A porta fechada da minha casa, que é o lugar da minha intimidade, dos meus sonhos, das minhas esperanças e dos meus sofrimentos, tal como das minhas alegrias, está fechada para os outros. E não se trata apenas da minha casa material, mas também do recinto da minha vida, do meu coração. São cada vez menos aqueles que podem atravessar esse umbral. A segurança de umas portas blindadas guarda a insegurança de uma vida que se torna mais frágil e menos permeável às riquezas da vida e ao amor dos outros.
A imagem de um aporta aberta foi sempre o símbolo da luz, amizade, alegria, liberdade e confiança... A porta fechada faz-nos mal, anquilosa-nos, separa-nos.
Começamos o Ano da Fé e, paradoxalmente, a imagem que o Papa (Bento XVI) propõe é a da porta, uma porta que se tem de transpor para se poder encontrar o que tanto nos falta...
Transpor essa porta pressupõe empreender uma caminhada que dura toda a vida, enquanto passamos avançando diante de tantas portas que hoje se nos vão abrindo, muitas delas portas falsas, portas que nos convidam de forma atraente, que prometem uma felicidade vazia, portas autorreferenciadas que se esgotam em si mesma e sem garantida de futuro. Enquanto as portas das casas estão fechadas, as portas dos shoppings estão sempre abertas.
Atravessamos a porta da fé, cruzamos esse umbral, quando a Palavra de Deus é anunciada e o coração se deixa plasmar pela graça que transforma. Uma graça que tem um nome concreto: Jesus! Jesus é a Porta (cf. Jo 10, 9)... Como porta Ele abre-nos o caminho para Deus e, como Bom Pastor, é o Único que cuida de nós à custa da sua própria vida.
Jorge Maria Bergoglio/Papa FRANCISCO, Só o amor nos salvará.
Sem comentários:
Enviar um comentário