Porque Deus tinha uma carência para poder penetrar humanamente na nossa história: precisava de uma mãe, e a pediu a nós. Esta é a Mãe a quem olhamos hoje, a filha do nosso povo, a servidora, a pura, a só de Deus; a discreta que dá espaço para que o filho realize sua missão, a que sempre está possibilitando esta realidade, mas não como dona nem inclusive como protagonista, e sim como servidora; a estrela que sabe apagar para que o Sol se manifeste. Assim é a mediação de Maria à qual nos referimos hoje. Mediação de mulher que não nega sua maternidade, mas a assume desde o começo; maternidade com parto duplo, um em Belém e outro no Calvário; maternidade que contém e acompanha os amigos do seu Filho, que é a única referência até o final dos dias. E assim Maria continua entre nós, "situada no próprio centro dessa 'inimizade' do protoevangelho, daquela luta que acompanha a história da humanidade" (cf. Redemptoris Mater, 11). Mãe que possibilita espaços para que a Graça chegue. Essa Graça que revoluciona e transforma nossa existência e nossa identidade: o Espírito Santo que nos torna filhos adotivos, nos liberta de toda escravidão e, em uma possessão real e mística, nos entrega o dom da liberdade e clama, de dentro de nós, a invocação do nosso pertencimento: Pai!
em 7 de novembro de 2011.
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