«Rasgai os vossos corações e não as vossas vestes, convertei-vos ao Senhor, vosso Deus, porque Ele é clemente e compassivo, paciente e rico em misericórdia» (Joel 2, 13)
Pouco a pouco acostumámo-nos a ouvir e ver, através dos meios de
comunicação, a crónica negra da sociedade contemporânea, apresentada
quase com perverso regozijo, e também nos acostumámos a tocá-la e a senti-la em torno de nós e na nossa própria carne. O drama está na rua, no bairro, na nossa casa e, por que não, no nosso
coração. Convivemos com a violência que mata, que destrói famílias,
aviva guerras e conflitos em muitos países do mundo. Convivemos com a
inveja, o ódio, a calúnia, o mundanismo no nosso coração. O
sofrimento de inocentes e pacíficos não deixa de nos esbofetear; o
desprezo pelos direitos das pessoas e dos povos frágeis não nos são tão
distantes; o império do dinheiro com os seus efeitos demoníacos como a
droga, a corrupção, o tráfico humano – incluindo crianças – a par da
miséria material e moral são moeda corrente. A destruição do
trabalho digno, a emigrações dolorosas e a falta de futuro unem-se
também a esta sinfonia. Os nossos erros e pecados como Igreja também não
ficam fora deste panorama. Os egoísmos mais pessoais justificados, e
não por causa disso menores, a falta de valores éticos dentro de uma
sociedade que faz metástases nas famílias, na convivência dos bairros,
vilas e cidades, falam-nos da nossa limitação, da nossa debilidade, e da
nossa incapacidade de transformar esta lista inumerável de realidades
destrutivas.
in Jorge Maria Bergoglio/Papa FRANCISCO, Só o amor nos salvará.
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