O protagonista da história é um mendigo. Palavras do Papa Francisco na Colômbia, retomando as palavras que dirigiu aos Bispos do México. O protagonista da história da salvação é um mendigo, é Jesus Cristo, é cada um de nós, a partir da mendicidade do amor.
Jesus é o Pobre de Nazaré, tão pobre que não tem onde reclinar a cabeça. Nada tem e por isso pode dar-Se por inteiro, sem calculismos, sem medo. O Seu Tudo é Deus. Como não tem nada pode dar-se inteiramente ao Pai, pode dar-se totalmente aos irmãos.
O “Pobre de Nazaré” é um belíssimo livro de Ignacio Larrañaga sobre Jesus, a vida de Jesus, a mensagem de Jesus. Num dos capítulos apresenta Jesus como “O pobre entre os pobres”. Facilmente percebemos que Jesus Se faz pobre para nos enriquecer com o Sua pobreza. Identifica-Se connosco. Faz-Se um de nós. Assume-nos e assume a nossa frágil condição humana. Esvazia-Se do poder divino e de tudo o que possa afastá-l’O da nossa humanidade.
O caminho da pobreza transforma-se em amor, em entrega, da própria vida. Quem nada tem nem quer ter nada, nada teme, nada tem a perder. Pode dar tudo, dar-Se todo. Ele é o Servo de Javé. É um homem livre. E de um homem livre nasce um homem disponível. Da pobreza nasce o amor, como da morte há de nascer a vida. Torna-Se servidor. Eu não vim para ser servido, mas para servir e dar a vida por todos. Quem quiser ser o primeiro seja o último e o servo de todos.
É o Servo Sofredor que Se compadece perante o sofrimento dos pobres. A primeira atitude de Jesus é a compaixão visceral, a misericórdia. Esquece-Se de Si pelos outros. A compaixão leva-O a dar passos concretos de ajuda solidária aos que vivem prisioneiros do sofrimento. Usa o seu poder para curar, para salvar, para libertar. Os ricos no Reino de Deus são os pobres, são os mendigos, para retomarmos a linguagem do Papa Francisco. São os pobres que salvam os pobres. Os que sabem da sua pobreza, que sabem mendigar amor e colocar a sua confiança em Deus, como fez Jesus, como viveu Jesus.
Os cristãos, onde quer que estejam, na vida política, social, económica, cultural, devem ser pobres ao jeito de Jesus para ajudarem sobretudo os pobres, os que sofrem, os mais frágeis da sociedade. Na proximidade das eleições, fica a pergunta para aqueles que nos assumimos como cristãos: vamos a votos para servir os pobres ou nos servirmos, enriquecendo?
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