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quarta-feira, 11 de setembro de 2013

A Cigarra e da Formiga - versão Gonçalves da Costa

       A cigarra, graciosa garrida, livre de compromissos sociais ou económicos, resolve viver independente a alegrar a comunidade com as suas melodias rítmicas e monocórdicas, enquanto a formiga, desengonçada e farroupilha, escrava do agregado de classe mourejava dia e noite, sem outro ideal que o de satisfazer as exigências do estômago.
       Despreocupada e romântica, todo o verão a cigarra voava de árvore em árvore, na plena liberdade de espaços, persuadida que o espírito vale mais do que a matéria, nunca disputando o bocado que podia matar a fome do seu semelhante. Ao contrário a formiga, pragmática e egoísta, partidária do materialismo dialético, achava sempre pequeno o seu celeiro, espreitando todas as oportunidades de fazer ocupação selvagem, desde o naco de pão do proletariado, até ao grão de trigo do agricultor e ao boião de geleia do burguês, respondendo à dentada ao faminto que lhe batesse à porta.
       Não assim a cigarra. Fiel à doutrina evangélica, cumpria a primeira obrigação da criatura que é louvar a Deus, na certeza de que tudo o mais lhe viria por acréscimo; confiava na providência do Pai do Céu que nunca deixou perecer à míngua os que menosprezam os próprios interesses para fazer bem aos irmãos. Por isso a formiga, que não levanta os olhos da terra, está condenada a morrer sob os pés dos transeuntes e o seu cadáver a ser devorado pelas companheiras de luta, enquanto a cigarra recebe a morte franciscanamente entoando um hino ao sol.


       Curiosa a interpretação de André Sardet, em sintonia com esta versão alternativa do Pe. Manuel Gonçalves da Costa:
Interessante também a leitura de Pe. Isidro Lamelas, também natural de Penude: AQUI.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Gonçalves da Costa: 20 anos depois, peregrino de mim

       Fazia precisamente vinte anos que eu tinha deixado a minha aldeia, naquele dia de sim de verão em que voltava a percorrer, peregrino de mim, os caminhos de infância. O passado vinha ao meu encontro em cada esquina, mas a criança ingénua, tímida, crédula, e um tanto presunçosa na sua ignorância, essa por lá ficara irremediavelmente perdida aos bocados, não sei como nem onde. Lembro-me, por exemplo, da vizinha, a Maria Rosa, que da porta da sua casa me disse adeus há 20 anos, quando ela tinha outros tantos.
       E afinal lá estava ela, entretida com as agulhas da meia, ao pé da horta, entre os cravos e as couves-galegas, a mesma juventude, o mesmo ar sadio, a mesma garridice provinciana. Parece incrível como os anos a deixaram intacta! Vou fazer-lhe uma surpresa:
       - Olá, Maria Rosa!
       Ela moveu a cabeça a fitar-me numa interrogação.
       - Então já não me conheces?
       - Desculpe. Eu não sou a Maria Rosa. Chamo-me Emília. Maria Rosa é a minha mãe. Olhe-a ali.
       Nesse momento vi emoldurada nas ombreias da porta uma cabeça grisalha, um rosto enrugado, uns olhos mortiços, uma boca meio desdentada que se abriu a perguntar:
       - Que é?
       - Não é nada. Desculpe. Foi uma confusão.
       Vinte anos! Uma eternidade! Só as árvores mantinham a sua perene mocidade verde. Só o sol, agora a fechar os olhos dormentes no repoiso do ocaso, irradiava o mesmo sorriso rechonchudo, menineiro. E afastei-e, peregrino de mim, a caminho de um santuário profanado pela morte.

domingo, 8 de setembro de 2013

Paróquias Beiraltinas - Penude e Magueija

M. GONÇALVES DA COSTA. Paróquias Beiraltinas. Penude e Magueija. 2.º Edição. Seminário Maior de Lamego. Lamego 2013, 268 páginas.

       Este é certamente um livro de maior interesse para os naturais de Penude e de Magueija, para os que lá trabalham, para os que por ali passam, pessoas interessados em história, na evolução das comunidades nas diferentes vertentes, económica, social, cultural, religiosa.
       O Dr. Gonçalves da Costa vai até aos primórdios, ainda antes do início da nacionalidade, e faz-nos percorrer a história destas duas paróquias, até depois do 25 de abril de 1974.
       Focalizado nos dois povos vizinhos, mas na abertura para a Diocese e para o mundo, com muitas referências aos Prelados da Diocese, Cabido, Paróquias de Alamacave e da Sé, festas, tradições, usos e costumes, lendas, e ao Santuário de Nossa Senhora dos Remédios, à contrução de estradas e caminhos, de cemitérios e capelas, construção e ampliação das igrejas de Penude e Magueija, as suas gentes, a economia, a religiosidade popular, as romarias a Cárquere, à Lapa, à Senhora dos Remédios.
       O livro mostra-nos a generosidade das pessoas de Penude e de Magueija, que em testamento sempre se lembravam dos mais pobres, ainda que por vezes tivessem a preocupação de que estes estivessem presentes no funeral e nos diversos ofícios. Os párocos das duas freguesias e os sacerdotes naturais deste espaço.

       No prefácio da reedição deste, o Reitor do Seminário Maior refere a ajuda prestada ao autor, dizendo que de muitos ficaram poucos ou apenas o próprio. Do seu curso, porque do meu curso continuamos a ajudar. Nos últimos anos de vida, o autor tinha as faculdade de visão muito diminuidas. Lembro-me perfeitamente desses tempos. Por vezes dizia-me (e aos outros), eu é que estou cego e vós não vedes nada. Tínhamos que ler os textos, rascunhos, emendas, rasurados. Por vezes letra a letra, para que ele pudesse tirar o sentido e tentar entender qual era efetivamente a palavra em causa. Outras vezes usava uma lupa bastante graduada. Nós éramos os "pixotes" que não percebíamos nada de nada.
       Pelo meio muitas histórias. O pagamento eram os seus livros. Ainda me lembro de textos do Peregrino de Mim ou Viagens em Terra alheia. Curiosa por exemplo a interpretação das parábolas de Jesus, do Filho Pródigo, em que defendia com unhas e dentes o filho mais velho em detrimento do filho mais novo; a parábolas do fariseu e do samaritano que subiram ao templo para rezar, colocando no lugar do fariseu uma freira (deveria ter algumas discussões acesas com algumas freias, para uma opinião tão negativa...).
       Por outro lado, a conclusão que ainda éramos da família, ainda que afastados, afinal o pai do Dr. Gonçalves da Costa era originário da Matancinha, minha terra natal.
       Pelo meio outras curiosidades: Matancinha e Bairral civilmente pertenceram ao município de Magueija, religiosamente sempre a Penude. Matancinha, por proposta da Junta de Penude, seria a capital da união de freguesias de Magueija, Bigorne e Penude. Mas não foi aceite pela junta de Magueija, que queria a capital em Magueijinha.
       Um dos conselhos do Pe. Gonçalves da Costa, quando nos pedia colaboração: quando precisares de ajuda pede a quem tem muito que fazer, que ande sempre ocupado, pois arranja tempo e espaço para te ajudar. Se pedires ajuda a alguém que nunca tem nada para fazer, nunca arranjará tempo para te ajudar.
       Um outro momento curioso. Uma tarde, depois de terminarmos o trabalho de "interpretação" dos seus gatafunhos, à saída disse-lhe "obrigado". Coisa que eu lhe dissesse. Obrigou-se a retirar o obrigado, dizendo que ele é que agradecia. Penso que o não tinha feito, mas tinha-me chateado de tal maneira, quase a berrar, dizendo que não tinha vista e que eu não percebia/via nada, que no final me saiu esta expressão: "obrigado". Claro que em outros dias lá voltei para ajudar, e com ele diversas estórias acrescentadas às dos livros.
       Outra curiosdidade pessoal: em minha posse tenho uma espécie de autobiografia do Pe. Manuel Rodrigues Borges, o sacerdote que me batizou, e que em parte confirma as conclusões do Pe. Gonçalves da Costa sobre Penude e as suas gentes, mas também sobre Magueija, as disputas, a construção da residência paroquial, e as consequências/frutos do cisma do Pe. Justino, sendo que a parte de cima, segundo o autor e o Pe. Borges, era mais religiosa e mais assídua às coisas da Igreja, dando mais sacerdotes à Igreja, fruto do rigorismo do Pe. Justino. Ver CISMA de PENUDE: AQUI.
       Refira-se também que vivi muitos anos nas duas freguesias: na Matancinha e depois Matança, Pereiro, Forcas e de novo Matancinha. Sempre de Penude, mas com muitas leigações a Magueija, onde frequentei a escola primária, e onde participávamos nas celebrações, na Missa, em São Tiago, ou mesmo em Magueijinha.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Religiosos e Sacerdotes de Magueija

       Edição da Paróquia, foi dado à estampa o que pretende ser a segunda parte de um trabalho sobre a vivência religiosa na paróquia de São Tiago de Magueija, no Arciprestado de Lamego. Para já resenhas biográficas dos religiosos e sacerdotes, nascidos em Magueija, ou que para lá vieram viver desde a primeira infância, como o mais recente sacerdote que aí celebrou a Missa Nova, Pe. Ricardo Barroco.
       Aliás, foi por ocasião da Missa Nova do Pe. Ricardo Barroco, na Igreja Paroquial de São Tiago de Magueija, no dia 8 de julho de 2012, que o livro foi dado a conhecer: "Religiosos e Sacerdotes de Magueija (biografias do séc. XX)", da autoria de Paulo Ribeiro.
       O número significativo da vocações religiosas e sacerdotais expressa bem a vivência arreigada da fé cristã.
       Como residi durante muitos anos nesta paróquia de Magueija, embora me sentindo sempre de Penude (as duas fazem fronteira), sou também devedor da vivência da fé cristã. Sendo de Penude, a viver em Magueija, as festas da Catequese foram em Penude, mas a prática cristã, Domingos e Dias santos, era na Igreja Paroquial de São Tiago, e outras vezes, na Capela da Matança, ainda que muitas vezes nos deslocássemos à Matancinha, terra natal, ou mesmo à Igreja Paroquial de São Pedro de Penude.
       Salientaríamos a biografia do Pe. Ricardo Barroco, também ele natural de Penude, mas que desde a infância vive em Magueija. Foi ordenado sacerdote no dia 1 de julho de 2012 e celebrou a Missa Nova, em Magueija, no dia 8 de julho. Durante o ano pastoral precedente, esteve a estagiar em paróquias vizinhas, Valença do Douro e Desejosa.
       E do Pe. Luís Ribeiro da Silva, Pároco de Barcos, Santa Leocádia, Adorigo e Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Tabuaço, em trabalho pastoral intenso nas paróquias citadas, mas também em Tabuaço, Pinheiros, Távora, ou outras de que assumiu a paroquialidade durante algum tempo. A propósito, o Boletim Voz Jovem na sua edição de setembro de 2010, n. 123, foi uma das fontes para a resenha biográfica do Pe. Luís Ribeiro da Silva. O texto citado refere-se a uma pequena resenha sobre a vida do Pe. Luís, no ano em que celebrou as Bodas de Ouro Sacerdotais.

domingo, 16 de setembro de 2012

Pregador da Festa de Santa Eufémia

       Pe. Ricardo Barroco, natural de Penude, paroquiano de Magueija, paróquias do Arciprestado de Lamego, foi ordenado sacerdote no passado 1 de julho, na Sé Catedral de Lamego, por D. António José da Rocha Couto, Bispo de Lamego.

Por curiosidade que já tínhamos aqui publicado, alguns pontos de contacto:
       A naturalidade é a mesma: PENUDE. Nascemos e fomos baptizados na paróquia de Penude.
       O Ricardo, ainda muito novo foi viver para Magueija. Entre os 2 e os 10/11 anos também vivi em Magueija e aí frequentei a Escola Primária (no Cabeço). Nessa altura, já andava no ciclo, regressei à minha povoação, Matancinha, em Penude. Ele permaneceu em Magueija.
       O Ricardo pertence a uma família - os Barrocos - a que também eu tenho ligações, parentes afastados. Quando era pequeno, diziam aos meus pais que eu saía à parte dos barrocos.
       Saliente-se também que o Ricardo tem um primo sacerdote, o Pe. Horácio Rossas, Comboniano e que se encontra atualmente na Zâmbia, em missão.
       No meu estágio pastoral, no Seminário Menor de Resende, como Diácono, na Equipa Formadora, encontrei o Ricardo Barroco, aluno do 8.º ano e depois do 9.º ano, juntamente com outros que hoje são sacerdotes, o Pe. António Giroto, aliás, são do mesmo ano e que foi o pregador da Festa no ano passado.
       Atualmente e desde há 12 anos ao serviço de paróquias no Arciprestado/Concelho de Tabuaço, e o Pe. Ricardo Barroco, integrou para estágio, a Equipa Sacerdotal do Pe. Amadeu e do Pe. Filipe, algumas paróquias deste Arciprestado: Valença do Douro, Desejosa (com a anexa da Balsa) e Pereiro.

Veja o perfil do Pe. Ricardo Barroco no facebook, bem como álbum de fotos da Ordenação Sacerdotal.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Ordenação do Diácono Ricardo Barroco

       Ontem, a partir das 16h00, na Sé Catedral, 135 anos depois da Dedicação da mesma, Dia da Igreja Diocesana, solenidade de Jesus Cristo Rei do Universo, o Administrador Apostólico da Diocese de Lamego, D. Jacinto Botelho, um dia depois de conhecer o Seu sucessor, D. António Couto, presidia à Eucaristia solene com a Ordenação de mais um Diácono em ordem ao sacerdócio ordenado: Ricardo Jorge Ribeiro Barroco.

Pontos de contacto:
       Durante a celebração de ordenação do novo Diácono Ricardo, lembramo-nos de alguns pontos de contacto importantes, pelo menos para nós.
       A naturalidade é a mesma: PENUDE. Nascemos e fomos baptizados na paróquia de Penude.
       O Ricardo, ainda muito novo foi viver para Magueija. Entre os 2 e os 10/11 anos também vivi em Magueija e aí frequentei a Escola Primária (no Cabeço). Nessa altura, já andava no ciclo, regressei à minha povoação, Matancinha, em Penude. Ele permaneceu em Magueija.
       O Ricardo pertence a uma família - os Barrocos - a que também eu tenho ligações, parentes afastados. Quando era pequeno, diziam aos meus pais que eu saía à parte dos barrocos.
       Saliente-se também que o Ricardo tem um primo sacerdote, o Pe. Horácio Rossas, Comboniano e que se encontra atualmente na Zâmbia, em missão.
       No meu estágio pastoral, no Seminário Menor de Resende, como Diácono, na Equipa Formadora, encontrei o Ricardo Barroco, aluno do 8.º ano e depois do 9.º ano, juntamente com outros que hoje são sacerdotes, como o Pregador da novena da Imaculada Conceição, o Pe. António Giroto, aliás, são do mesmo ano.
       Atualmente e desde há 11 anos ao serviço de paróquias no Arciprestado/Concelho de Tabuaço, e o Ricardo Barroco, integrando a Equipa Sacerdotal do Pe. Amadeu e do Pe. Filipe, estagia em algumas paróquias deste Arciprestado: Valença do Douro, Desejosa (com a anexa da Balsa) e Pereiro.