Permito-me uma proposta: precisamos de gerar uma cultura de encontro. Perante a cultura do fragmento, como alguns quiseram chamar-lhe, ou da não-integração, nestes tempos difíceis ainda se nos exige mais: não favorecer quem pretende capitalizar o ressentimento, o esquecimento da nossa história partilhada, ou se regozija em debilitar vínculos...
O homem de carne e osso, com uma pertença cultural e história concreta... é ele que deve estar no centro dos nossos desvelos e reflexões...
Não se pode educar se estivermos desencaixados da memória. A memória é potência unificadora e integradora. Assim como o entendimento entregue às suas próprias forças desobstrui, a memória vem a ser o núcleo vital da uma família ou de um povo. Uma família sem memória não merece tal nome. Uma família que não respeita e não cuida dos seus avós, que são a sua memória viva, é uma família desintegradora; mas uma família e um povo que se recordam são uma família e um povo com futuro...
Para quem não tem passado, não há nada realizado. Tudo é futuro, há que fazer tudo a partir do zero...
E isto não pode fazer-se por via do consenso, que nivela por baixo, mas sim pelo caminho do diálogo, da confrontação de ideias e do exercício da autoridade.
... o diálogo requer paciência, clareza, boa vontade para com o outro. Não exclui a confrontação, de diversos pontos de vistas, sem no entanto usar as ideias como armas mas como luz. Não abdiquemos das nossas ideias, utopias, propriedades ou direitos, renunciemos apenas à pretensão de que sejam únicos e absolutos...
in Jorge Bergoglio/Papa Francisco, O Verdadeiro poder é servir.
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