"A Igreja, como comunhão dos fiéis, serve a humanidade
com a Palavra de Deus, com a realização sacramental da sua salvação
vivificante e a prova do ser-para-o-outro de Cristo, no serviço aos pobres, aos desamparados e à generalidade dos que foram defraudados na sua dignidade e justiça...
A
Igreja e, portanto, toda a comunidade cristã e cada cristão
individualmente, a partir da fé, deve assumir responsabilidade pela
sociedade humana como um todo, nos campos do mundo do trabalho, da
economia internacional, da justiça social e individual, da paz no mundo"
(p. 47).
O Teólogo profissional, como perito em
religião, não se contrapõe aos fiéis ou não especialistas. Ele
entende-se, tal como todos os discípulos, como ouvinte e aprendiz diante
do único Mestre e Palavra de Deus, isto é, Cristo. Desse modo, ele
penetra no contexto da experiência da fé e da religiosidade da vida do
povo, ou seja, da comunidade daqueles que professam a fé em Jesus Cristo
e ousam percorrer o caminho do seu seguimento na existência - para os
outros. Participa dos seus sofrimentos e das suas esperanças. Desse
modo, Teologia da Libertação, no melhor sentido da palavra, é teologia
contextual, amadurecida a partir da comunidade (p. 51)
"A
opção pelos pobres não exclui os ricos. De facto, também eles são meta
do agir libertador de Deus, dado que são libertados da ansiedade ma qual
julgam dever aproveitar a vida somente à custa dos outros. O agir
libertador de Deus em relação a pobres e ricos visa a subjetivação do
ser humano e, portanto, a sua liberdade perante toda a forma de opressão
e de dependência" (p 56).
"Como se
pode falar de Deus, de Cristo, do Espírito Santo, da Igreja, dos
sacramentos, da graça e da vida eterna perante a miséria, a exploração e
a opressão do sr humano, no terceiro mundo, quando compreendemos o ser
humano como uma criatura que é feita à imagem e semelhança de Deus, pela
qual Cristo morreu, a fim de que ela, em todos os âmbitos da vida,
experimentasse Deus como salvação e vida?... Deus é o Deus da vida e da
salvação, na medida em que oferece e realiza a salvação e a vida no
interior do único mundo criatural, social e histórico do ser humano, na
unidade espiritual-corporal do ser humano" (p 105).
"A
experiência da exploração e a análise das suas circunstâncias
históricas e sociais devem ser agora interpretadas à luz da revelação.
Os testemunhos bíblicos mostram-nos Deus como o criador que escolhe a
história enquanto lugar do seu agir libertador. A sua ação redentora
liberta o ser humano não da história, mas para a história, como campo da
efetivação das condições materiais adequadas ao ser humano para a sua
realização como pessoa espiritual...
A salvação não jaz
simplesmente na interioridade da alma, que não seria atingida pelos
chicotes egípcios. Aos israelitas oprimidos, também nãos e promete
simplesmente um além-túmulo melhor, pensado objetivamente. Pelo
contrário, a salvação acontece no agir libertador real de Deus, na
retirada da escravidão... (p. 120).
"A prática da verdade leva-nos para o lado dos pobres" p 204.
João Paulo II:
"A fome de pão deve desaparecer, mas a fome de Deus permanecerá" p 53)
"Que a fome de Deus permaneça e a fome de pão desapareça" p 154
in GUSTAVO GUTIÉRREZ e GERHARD LUDWIG MÜLLER. Ao lado dos Pobres.
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