"Se o amor vos fizer sinal, segui-o; ainda que os seus caminhos sejam duros e escarpados… e quando vos falar, acreditai nele; apesar da sua voz poder quebrar os vossos sonhos como o vento norte ao sacudir os jardins. Porque assim como o vosso amor vos coroa também deve crucificar-vos…. Como braçadas de trigo vos leva. Malhava-vos até ficardes nus. Passa-vos pelo crivo para vos livrar do palhiço. Mói-vos até à brancura… Amassa-vos até ficardes maleáveis. Então entrega-vos ao seu fogo, para poderdes ser o pão sagrado no festim de Deus… O amor basta ao amor. Quando amardes não digais: – Deus está no meu coração, mas antes: – eu estou no coração de Deus… O amor não tem outro desejo senão consumar-se” (Khalil Gibran, o Profeta).
O amor gera a vida. O amor que não se multiplica é como a palha a arder, queima-se a ele próprio e desaparece. O primeiro amor é o de Deus. É um amor original e originante. É amor primeiro que cria e recria o Universo. No amor (de Deus) nada há de excessivo, pois o excesso de amor (em Deus) gera vida, e em nós provoca a vontade de eternizarmos as pessoas, os momentos, gera a criatividade, a música, a arte, o cinema, a pintura. O amor comanda a vida. Talvez também o sonho, mas também este se alimenta do amor! Se o amor faltar, o nosso egoísmo passa a comandar-nos e gerir-nos por caminhos de indiferença e de prepotência, de sobranceria e exclusão, pois ninguém se nos poderá comparar. Afastar-nos-íamos por não sentirmos ninguém capaz para caminhar lado a lado connosco. Ou então os outros seriam colocados num estrado inferior propício à instrumentalização dos nossos caprichos.
O contrário do amor é o egoísmo (e não o ódio. Este é uma forma errada ou magoada de amar). O amor enlaça-nos nos outros. A falta de amor (verdadeiro) afasta-nos dos outros.
Bento XVI di-lo de uma forma luminosa: "O fundamento da nossa tristeza é a caducidade do nosso amor, a supremacia da finitude, da morte, do sofrimento, da maldade, da mentira; é a nossa solidão no mundo contraditório, no qual os misteriosos e luminosos sinais da bondade de Deus irrompendo pelas frinchas do mundo, são postos em causa pelo poder das trevas, o qual ou faz com que se atribua o mal a Deus ou faz com que Deus pareça ausente".
O amor leva-nos a sair de nós, faz-nos a ir ao encontro dos outros, dá-nos asas para sonhar, para criar, para partilhar… a vida!
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