Jesus pede-nos exclusividade. Como a própria palavra sugere, exclusividade exige exclusão. «Quem ama o pai ou a mãe mais do que a Mim, não é digno de Mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a Mim, não é digno de Mim. Quem não toma a sua cruz para Me seguir, não é digno de Mim».
Rapidamente percebemos que a exclusividade de Jesus é inclusiva, ainda que inclua a renúncia. Fazer uma opção é renunciar a outras. Sempre que escolhemos um caminho recusamos todos os outros possíveis. Quando escolhemos alguma pessoa abdicamos das outras. É assim no matrimónio e nos grandes amores: ama-se alguém com um amor maior, acima e além de todos os outros amores que façam parte da nossa vida. Amor maior que se torna único. O célebre Principezinho demorou a perceber que a sua rosa era única no mundo, apesar de ter encontrado um jardim repleto de muitas rosas parecidas com a sua mas que lhe diziam pouco!
É fácil amar muita gente sem amar ninguém em concreto. Mais difícil é amar uma pessoa como única, como amor único, de tal que se está disposto a tudo, disposto até a dar a própria vida. Foi assim que Jesus procedeu connosco. Amou o Pai mais do que a própria vida e amando o Pai, voltado para o Pai, voltou-se com o Seu amor para onde estava orientado o amor do Pai: nós. O Pai entrega-nos o Filho. O Filho entrega-nos ao Pai e entrega-Se por nós ao Pai, por ação do Espírito Santo, amor que nos une. No casal, ama-se com tanto amor que a abertura a uma nova vida se torna (quase) uma exigência, uma consequência natural. O amor é tão vivo que gera vida! Amor que não gera vida tenderá a eclipsar-se, a voltar-se sobre si mesmo. Se não explode multiplicando-se, implode destruindo-se.
É assim no sacerdócio ordenado, um único amor, a Cristo, para entregar a vida a favor de todos, com-fraternizando.
Ao escutarmos Jesus ficamos arrepiados. Quem amar mais a mãe e o pai, o filho ou a filha, ou a própria vida não pode segui-l'O! Como? Deixar para trás a família, os amigos, renunciar à própria vida?
O único AMOR de Jesus é o Pai. O nosso único amor há de ser Jesus, o Deus que Se revela em Jesus, como Pai e Filho e Espírito Santo. Fácil este silogismo: se Deus é Pai e todos O reconhecemos como tal, então, em consequência, reconheçamo-nos e tornemo-nos irmãos uns dos outros.
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