A normalidade vale pela segurança que dá, como chão que nos impulsiona e nos faz caminhar. Quanto maior a raiz da árvore mais ela cresce para as alturas. As crianças e sobretudo os adolescentes e os jovens passam a vida a correr atrás das novidades. Os adultos seguem pelo mesmo caminho! Sempre insatisfeitos com o que têm, sempre a reclamar contra rotinas e normalidades, mas rapidamente se desencantam com as novidades que logo deixam de o ser!
É compreensível e melhor se for sinal da ambição do ser humano em desejar ser mais, não cabendo em si mesmo. Neste sentido, a abertura para o futuro e para a eternidade. Na verdade o homem ultrapassa infinitamente o homem (Blaise Pascal). Não cabemos no tempo. Somos mais que a história que nos baliza entre o nascimento e a morte! Porém, os ramos que lançamos para o Céu, não nos dispensa de cuidar das raízes, para que nasçam e cresçam as flores e daí os frutos! A viagem não vale pela chegada mas sobretudo pelo percurso realizado!
Se entrarmos na vida de Jesus, vamos ver como Ele Se entranha na vida quotidiana das pessoas e na normalidade da vida comunitária. Nasce e cresce numa família que passa despercebida, cumprindo com os deveres sociais e com as leis religiosas. Nalguns pedaços do Evangelho vem ao de cima a vida tranquila de Nazaré, tranquila mas não fácil. Jesus faz-Se compreender com facilidade, pois fala a mesma linguagem que nós, do campo e do trabalho, do suor e das lágrimas, da solidariedade e entreajuda, das dificuldades em pagar os impostos e sobreviver, e de não desistir perante as adversidades do tempo, da natureza ou dos preconceitos sociais!
Os evangelistas referem que Jesus chega a determinada povoação e logo avança para o sábado seguinte. A semana não traz nada de extraordinário, percebendo-se que Jesus vive inserido nas famílias e nas comunidades! É um judeu integrado! É na normalidade que Jesus continua a entrar na nossa vida, na minha e na tua vida! É na normalidade do tempo e da história que Jesus nos salva, nos interpela, nos desafia e nos envia. Por vezes quase não se dá pela Sua presença. Mas, pouco a pouco, percebe-se a Sua delicadeza, a Sua bondade. N'Ele vê-se o poder e sobretudo o amor de Deus.
Na normalidade da vida, a extraordinária entrega a favor da humanidade! Assim Cristo! Assim os seus seguidores! E da normalidade do tempo litúrgico, entramos no tempo especial que nos conduz ao mistério que ultrapassa todas as normalidades, a Páscoa de Jesus!
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