagrada Escritura, e a explicação da mesma (aqui por Filipe, e com os discípulos de Emaús, Jesus explica...); conversão a Jesus Cristo (batismo; nos discípulos de Emaús, o reconhecimento de Jesus ao partir do pão); a alegria e o anúncio (também em Emaús, os discípulos correm a anunciar, com grande alegria, o que lhes sucedeu no encontro com Jesus...).
O Evangelho que nos é proposto nestes dias torna claro o mistério da redenção: Jesus é o Pão que desce do Céu como alimento para vida dos homens. A Sua morte e ressurreição não é um acontecimento ocasional nem um acontecimento passado. É vontade de Deus, assumida por Jesus, e que nos mostra que o Seu amor vai até ao fim. Ele entrega a Sua vida para nossa salvação, que acontece também HOJE. Estamos em dinâmica de ressuscitados em Cristo.
Disse Jesus à multidão: «Ninguém pode vir a Mim, se o Pai, que Me enviou, não o trouxer; e Eu ressuscitá-lo-ei no último dia. Está escrito no livro dos Profetas: ‘Serão todos instruídos por Deus’. Todo aquele que ouve o Pai e recebe o seu ensino vem a Mim. Não porque alguém tenha visto o Pai; só Aquele que vem de junto de Deus viu o Pai. Em verdade, em verdade vos digo: Quem acredita tem a vida eterna. Eu sou o pão da vida. No deserto, os vossos pais comeram o maná e morreram. Mas este pão é o que desce do Céu, para que não morra quem dele comer. Eu sou o pão vivo que desceu do Céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que Eu hei-de dar é a minha carne que Eu darei pela vida do mundo» (Jo 6, 44-51).
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