Os governantes autárquicos são os primeiros a responder às necessidades e carências das pessoas, num envolvimento não apenas burocrático mas humano, afetivo, sentimental. Uns e outros conhecem-se, interagem, são amigos, encontram-se para tomar café, para jogar às cartas, eventualmente frequentam a mesma Igreja.
A proximidade tem vantagens: é possível responder rapidamente sem estar à espera de estudos e conhecer atempadamente as dificuldades. Alguns riscos: o conhecimento e a convivência facilitam o desrespeito, o abuso e exigências absurdas. Na hora das eleições tudo conta. Com efeito, o voto tem variadas motivações, muitas vezes pouco racionais: um pedido atendido ou a demora em atendê-lo, uma discussão por causa de uma partilha, um emprego que se conseguiu para um familiar ou uma promessa (pessoal) adiada.
Também as cores partidárias têm o seu peso e ajudam alguns a vencer e/ou a perder, mas têm-se visto enormes surpresas, pois em muitas freguesias e concelhos as pessoas contam mais que o partido, ou potenciam-no.
No dia de avaliar os ganhos e as perdas, um líder partidário foi lapidar: quem perdeu não fomos nós, as populações é que perderam ao não votar em nós. É de todos conhecido o provérbio: presunção e água benta cada um toma a que quer.
Em todos os partidos há pessoas honestas, competentes, preocupadas, com ideias e projetos saudáveis e benevolentes. A democracia, diria Winston Churchill, é o pior regime à exceção de todos os outros, o que permite substituir, dentro de prazos razoáveis, quem não é competente ou quem não agrada, ainda que, em sentido inverso, o horizonte eleitoral possa levar os autarcas a decidir não em conformidade com o bem de todos ou o bem maior, mas perspetivando os ganhos eleitorais, evitando decisões que possam custar nova eleição.
Nas campanhas eleitorais sobrevaloriza-se a própria competência, as ideias e os projetos que se apresentam para votos: sou o melhor para governar, o meu programa é o mais amigo das populações, venho para servir, para ajudar as pessoas, não estou cá por nenhum interesse pessoal ou partidário, a minha lista tem as pessoas mais capazes! Quanto aos outros? Eles não percebem nada, estão apenas a defender os seus interesses pessoais, os seus familiares e amigos, em nada vão melhorar a vida das pessoas!
Passadas as eleições, o expectável é agradecer a quem votou em nós, mesmo que tenhamos perdido, e seguir em frente, procurando contribuir, nos órgãos próprios, para o bem de todos. Ficar refém de possíveis ingratidões ou da ingenuidade de quem votou, não leva a nada!
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