O ano litúrgico é coroado pela solenidade de Jesus Cristo como Rei do Universo, cuja realeza tem um toque muito peculiar. Jesus é, claramente, um Rei que vem para servir, que Se assume como Pastor, Irmão, como Filho. Um reino cuja marca registada é o amor, o serviço, a caridade, a atenção e o cuidado aos mais frágeis, aos mais pequeninos. É um Reino frágil pois assenta os seus pilares na bondade, na misericórdia e na ternura. Não tem armas nem exércitos treinados. Não tem mestres nem comandantes. Mas é simultaneamente um reino forte porque não está dependente das circunstâncias sociais, políticas e económicas ou de equilíbrios de poder, vive a constância do serviço. Nada tem a perder, só tem a ganhar e ganha ao gastar-se a favor dos mais pequeninos.
A coroa deste Rei é tecida de espinhos. Melhor, a Sua coroa é tecida de amor, de compaixão, de delicadeza. O Seu trono é uma "abençoada" Cruz. Melhor, a Seu trono é a vontade do Pai. É o Seu alimento, a Sua ligação mais profunda. Por nada Se afasta dos desígnios paternos. É um Rei obediente, até à morte e morte de Cruz. Governa transparecendo as palavras do Pai, as obras do Pai. Nada faz por Si mesmo, diz o que ouviu dizer ao Pai, realiza as obras que o Pai Lhe mandou fazer.
A fragilidade do Rei é o Seu amor sem limites. É também a Sua grandeza: amor que ama e se consome a favor de todos a começar pelos últimos, pelos mais pequeninos.
O nosso Rei é Jesus, Filho Bem-amado do Pai que nos resgata do egoísmo, das trevas e da morte e nos assume como irmãos. Agora temos Pai, não somos órfãos. Nunca mais seremos órfãos. Temos Pai, sabendo que no final de tudo seremos julgamos pelo Pai, e não por um Juiz desconhecido, estranho, distante, imparcial, frio, vindicativo, seremos julgados pela misericórdia do Pai, através do Filho, no Espírito Santo.
Os Seus ajudantes, os Seus ministros, os Seus seguidores só têm que O imitar. Fazer do mesmo modo. Novamente o lema da nossa diocese retirado da parábola do Bom Samaritano: Vai e faz o mesmo, faz tu também do mesmo jeito. O Samaritano vê, para, aproxima-se para ver melhor, desce, debruça-se, ajuda, trata das feridas, levanta aquele que está caído como morto, leva-o até um lugar seguro, agrafa outros para dele cuidarem, assegurando-se que será bem tratado. É esta a verdadeira soberania de Jesus e dos Seus discípulos: servir os mais pequeninos.
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