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quarta-feira, 27 de junho de 2018

São Cirilo de Alexandria, Bispo e Doutor da Igreja

       "Cirilo nasceu no ano de 370, no Egipto. Era sobrinho de Teófilo, bispo de Alexandria, e substituiu o tio na importante diocese do Oriente de 412 até 444, quando faleceu aos setenta e quatro anos de idade.
       Foram trinta e dois anos de episcopado, durante os quais exerceu forte liderança na Igreja, devido à rara associação de um acurado e profundo conhecimento teológico e de uma humildade e simplicidade próprias do pastor de almas. Deixou muitos escritos e firmou a posição da Igreja no Oriente. Primeiro, resolveu o problema com os judeus que habitavam a cidade: ou deixavam de atacar a religião católica ou deviam mudar-se da cidade. Depois, foi fechando as igrejas onde não se professava o verdadeiro cristianismo.
       Mas sua grande obra foi mesmo a defesa do dogma de Maria, como a Mãe de Deus. Ele se opôs e combateu Nestório, patriarca de Constantinopla, que professava ser Maria apenas a mãe do homem Jesus e não de Um que é Deus, da Santíssima Trindade, como está no Evangelho. Por esse erro de pregação, Cirilo escreveu ao papa Celestino, o qual organizou vários sínodos e concílios, onde o tema foi exaustivamente discutido. Em todos, esse papa se fez representar por Cirilo.
       O mais importante deles talvez tenha sido o Concilio de Éfeso, em 431, no qual se concluiu o assunto com a condenação dos erros de Nestório e a proclamação da maternidade divina de Nossa Senhora. Além, é claro, de considerar hereges os bispos que não aceitavam a santidade de Maria.
       Logo em seguida, todos eles, ainda liderados por Nestório, que continuaram pregando a tal heresia, foram excomungados. Contudo as ideias "nestorianas" ainda tiveram seguidores, até pouco tempo atrás, no Oriente. Somente nos tempos modernos elas deixaram de existir e todos acabaram voltando para o seio da Igreja Católica e para os braços de sua eterna rainha: Maria, a Santíssima Mãe de Deus.
       Venerado na mesma data por toda a Igreja Católica, do Oriente e do Ocidente, são Cirilo de Alexandria, célebre Padre da Igreja, bispo e confessor, recebeu o título de doutor da Igreja treze séculos após sua morte, durante o pontificado do papa Leão XIII".

Oração de coleta:
        Senhor nosso Deus, que fizestes do bispo São Cirilo de Alexandria um invencível defensor da maternidade divina da bem-aventurada Virgem Maria, concedei ao vosso povo, que a proclama verdadeira Mãe de Deus, a graça de ser salvo pela Encarnação do vosso Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
São Cirilo de Alexandria, bispo

Defensor da maternidade divina da Virgem Maria

Muito me admiro de que haja quem duvide se efetivamente a Virgem Santíssima deve ser chamada Mãe de Deus. Na verdade, se Nosso Senhor Jesus Cristo é Deus, por que motivo é que a Virgem Santíssima, que O deu à luz, não há-de ser chamada Mãe de Deus? Esta é a fé que os discípulos do Senhor nos transmitiram, embora não usassem esta mesma expressão. Assim nos ensinaram também os santos Padres. Em particular Santo Atanásio, nosso pai na fé, de ilustre memória, no livro que escreveu sobre a santa e consubstancial Trindade, na terceira dissertação a cada passo dá à Santíssima Virgem o título de Mãe de Deus.
Sinto-me obrigado a citar aqui as suas próprias palavras, que são do teor seguinte: «A Sagrada Escritura, como tantas vezes fizemos notar, tem como finalidade e característica afirmar de Cristo, nosso Salvador, estas duas coisas: que é Deus e nunca deixou de o ser, uma vez que é o Verbo do Pai, seu esplendor e sabedoria; e também que nestes últimos tempos, por causa de nós Se fez homem, assumindo um corpo da Virgem Maria, Mãe de Deus».
E continua assim pouco mais adiante: «Houve muitos que foram santos e livres de todo o pecado: Jeremias foi santificado desde o seio materno; e também João, antes de ser dado à luz, exultou de alegria, ao ouvir a voz de Maria, Mãe de Deus». Estas palavras são de um homem inteiramente digno de fé, a quem podemos seguir com toda a confiança, pois seria incapaz de pronunciar uma só palavra contrária à Escritura divina.
E de facto a Escritura, inspirada por Deus, afirma que o Verbo Se fez carne, isto é, Se uniu a uma carne dotada de uma alma racional. Por conseguinte, o Verbo de Deus assumiu a descendência de Abraão e, ao formar para Si um corpo vindo de uma mulher, fez-Se participante da carne e do sangue. Deste modo, já não é somente Deus, mas também homem semelhante a nós, em virtude da sua união com a nossa natureza.
Portanto o Emanuel, Deus-connosco, consta de duas realidades: divindade e humanidade. Mas é um só Senhor Jesus Cristo, um só verdadeiro Filho por natureza, ainda que ao mesmo tempo Deus e homem. Não é apenas um homem divinizado, como aqueles que pela graça se tornam participantes da natureza divina; mas é verdadeiro Deus que, por causa da nossa salvação, Se fez visível em forma humana, como também testemunha São Paulo com estas palavras: Ao chegar a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher e sujeito à Lei, para resgatar os que estavam sob o jugo da Lei e nos tornar seus filhos adoptivos.

quinta-feira, 25 de maio de 2017

São BEDA VENERÁVEL, presbítero e doutor da Igreja

Nota biográfica: 
       Nasceu no território do mosteiro beneditino de Wearmouth (Inglaterra) no ano 673; foi educado por São Bento Biscop e entrou no dito mosteiro, tendo aí recebido a ordenação sacerdotal. Exerceu o seu ministério dedicando-se ao ensino e à actividade literária. Escreveu obras sobre matérias teológicas, históricas, patrísticas e bíblicas. Morreu no ano 735.
       O papa Francisco, na escolha do Lema Episcopal, e que manteve como Papa, tornou mais conhecido este santo na medida em que se baseou numa homilia feita por São Beda Venerável, sobre o apóstolo/evangelista São Mateus: Jesus viu-o, compadeceu-Se dele e chamou-o.

Oração de coleta:
       Senhor, que iluminais a vossa Igreja com a sabedoria do presbítero São Beda Venerável, concedei aos vossos fiéis a luz dos seus ensinamentos e o auxílio dos seus méritos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Da Epístola de Cutberto, sobre a morte de São Beda Venerável

Desejo ver a Cristo

Ao chegar a terça-feira antes da Ascensão, Beda começou a respirar mais dificilmente e começaram a inchar-lhe os pés. Mas, durante todo aquele dia, ainda ensinou e ditou as suas lições com boa disposição; e a certa altura, entre outras coisas, disse: «Aprendei depressa; não sei por quanto tempo ainda viverei e se dentro em breve o meu Criador me levará para Si». A nós parecia-nos que ele sabia bem quando morreria; tanto assim que passou a noite acordado e em acção de graças.
Ao raiar da manhã, na quarta-feira, mandou que escrevêssemos com diligência a lição principiada; assim fizemos até às nove horas. A partir das nove, fizemos a procissão com as relíquias dos Santos, como mandava o costume nesse dia. Um de nós, porém, ficou com ele e disse-lhe: «Mestre, ainda falta um capítulo do livro que estavas a ditar. Parece-te difícil continuar?». Respondeu: «Não, não custa nada; pega na pena, apara-a e desembaraça-te». Assim fez o discípulo.
Às três horas da tarde disse-me: «Tenho no meu baú algumas coisas de estimação: pimenta, lenços e incenso. Vai chamar depressa os presbíteros do nosso mosteiro, porque eu quero distribuir por eles pequenas recordações que Deus me deu». Quando todos chegaram, falou-lhes, exortando a cada um e pedindo-lhes que celebrassem Missas por ele e rezassem por sua alma; o que todos de boa vontade prometeram.
Todos choravam abundantemente, sobretudo por lhe ouvirem manifestar a persuasão de que não veriam a sua face por muito mais tempo neste mundo. Mas reconfortaram-se quando lhes disse: «É chegado o tempo (se assim aprouver ao meu Criador) de voltar para Aquele que me deu a vida, que me criou, que me formou do nada quando eu não existia. Vivi muito tempo, e o misericordioso Juiz teve especial cuidado da minha vida. Aproxima-se o tempo da minha partida, pois desejo morrer para estar com Cristo. A minha alma deseja ver a Cristo, meu Rei, na sua glória». E disse muito mais coisas edificantes, conservando a sua alegria de sempre, até à noitinha.
O jovem Wilberto, já mencionado, ainda se atreveu a observar: «Querido mestre, ainda me falta escrever uma frase». Ao que ele respondeu: «Escreve depressa». Pouco depois disse o jovem: «Já está escrita». Disseste bem, continuou Beda: Tudo está consumado. Agora segura-me a cabeça com as tuas mãos, porque me dá muita alegria sentar-me voltado para o lugar santo, onde costumava rezar; assim também agora quero invocar o meu Pai».
E colocado no chão da sua cela, cantou: «Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo». Ao dizer o nome do Espírito Santo, exalou o último suspiro. Pelo grande fervor com que se consagrou aos louvores de Deus na terra, bem devemos crer que partiu para a felicidade das alegrias do Céu.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

São Jerónimo Emiliano, Presbítero

Nota biográfica:
       Nasceu em Veneza no ano 1486. Caiu prisioneiro em Castelnuovo (1511) quando combatia contra a Liga de Cambrai. Fechado no castelo, teve ambiente e tempo para meditar sobre as coisas efêmeras e decidiu-se pelas eternas. Algo parecido com o que faria santo Inácio, dez anos mais tarde. Sentiu-se impelido ao serviço dos pobres e dos jovens, dos enfermos e das pecadoras arrependidas. Após algum tempo de preparação com João Pedro Carafa, o futuro Paulo IV, foi ordenado padre.
       Dez anos mais tarde uma terrível crise assolava a península; em seguida veio uma epidemia. Jerónimo vendeu tudo o que possuía para ajudar os indigentes. Prestou grande serviço aos órfãos e viúvas. O seu campo de trabalho foi extenso: Verona, Bréscia, Como e Bérgamo. No lugarejo de Somasca, em Bérgamo, teve início a Sociedade dos Clérigos Regulares que mais tarde foram chamados Padres Somascos. Dedicavam-se ao ensino gratuito com o revolucionário método dialogado, e a socorrer as crianças órfãs e os pobres.
       São Jerónimo Emiliano morreu em Somasca enquanto dava assistência aos doentes. Contraiu a peste e morreu do mesmo mal dos seus assistidos. Era o dia 8 de Fevereiro de 1537. Foi canonizado em 1767. Pio XI nomeou-o padroeiro dos órfãos e dos jovens abandonados.
Oração de coleta:
       Pai de infinita misericórdia, que em São Jerónimo Emiliano, protetor e pai dos órfãos, destes à vossa Igreja um sinal da vossa predilecção para com os pobres e os humildes, dai-nos, por sua intercessão, a graça de conservar sempre o espírito de adopção pelo qual nos chamamos e somos vossos filhos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
São Jerónimo Emiliano aos seus irmãos

Só no Senhor devemos confiar

Amados irmãos em Cristo e filhos da Ordem dos Servos dos pobres:
O vosso pobre pai vos saúda e vos exorta a que persevereis no amor de Cristo e na observância fiel da lei cristã, como mostrei por palavras e por obras enquanto estive convosco, de modo que o Senhor seja glorificado por meu intermédio no meio de vós.
O nosso fim é Deus, fonte de todos os bens, e devemos confiar só n’Ele e em mais ninguém, como dizemos na nossa oração. O nosso bom Senhor, querendo aumentar a vossa fé (sem a qual, como diz o Evangelista, Cristo não pôde realizar muitos sinais) e atender a vossa oração, decidiu servir-Se de vós assim: pobres, maltratados, aflitos, fatigados, desprezados por todos, e agora por fim privados até da minha presença física, se bem que não do espírito do vosso pobre e muito amado pai.
Porque vos trata Ele assim, só Ele o sabe. Mas podemos sugerir-vos três razões. Em primeiro lugar, o nosso bendito Senhor vos adverte que quer contar-vos entre o número dos seus filhos dilectos, contanto que persevereis nos seus caminhos: foi assim, na verdade, que Ele procedeu com os seus amigos e os fez santos.
Uma segunda razão é esta: o Senhor procura que cada vez mais confieis somente n’Ele e não nos outros; porque Deus como eu vos disse, não realiza as suas obras naqueles que se recusam a colocar só n’Ele toda a sua fé e toda a sua esperança, mas infunde sempre a plenitude da caridade nos que são dotados de grande fé e esperança, e com eles realiza grandes coisas. Portanto, se permanecerdes na fé e na esperança, Deus fará convosco grandes coisas e exaltará os humildes. E assim, quando Ele vos priva de mim e de qualquer outro que vós estimais, obriga-vos a escolher entre estas duas coisas: ou vos afastais da fé e voltais às coisas do mundo, ou permaneceis fortes na fé e sois aprovados por Deus.
E há uma terceira razão: Deus quer experimentar-vos como o oiro no crisol. As escórias do oiro, com efeito, são consumadas pelo fogo, mas o verdadeiro oiro permanece e o seu valor aumenta. Assim também procede o Senhor com o seu servo bom, que na tribulação permanece firme e espera n’Ele. Deus o levanta, e de todas as coisas que deixou por seu amor, receberá o cêntuplo neste mundo e a vida eterna no mundo que há-de vir.
Foi deste modo que Ele procedeu com todos os Santos. Assim procedeu com o povo de Israel depois de tanto ter sofrido no Egipto: não só o tirou de lá com grandes prodígios e o alimentou com o maná no deserto, mas por fim deu-lhe a terra prometida. Portanto, se no meio de tantas provações permaneceis firmes na fé, o Senhor vos dará paz e repouso, por um tempo neste mundo e para sempre no outro.