A conversão é a atitude permanente do cristão, é um modo de ser e de viver em Cristo. Não é conversão a uma ideologia, a um sistema de imposições, mas a Jesus, vida nova, vida de graça e de fé. Converter-se implica deixar-se transformar pelo Espírito de Deus, tornando-se, com os seus gestos e com as suas palavras, nova criatura, num processo sempre inacabado.
A palavra que dá origem à nossa conversão é metanoia, e tem a ver com o ultrapassar-se a si mesmo, superar os seus limites, ir mais além.
É a lógica da perfeição/santidade como caminho. A pessoa está chamada, desde logo pela sua humanidade, a aperfeiçoar-se cada vez mais. E até mesmo aqueles que reconhecemos como prepotentes têm necessidade dos outros e de aperfeiçoar alguns aspetos da sua vida, nem que seja para serem mais ardilosos no que fazem.
Tem também a ver com a adaptabilidade.
Hoje, mais do que ontem, mais do que nunca, temos que nos adaptar e rapidamente a situações e desafios novos. As transformações que se operavam há 50/100 anos eram muito lentas, o que permitia que as pessoas se adaptassem à evolução socioeconómica, social e religiosa. Mudar mentalidades leva muito tempo e precisa de muita paciência. Hoje falta-nos tempo! E talvez sabedoria!
As mudanças efetuam-se à velocidade da luz. O nosso organismo – corpo e mente – tem muita dificuldade em se adaptar, em se converter a novas situações, tão velozmente.
A pessoa acomoda-se: tem necessidade de casa, de descanso, de repouso, de pisar terra firme. Ao mesmo tempo, a adaptabilidade é uma das suas ferramentas essenciais de sobrevivência. Tantas foram as alterações ao longo dos séculos que o ser humano assimilou, adaptando-se e evoluindo.
Destarte, falar de conversão não é assim tão estranho. Ao longo da nossa existência terrena podemos necessitar de nos convertermos várias vezes, mudar de profissão, mudar de local de emprego, mudar de habitação, deslocar-nos para outra terra, aprender outra língua, aprender outra técnica para sermos competitivos no trabalho...
Falar de conversão, no contexto da fé cristã, significa estar disponível para acolher a graça de Deus e para mudar sempre que necessário o nosso coração e nossa mente para podermos aproximar-nos de Deus e ser fiéis, nas situações reais do nosso tempo e no lugar onde habitamos, ao Evangelho da verdade e da caridade, traduzindo em palavras e obras a fé que professamos e estar disponíveis para confrontar a nossa vida com a de Jesus Cristo.
A nossa fragilidade muitas vezes trai-nos, na busca da verdade, na vivência da caridade, mas devemos prosseguir, na certeza que só tentando cumprimos a nossa missão como pessoas e como cristãos. A conversão é contínua, é um caminho que se constrói em movimento.
Um belíssimo testemunho é a conversão do Apóstolo São Paulo. Mostra como há alturas da vida em que podemos "cair do cavalo", cair em nós, tomar consciência do caminho a percorrer e do que ainda nos distancia da vontade de Deus.
De repente deixou de ver…
No contacto com a intensidade de LUZ que vem de Jesus também nós podemos ficar cegos, e sobretudo se forçarmos os nossos olhos contra a luz de Cristo. É necessário que nos caiam as escamas, que os nossos olhos possam deixar passar a LUZ de Deus, possam ver com o olhar de Deus.
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