O sentido do jejum, para os cristãos, não resulta da necessidade de cumprir um rito ou uma tradição, ou de fazer um sacrifício para aplacar a ira de Deus, mas há de ser expressão da conversão a Jesus Cristo, dispondo-se a acolher a graça de Deus e a mudar na sua vida pessoal, familiar e comunitária, o que for necessário para se tornarem transparência do amor de Deus.
Não se trata de fazer jejum pelo facto dos outros também fazeram, ou por ser uma tradição antiquíssima, mas de sublinhar a pertença a Deus, na abertura para os outros. Vale a pena ler com atenção os textos da liturgia proposta para hoje, e reler:
Jejuais, sim, mas no meio de contendas e discussões e dando punhadas sem
piedade. Não são jejuns como os que fazeis agora que farão ouvir no
alto a vossa voz. Será este o jejum que Me agrada no dia em que o homem
se mortifica? Curvar a cabeça como um junco, deitar-se sobre saco e
cinza: é a isto que chamais jejum e dia agradável ao Senhor? O jejum que
Me agrada não será antes este: quebrar as cadeias injustas, desatar os
laços da servidão, pôr em liberdade os oprimidos, destruir todos os
jugos? Não será repartir o teu pão com o faminto, dar pousada aos pobres
sem abrigo, levar roupa aos que não têm que vestir e não voltar as
costas ao teu semelhante? Então a tua luz despontará como a aurora e as
tuas feridas não tardarão a sarar. Preceder-te-á a tua justiça e
seguir-te-á a glória do Senhor. Então, se chamares, o Senhor responderá;
se O invocares, dir-te-á: ‘Estou aqui’» (Is 58, 1-9a)
Os discípulos de João Baptista foram ter com Jesus e perguntaram-Lhe:
«Por que motivo nós e os fariseus jejuamos e os teus discípulos não
jejuam?» Jesus respondeu-lhes: «Podem os companheiros do esposo ficar de
luto, enquanto o esposo estiver com eles? Dias virão em que o esposo
lhes será tirado e nessa altura hão-de jejuar» (Mt 9, 14-15)
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