Jesus chama-nos mas não nos quer de qualquer maneira, quer-nos de corpo e alma. Aceita o nosso pecado e as nossas limitações, aceita-nos como somos, com as nossas dúvidas e hesitações, com os nossos falhanços e com os nossos esforços, compreende os nossos avanços e recuos, o nosso entusiasmo e o nosso medo, as nossas certezas e o nosso peregrinar por vezes titubeante, mas não nos quer pela rama, quer-nos envolvidos, mergulhados na Sua palavra, procurando, apesar de tudo, fazer o bem. Por conseguinte diz-nos ao que vem. Não faz campanha (eleitoral), não usa muito palavreado nem argumentos para nos levar a aderir à Sua mensagem e a sincronizar com a Sua postura de vida.
É conhecido o episódio em que João Batista coloca os seus discípulos no encalço de Jesus, apontando para Ele: Eis o Cordeiro de Deus (Jo 1, 35-42). A sequência levará ao seguimento. Estes primeiros discípulos são interpelados por Jesus: que buscais? É uma questão que devemos ter sempre presente: quê, ou melhor, Quem buscamos?
Vinde ver! É a Sua resposta! Podia passar umas horas a explicar aos seus futuros discípulos a razão e a importância de O seguirem. Como somos seres miméticos, mais facilmente imitamos comportamentos do que seguimos conselhos, então nada melhor do que ver como Ele vive, como gasta o Seu tempo, como reage às diferentes situações da vida. Daqui pode concluir-se que o apóstolo só o é verdadeiramente se for discípulo, se se mantiver perto do Mestre, pela oração, pela escuta da Palavra, pela imitação da Sua postura, para irmos e fazermos nós também do mesmo modo.
Para seguir Jesus não bastam algumas informações sobre Ele, mas mergulhar a nossa vida na Sua vida. Não podemos ficar apenas pela rama, pela maquilhagem, pelo exterior, é incontornável que nos entranhemos na Sua vida, nos identifiquemos com o Seu amor, nos sintonizemos com a Sua misericórdia. Alma, corpo e espírito. Seja Ele a viver em nós, a amar através de nós, a servir com as nossas mãos, a cuidar dos outros com o nosso corpo por inteiro.
Aqueles primeiros discípulos compreenderam o desafio de Jesus e ficaram com Ele nesse dia e noutros dias que se seguiram e foram chamar outros, os irmãos, os amigos, os vizinhos. Conhecer Jesus implica habitar com Ele e deixar-se habitar por Ele, deixar que os Seus pensamentos, as Suas palavras e os Seus gestos se agarrem aos seus corpos, às suas mentes, aos seus corações, à sua vida. Caminhar com Jesus, viver com Jesus, permanecer junto d'Ele. Discípulos e simultaneamente missionários!
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