A liturgia da Palavra, proposta para esta segunda-feira da 5.º Semana da Páscoa, mostra-nos, como temos vindo a acompanhar, a evolução das primeiras comunidades cristãs. Jerusalém, como ponto de irradiação e logo as comunidades que vão nascendo na Diáspora dos judeus. Por um lado, os judeus que se deslocam a Jerusalém, nas festividades, e que quando regressam a suas casas e às terras onde vivem, levam as novidades, entre as quais a dinâmica do cristianismo. Por outro lado, a perseguição à Igreja que obriga os crentes cristãos a fugir, a refugiar-se, a deslocar-se para outras terras, levando consigo a fé em Jesus Cristo e dando testemunho, as razões porque foram expulsos e porque aderiram à mensagem de Cristo.
Na segunda parte dos Atos dos Apóstolos acompanhamos sobretudo São Paulo. A sua conversão a Jesus começa a dar bom fruto na pregação, mas também a perseguição:
Surgiu em Icónio um movimento, da parte dos pagãos e dos judeus, com os seus chefes, para maltratar e apedrejar Barnabé e Paulo. Conscientes da situação, estes refugiaram-se nas cidades da Licaónia, Listra, Derbe e seus arredores, onde começaram a anunciar a boa nova. Havia em Listra um homem inválido dos pés, coxo de nascença, que nunca tinha podido andar. Um dia em que escutava as palavras de Paulo, este fixou nele os olhos e, vendo que tinha fé para ser curado, disse-lhe com voz forte: «Levanta-te e põe-te direito sobre os pés». Ele levantou-se e começou a andar. Ao ver o que Paulo tinha feito, a multidão exclamou em licaónico: «Os deuses tomaram forma humana e desceram até nós». A Barnabé chamavam Zeus e a Paulo Hermes, porque era este que falava. Então o sacerdote do templo de Zeus, que estava à entrada da cidade, trouxe touros e grinaldas para as portas do templo e, juntamente com a multidão, pretendia oferecer-lhes um sacrifício. Quando souberam isto, os apóstolos Barnabé e Paulo rasgaram as túnicas e precipitaram-se para a multidão, clamando: «Amigos, que fazeis? Nós somos homens como vós e vimos anunciar-vos que deveis abandonar estes ídolos e voltar-vos para o Deus vivo, que fez o céu, a terra e o mar e tudo o que neles existe. Nas gerações passadas, permitiu que todas as nações seguissem os seus caminhos. Mas nem por isso deixou de dar testemunho da sua generosidade, concedendo-vos do céu as chuvas e estações férteis, para saciar de alimento e felicidade os vossos corações». Com estas palavras, a custo impediram a multidão de lhes oferecer um sacrifício (Atos 14, 5-18).
Neste relato vemos como a fé precisa de amadurecer: Paulo e Barnabé são instrumentos ao serviço do Evangelho. Não são deuses. Permanecem firmes a Jesus Cristo.
No Evangelho, Jesus desafia a permanecermos fiéis ao Seu mandato de amor. Amar Jesus Cristo equivale a guardar os Seus mandamentos. Guardar os Seus mandamentos, conduz-nos aos outros e ao compromisso com o mundo que é o nosso.
Disse Jesus aos seus discípulos: «Se alguém aceita os meus mandamentos e os cumpre, esse realmente Me ama. E quem Me ama será amado por meu Pai e Eu amá-lo-ei e manifestar-Me-ei a ele». Disse-Lhe Judas, não o Iscariotes: «Senhor, como é que Te vais manifestar a nós e não ao mundo?» Jesus respondeu-lhe: «Quem Me ama guardará a minha palavra e meu Pai o amará; Nós viremos a ele e faremos nele a nossa morada. Quem Me não ama não guarda a minha palavra. Ora a palavra que ouvis não é minha, mas do Pai que Me enviou. Disse- vos estas coisas, enquanto estava convosco. Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos recordará tudo o que Eu vos disse» (Jo 14, 21-26).
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