“Escândalo propriamente dito da fé cristã: a profissão de fé no facto de que o homem Jesus, um indivíduo que foi executado por volta do ano 30 na Palestina, é o «Cristo» (o ungido, o escolhido) de Deus, e, mais do que isso, é o próprio Filho de Deus, o centro e o momento decisivo de toda a história humana. Parece simultaneamente pretensioso e insensato declarar que uma figura isolada, que com o distanciamento crescente deve desaparecer cada vez mais nas névoas do passado, é o centro decisivo de toda a história. Se a fé é logos, na razoabilidade do ser, corresponde perfeitamente a uma tendência da razão humana, vemo-nos confrontados agora, no segundo artigo do «Credo», com uma associação verdadeiramente exorbitante entre logos e sarx, ou seja, entre a razão e uma figura isolada da história. A razão que sustenta todo o ser fez-Se carne, isto é, entrou na história e individualizou-Se nela; Aquele que cinge a história e carrega nas suas mãos passou a ser um ponto dentro dela. A razão suprema de todo o ser já se encontrará, a partir desse momento, na visão do espírito que se eleva sobre o individual e o limitado para alcançar o geral…
… ligação entre logos e sarx, entre palavra e carne, entre fé e história. O ser humano histórico Jesus é o Filho de Deus, e o Filho de Deus é o ser humano Jesus. Deus acontece para o ser humano por meio do ser humano ou, falando de uma forma ainda mais concreta, por meio desse ser humano em que se manifesta o elemento definitivo do ser humano e que é, precisamente nessa condição, e ao mesmo tempo, o próprio Deus”.
in Introdução ao Cristianismo, pp 142-143.
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