“É necessário realçar também, justamente ao lado da
obscuridade, a claridade de Deus. A partir do prólogo de João, está no centro
da nossa fé cristã em Deus o conceito do Logos, que significa «razão»,
«sentido», mas também «palavra» – um sentido, portanto, que é palavra, que é
relação, que é criador. O Deus que é Logos afiança-nos a racionalidade do
mundo, a racionalidade do nosso ser, a adequação da razão a Deus e a adequação
e Deus à razão, mesmo que a sua razão ultrapasse infinitamente a nossa e nos
apreça tantas vezes escuridão. O mundo vem da razão, e essa razão é pessoa, é
amor – é isso o que a fé bíblica nos diz a respeito de Deus. A razão pode e
deve falar de Deus; caso contrário, mutila-se a si própria. O que inclui o
conceito de criação. O mundo não é apenas maia, ou seja, aparência que, em
última análise devemos deixar para trás. Ele não é apenas roda infinita dos
sofrimentos, da qual devemos tentar escapar. O mundo é positivo. Ele é bom,
apesar de todo o mal e de todo o sofrimento que contém, e é bom viver nele. O
Deus que é criador e que Se manifesta na sua criação dá direção e medida à ação
do homem”.
in Introdução ao Cristianismo, p 17.
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