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sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

Solenidade da Imaculada Conceição - 8 de dezembro

       1 – «Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra».
       Não é preciso dizer muito mais. O Evangelho é Jesus Cristo. A Boa Notícia da Salvação. Nossa alegria e nossa esperança. Nossa Páscoa. É Ele que definitivamente rasga os céus. Enviado pelo Pai, entra na história e no tempo. Vivendo como verdadeiro homem, assume-nos por inteiro, no tempo e na finitude, na fragilidade e no sofrimento. Vive entre nós. Levado a um julgamento iníquo, carrega-nos até ao Calvário, obriga-nos a olhar para o alto, para além de nós, acima deste chão que nos irmana e nos faz mais iguais. Morre, mas volta, ressuscita, regressa para nós. Pelo Espírito Santo permanece connosco até ao fim dos tempos.
       Mas antes, antes de tudo, antes da criação e do mundo, desde sempre no pensamento de Deus, uma Mulher sonhada e criada para amar, para "facilitar" um caminho de liberdade e de respeito pela dignidade humana. Deus criou-nos com inteligência e vontade. Livres para amar ou para odiar. Livres para Lhe respondermos, ou para nos afastarmos d'Ele. Como os pais que querem o melhor para os filhos e, muitas vezes, têm ganas de os obrigar porque é para o bem deles... mas a vida é deles. Deus dá-nos a vida como dom e como tarefa. Cabe-nos viver.
       A história que deveria ser harmoniosa instala a discórdia, e às tantas, vem ao de cima o que nos separa e não o que nos liga e nos identifica como irmãos. Esquecemo-nos dos outros. Ou temos os outros como inimigos cuja vida parece estorvar a nossa. Deus não desiste nunca. Ainda que nos cansemos de O acolher. É nesta história de amor que Deus escolhe um povo. Envia mensageiros. Vem Ele próprio, como Deus e Senhor, não por cima impondo-se, mas debaixo, nascendo, vindo do mesmo pó da terra. Terra que se mistura com o sopro do Seu Espírito. Assim connosco, assim com Jesus. Respeitando a Sua obra criadora, Deus, para nascer como Homem precisa, melhor, quer precisar, de uma mulher. E a aí está Maria, a cheia de graça.
       2 – «Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra».
       Deus espera por nós, sempre espera, aguarda, pacientemente, como o Pai da parábola, cujo filho se prodigaliza. Criou-nos sem nós, diz Santo Agostinho, mas não nos salva contra a nossa vontade. Espera o nosso SIM mas não força. Quando o Anjo anuncia Aquele que está para vir há uma espera infinita: o Todo-poderoso fica a depender da vontade de uma Mulher, cujo coração desde sempre preparou, virginal e fiel, cheio de graça e de amor. O projeto inicial, que em Eva encontrou resistência, encontra agora um coração singelo. Deus não se enganou antes. Mas só a Nova Eva – Maria – é plena de graça.
       Deus não abandou o Homem à sua sorte mesmo quando este se quis independente e longe do Criador. O rumor dos passos de Deus fazem-se ouvir no jardim. Diante d'Ele não podemos estar vestidos, disfarçados, pois Ele contempla o nosso interior. Vem ao nosso encontro, ainda que nos escondamos. O mal maior não é o pecado mas aquilo que provoca em nós, a vergonha, o medo, a falta de confiança em Deus. Também a nós nos pergunta onde nos encontramos, em que situação vivemos, o que fazemos do tempo e dos dons que nos dá. Refira-se que o conhecimento não é, a priori, um bem ou mal em si mesmo, mas o que fazemos com o nosso saber e com a nossa vontade, com os caminhos que escolhemos seguir. Se o utilizamos com sabedoria, orientando-nos para o bem e para os outros, então o conhecimento é facilitador. Se o utilizamos para benefício próprio, por egoísmo, e contra os outros, então o conhecimento é nefasto.
       Por outro lado, neste texto é visível o respeito de Deus pela nossa autonomia e liberdade. Quer e procura o nosso convívio, mas permite que nos escondamos. Ao mesmo tempo mostra como é Pai, não tem vergonha de nós, não Se cansa de perdoar, nós é que nos cansamos de lhe abrir o coração e a vida, para que nos encontre e de novo nos transforme.
 
       3 – «Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra».
       Inesperadamente, um Anjo entra na vida de Maria, saudando-A: Ave, ó cheia de graça, o Senhor está contigo. Irás ser Mãe do Filho de Deus. Maria, como pessoa inteligente e livre, com vontade própria, não se deixa iludir nem manipular. Logo questiona: como será isso se Eu não conheço homem? A resposta do Anjo encontra eco em toda a Palavra de Deus, no Antigo e Novo Testamento: não temas, Maria, «o Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra». Curioso, quantas vezes perscrutamos a voz de Deus a transmitir-nos confiança. Para tornar mais fácil a perceção do que está para a acontecer, o Anjo Gabriel informa Maria que a Sua prima Isabel, estéril, se encontra grávida. Os mistérios de Deus são insondáveis. Não queiramos escrutinar tudo. O mistério, por mais que se desvele, permanece mistério. Por conseguinte, não nos impõe nada que não acolhamos de livre vontade.
       Maria fica extasiada. Como é possível? Mas não faz perguntas indefinidamente, pergunta o essencial: como é que Deus pode nascer de uma mulher, de uma Virgem? Com a resposta do Anjo, Maria não hesita: realize-Se em Mim a Tua santa vontade.
       O sim de Maria altera para sempre a história da salvação e a relação de Deus com o ser humano, que não mais se fará por intermediários, do exterior para o interior, mas pelo próprio Filho, dentro da história e do tempo, dentro da humanidade, o único Mediador entre Deus e os homens. O sim de Maria é anterior à expressão dos lábios, é um Sim que Ela trazia no peito, no coração, um sim sempre pronto a dar-se, a perder a própria vida para que outros pudessem ter vida própria. Quando as palavras do Anjo se fazem ouvir no Seu coração, Ela exalta de alegria, não apenas por si, mas por se tornar morada do Deus Altíssimo, dando à humanidade a mesma possibilidade. Também agora podemos ser morada de Deus, templos do Espírito Santo. Mas atenção, o sim de Maria não é estático, mas dinâmico, logo que o Anjo ascende, Maria corre para a montanha para ajudar a Sua prima Isabel.
        4 – «Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra».
       O projeto de Deus é concretizável pela resposta humana, por esta primeira resposta de Maria. Concebida sem mancha, sem pecado, cheia de graça, salva, por antecipação e privilégio, em atenção à redenção que para todos vem da Cruz e da Ressurreição de Jesus, Maria acolhe a Palavra de Deus e fá-la crescer no seu ventre e na sua vida.
       Com Ela também nós podemos cantar um cântico novo, «pelas maravilhas que Ele operou. O Senhor deu a conhecer a salvação, revelou aos olhos das nações a sua justiça. Recordou-Se da sua bondade e fidelidade em favor da casa de Israel. Os confins da terra puderam ver a salvação do nosso Deus. Aclamai o Senhor, terra inteira, exultai de alegria e cantai».
       O Evangelho, a Boa Notícia que nos chega ao ouvido e ao coração, suscita Alegria e confiança. Alegra-Te Senhora, vais ser Mãe de Deus. Alegra-Te Maria que nos hás de dar o Salvador. Alegremo-nos nós também, ouvindo a Sua voz, exultemos de alegria, em altos brados. Façamos frutificar em nós, na nossa vida, Jesus. N'Ele «fomos constituídos herdeiros, para sermos um hino de louvor da sua glória, nós que desde o começo esperámos em Cristo... Bendito seja Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que do alto dos Céus nos abençoou com toda a espécie de bênçãos espirituais em Cristo. N’Ele nos escolheu, antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis, em caridade, na sua presença. Ele nos predestinou, a fim de sermos seus filhos adotivos, por Jesus Cristo, para louvor da sua glória e da graça que derramou sobre nós, por seu amado Filho».
       A condição para sermos morada do Deus altíssimo, para que em nós se realizem as maravilhas do amor e da paz, da justiça e do bem, é imitar Maria, em humildade e prontidão para servir: realize-se em mim a Tua vontade. Vem, nasce em mim, ilumina-me com a Tua bondade, dá-me o Teu perdão, guia-me para Ti, faz-nos reconhecer-te e a amar-te em cada irmão.

Textos para a Eucaristia: Gen 3,9-15.20; Sl 97 (98); Ef 1,3-6.11-12; Lc 1,26-38.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Paróquia de Tabuaço | Imaculada Conceição | 2018

Nossa Senhora da Conceição é a Padroeira de Tabuaço, pelo que o dia 8 de dezembro é dos dias mais solenes e significativos da vida da comunidade. Mantendo-se estritamente religiosa, a Festa da Padroeira de Tabuaço, Madrinha dos Bombeiros Voluntários, Padroeira da Santa Casa, continua a mobilizar as pessoas à volta da veneração de Nossa Senhora da Conceição.

Créditos:
Paróquia de Tabuaço: Mara Longa e Daniela Rodrigues
Música de fundo: Grupo de Jovens de Avões (Lamego)

terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Eu Te bendigo, ó Pai, Senhor do Céu e da terra

Jesus exultou de alegria pela acção do Espírito Santo e disse:
       "Eu Te bendigo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas verdades aos sábios e aos inteligentes e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque isto foi do teu agrado. Tudo Me foi entregue por meu Pai; e ninguém sabe o que é o Filho senão o Pai, nem o que é o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar". Voltando-Se depois para os discípulos, disse-lhes: "Felizes os olhos que vêem o que estais a ver, porque Eu vos digo que muitos profetas e reis quiseram ver o que vós vedes e não o viram e ouvir o que vós ouvis e não o ouviram" (Lc 10, 21-24).
       É bem conhecida esta passagem do Evangelho em que Jesus sublinha a simplicidade do coração para acolher e compreender a mensagem de Deus. A soberba e a sobranceria, o orgulho e a autosuficiência servem apenas para nos afastar dos outros, de Deus e dos grandes mistérios da vida humana. Só pergunta quem está a disposição de escutar, de compreender, de mudar. Ou as questões brotarão de um cinismo mordaz e destrutivo.
       Quem se julga dono da verdade e do mundo, nunca aceitará o que vem dos outros nem do Totalmente Outro, que em Jesus Se faz Totalmente próximo.

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Paróquia de Tabuaço | Imaculada Conceição | 2017

       Solenidade da Imaculada Conceição, Padroeira e Rainha de Portugal. Padroeira da Paróquia de Tabuaço. Madrinha dos Bombeiros Voluntários de Tabuaço.
       Este é um momento muito especial para a Paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Tabuaço.
Depois de 9 dias de preparação mais espiritual, com a Novena, o dia da festa, envolvendo a comunidade paroquial, as instituições de Tabuaço e crentes das comunidades vizinhas.
       Autarquia, Bombeiros Voluntários, GNR, Guias e Escuteiros da Europa. Grupos paroquiais: zeladoras, conselhos pastoral e para os assuntos económicos, GJT, Grupo de Acólitos, Grupos corais, mordomas e tanta gente a contribuir e a participar com alegria.

CRÉDITOS:
Fotos: Daniela Rodrigues - Paróquia de Tabuaço
Músicas de fundo: Laetare - Mãe de Deus, Minha Mãe; Grupo Coral de Santa Maria de Almacave - Avé Maria.

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Novena da Imaculada Conceição 2017 - Nono Dia

       O Senhor é a nossa fortaleza, a nossa muralha (cf. Is 26, 1-6). A muralha é para nossa defesa, para nossa proteção. Então, dizer que Deus é a nossa muralha, é dizer que Ele nos quer bem, que quer proteger-nos. Tudo passa, mas Ele permanece. É um Deus forte em Quem podemos confiar a nossa vida.
       O salmo deste dia (117) mantém o mesmo registo. Deus é o nosso refúgio. Sabemos o que é um refúgio e quando precisamos dele. Por exemplo, para nos protegermos da chuva: o refúgio pode ser um guarda-chuva, uma varanda, uma paragem de autocarro. Deus é o nosso refúgio, n'Ele nos refugiamos quando advém as dificuldades, as intempéries, os problemas na nossa vida. Então recorramos a Ele, Ele é verdadeiramente o refúgio.
       No Evangelho (Mt 7, 21.24-27), Jesus fala no homem sensato e no homem insensato. O homem sensato é aquele que constrói sobre rocha firme. Temos estas duas possibilidades, construir sobre a areia, que agora está, mas logo desaparece, com o vento ou com a chuva. Também assim a nossa vida quando a construímos sobre coisas passageiras, que passam. Ou construímos sobre rocha firme, que não desmorona. A rocha firme, a muralha, o nosso refúgio é Deus. "Todo aquele que ouve as minhas palavras e as põe em prática é como o homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, vieram as torrentes e sopraram os ventos contra aquela casa; mas ela não caiu, porque estava fundada sobre a rocha".
       Nossa Senhora constrói a sua casa sobre a rocha firme. Um dia fazem saber a Jesus: Tua Mãe e Teus irmãos estão lá fora... Jesus responde: quem é Minha Mãe e Meus irmãos? Quem escuta a Palavra de Deus e a põe em prática, esse é Minha Mãe, Meu irmão, Minha irmã.
       O desafio para hoje, proposto pelo Pe. Luís Rafael é então confiar no Senhor, a nossa muralha e o nosso refúgio, construir a nossa vida sobre a rocha firme da Sua palavra procurando pô-la em prática, imitando Maria, próxima de Jesus porque é a Sua Mãe, mas também por escutar a Palavra de Deus, concretizando-a na sua vida.

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Novena da Imaculada Conceição 2017 - Oitavo Dia

       Temos um Deus que gosta de nós. Um Deus que está próximo e nos ama. Ama e cuida de nós.  Que enxugará as nossas lágrimas (Is 25, 6-10a). Prepara-nos a mesa. Uma refeição. Não um sandes, mas um banquete. Quando vimos à Igreja, tomamos parte neste banquete, temos mesa, temos pão e vinho. Venhamos com alegria.
       No Evangelho (Mt 15, 29-37 ), o cuidado e atenção nos gestos e na postura de Jesus. Não é indiferente. Age. Cura os coxos, os aleijados, dá vista aos cegos, devolve a voz aos mudos. Talvez precisemos que Jesus nos devolva a visão para vermos a realidade, nos dê a voz para denunciarmos as injustiças, nos redime do nosso coxear, do nosso pecado. Este é como uma pedra no sapato, faz-nos andar torcidos...
       O cuidado de Jesus, este Deus que nos quer bem, continua. Aquela multidão está faminta, pois há três dias que O acompanham sem comer. O nosso Deus é um Deus atento. Jesus faz saber aos seus discípulos que é necessário fazer algo por aqueles homens e mulheres. Os apóstolos hesitam, argumentam sobre a falta de meios. Jesus pede-lhes o que têm. Jesus atende-nos e faz-nos milagres, mas contando connosco.
       Maria é bem diferente dos apóstolos, estes só reparam depois de Jesus os chamar a atenção. Maria está atenta, como nas Bodas de Caná, e intervém quando é preciso. Assim devemos ser nós, atentos, observadores, prontos para fazer o que está ao nosso alcance para ajudarmos quem mais precisa.

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Novena da Imaculada Conceição 2017 - Sétimo Dia

       Se no dia anterior a alegria esteve no centro da reflexão, foi a alegria o ponto de partida para a pregação deste sétimo dia de novena. As palavras do Evangelho (Lc 10, 21-24) dizem-nos que Jesus exultou de alegria. E qual a motivação desta alegria? A verdade e a salvação que veio revelar à humanidade inteira, mas desvendada, percebida e acolhida pelos mais pequeninos. Com efeito, é a pequenez que nos faz perceber a grandeza de Deus. Por vezes não são aqueles que estudam muitas coisas acerca de Deus que sabem mais de Deus. Pessoas mais simples, muitas vezes, percebem e acolhem mais facilmente os mistérios de Deus. «Eu Te bendigo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas verdades aos sábios e aos inteligentes e as revelaste aos pequeninos».
       A simplicidade, a pobreza, a pequenez que deixam ver Jesus. Jesus faz-Se tão pequeno que é um de nós. Ele vem para servir, não para ser servido ou para dominar. Ser pequenino é ser parecido com Jesus. Foi assim com Maria. No Magnificat, Maria alegra-se porque na Sua humildade Deus pode ser encontrado, pode ser visto e pode ser louvado. «Ninguém sabe o que é o Filho senão o Pai, nem o que é o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar». No rosto de Jesus podemos encontrar o rosto do Pai. Também nós somos provocados a sermos parecidos com Jesus, a sermos cara chapada do mesmo Deus. Se Ele é Pai de todos, todos nós somos filhos, então todos devemos ser parecidos, para que quem nos veja possa ver o Pai.
       Os desafios para este dia: fazer-se pequeno ao jeito de Jesus, contrapondo à tendência do mundo, para o qual os pequeninos são excluídos; procurar ser parecido com Jesus, tal como Ele o é em relação ao Pai, também nós em relação a Jesus, porque irmãos, filhos do mesmo Pai, então todos parecidos com o Pai; então ajamos em atitude de serviço para com os outros imitando Jesus, imitando Nossa Senhora.

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Novena da Imaculada Conceição 2017 - Sexto Dia

(Seminário de Resende, 5 de junho de 2010)

       Uma senhora muito devota, ia a Missa e levava o neto. Sempre que se aproximava da comunhão assumia uma expressão muito séria e carregada. O neto que a acompanhava muitas vezes olhava para ela, assimilando a postura e as expressões. Ao comungar esta senhora suspirava profundamente, com uns "ais" bem sonoros. O neto, entretanto, aproximava-se da celebração da Primeira Comunhão e um dia perguntou à avó: Vovó, comungar dói muito?
        Uma pequena estória proposta pelo pregador, o Pe. Luís Rafael, para sublinhar a alegria que a fé, a vivência em comunidade, a participação na Eucaristia, na Novena, nas "coisas" da Igreja deve suscitar, ao ponto de outros perguntarem, não se dói, se custa muito, mas como é que é, o que é que vos deixa tão satisfeitos, tão alegres?
       O Evangelho, ponto de partida para a pregação, apresentava-nos o Centurião que vai ter com Jesus para que Ele socorra o seu criado (Mt 8, 5-11). Sublinhe-se que era um estrangeiro, não era judeu, e a acrescentar ainda o facto de estar ao serviço de uma potência estrangeira. Como estrangeiro, não teria direito à intervenção de Deus, à salvação, reservado precisamente aos judeus. Contudo, o Evangelho mostra que Jesus vem para todos e a salvação está acessível a todos, tem mais a ver com a predisposição do coração. O centurião vai até Jesus, acredita e confia em Jesus. E Jesus responde de imediato: irei curá-lo. Vem então a consciência do centurião: «Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa; mas diz uma só palavra e o meu servo ficará curado». A consciência humilde do seu pecado perante a grandeza de Jesus, mas não deixa de se dirigir a Ele. Esta é a humildade com que devemos aproximar-nos de Jesus, conscientes da nossa fragilidade e do nosso pecado, mas certos de que Ele nos cura, nos salva, nos redime.
       E depois a alegria com que vivemos o nosso encontro e a nossa fé. A alegria do centurião ao regressar a casa. A alegria de Nossa Senhora, por exemplo, quando vai apressadamente ao encontro da Sua prima santa Isabel. Vai feliz da vida, sem lamentos nem protestos, simplesmente vai, levando também a alegria no Seu seio, ao encontro de uma grávida, estando grávida do Salvador. Seja essa também a nossa alegria de sermos e vivermos como cristãos.

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Novena da Imaculada Conceição 2017 - Quinto Dia

       O 5.º dia da Novena coincidiu com o 1.º Domingo de Advento, tempo de preparação para a celebração do Natal, o nascimento de Jesus. Por ser domingo a dinâmica da Novena alterou-se um pouco, uma vez que a Eucaristia foi celebrada da parte da manhã. Sendo assim, a Eucaristia foi exposta em adoração e diante do Santíssimo Sacramento rezamos com Maria a Jesus, para que no Filho, pelo Espírito Santo sejamos acolhidos pelo Pai.
       Depois da recitação do Rosário, a proclamação do Evangelho deste domingo, em que Jesus nos desafia a estarmos preparados, vigilantes, pois o "dono da casa" virá a horas imprevistas e tendo-nos confiado a casa o expectável é que nos encontre acordados para o receber e com a casa bem arrumada.
       O Pe. Luís Rafael centrou a pregação na necessidade de prepararmos bem a vinda de uma Pessoa importante, de uma Pessoa muito especial, Jesus. Tal como fazemos quando vem uma personalidade importante à nossa terra, por exemplo, o Presidente da República, em que limpamos estradas e caminhos, tapamos buracos, arrancamos as ervas, as urtigas, as silvas, assim também, ao prepararmos a vinda de Jesus, arranquemos as urtigas que existem em nós, sabendo que picam, que picam quem se aproxima de nós. Se recebemos uma visita em casa, arrumamos melhor a casa, mesmo que esteja habitualmente arrumada, fazemos uma comida especial e ansiosamente esperamos, vamos espreitando pela janela a ver se a pessoa está a chegar. Então também com Jesus, vivamos nesta ansiedade pela Sua chegada, preparemo-nos bem para O acolhermos bem.
       Afinal, Ele quer estar connosco, tanto que Se fez um de nós. Tanto que não apenas Se fez um de nós mas Se transformou em Pão. Mais simples e mais acessível. Está ao nosso lado, está na Eucaristia, está exposto como Santíssimo Sacramento. Agora é a nossa vez de O acolhermos, de O acolhermos bem.
       Quando uma mulher está grávida, e muitas mulheres que estão na assembleia já estiverem grávidas, preparam tudo com antecedência para acolher o filho que vai nascer e sabendo quando darão à luz, preparam tudo para levar para o hospital, pijama, roupinha do bebé. Ela preparou-se durante 9 meses. Nós temos um pouco menos de 4 semanas para prepararmos bem, exterior e interiormente a vinda de Jesus. Em vésperas da Solenidade da Imaculada Conceição temos o Sacramento da Reconciliação para dessa forma nos prepararmos interiormente para a celebração festiva do nascimento de Jesus.

sábado, 2 de dezembro de 2017

Novena da Imaculada Conceição 2017 - Terceiro Dia

       A liturgia da Palavra ofereceu-nos como 1.ª Leitura um texto apocalíptico de Daniel, com imagens de animais, fortes, ferozes. Correspondem a 4 reinos cuja grandeza, riqueza e poder dominam e metem medo, mas não perdurarão, tem os dias contados. Num segundo momento, surge «alguém semelhante a um Filho do homem. Dirigiu-Se para o Ancião venerável e conduziram-no à sua presença. Foi-lhe entregue o poder, a honra e a realeza, e todos os povos, nações e línguas O serviram. O seu poder é eterno, não passará jamais, e o seu reino jamais será destruído» (Dan 7, 2-14).
       No Evangelho, Jesus fala na proximidade do reino, garantindo, que «não passará esta geração sem que tudo aconteça. Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão» (Lc 21, 29-33).
O Pe. Luís Rafael sublinhou que tudo passa, só não passa a Palavra de Deus, o reino de Deus permanece. E não apenas passa, a Palavra de Deus trespassa. Jesus é trespassado com um lança. Assim a Palavra de Deus deve trespassar-nos, deixar marcas em nós, para que possamos também transparecer essa Palavra que nos atravessa.
       Não é uma Palavra qualquer. É uma Palavra que marca. Beijamos o Evangelho, porque é importante. Não se beija um papel, a não ser alguma fotografia de quem gostamos, a quem amamos. Amamos a Palavra de Deus.
       Nossa Senhora deixou-se trespassar pela Palavra de Deus, acolhendo-A no Seu coração e no Seu ventre, na Sua vida. n'Ela podemos ler a Palavra de Deus. É uma Bíblia aberta. Trespassada pela Palavra de Deus, dá-no-l'A. Assim nos cabe a nós fazer o mesmo: amar a Palavra de Deus. Beijar a Palavra, deixarmo-nos trespassar pela Palavra de Deus e sermos uma Bíblia aberta para os outros, que eles descubram em nós a Palavra e a presença de Deus.

quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Novena da Imaculada Conceição 2017 - Segundo Dia

       Ao segundo dia de NOVENA, a Festa do Apóstolo Santo André. O Pe. Luís Rafael, tendo como referência Santo André, mas partindo sempre da liturgia da Palavra, começou por lembrar a importância da pregação para a fé. "Se confessares com a tua boca que Jesus é o Senhor e se acreditares em teu coração que Deus O ressuscitou dos mortos, serás salvo. Pois com o coração se acredita para obter a justiça e com a boca se professa a fé para alcançar a salvação".
       É a pregação que conduz à conversão, à fé, à adesão a Jesus Cristo (cf. Rom 10, 9-18). Não fales com estranhos, não fales com desconhecidos. é a recomendação dos nossos pais. Ora se Deus é desconhecido como podemos acreditar com o coração e professá-l'O com a boca? Se ninguém nos falar de Deus, Ele será então um desconhecido. Nós temos fé porque alguém O tornou conhecido para nós, os nossos pais e avós, as nossas catequistas, outras pessoas mais velhas que nos ensinaram a conhecer melhor Jesus, os nossos párocos. E assim foi com os Apóstolos, conhecendo Jesus Cristo puderam dá-l'O a conhecer a outros através da pregação, do testemunho.
       O Evangelho deste dia (Mt 4, 18-22) mostra como Jesus Se deu a conhecer aos Apóstolos, os chamou para O seguirem, O acompanharem e posteriormente darem d'Ele testemunho para que para outros Jesus Se tornasse conhecido. A pregação, esta Novena visa precisamente conhecer cada vez melhor Jesus, para nos tornamos Seus discípulos, nos tornarmos pescadores de homens e de mulheres. O contexto do chamamento apostólico é um mar. Para nós, sublinhou o Pregador, o mar é sinónimo de férias, relaxamento, de descanso. Para os apóstolos o mar é sinónimo de trabalho, de fadiga, de sofrimento e de morte. É a esse mar que Jesus os vai chamar. É para isso que Jesus dá a Sua vida. É o mistério da Sua morte e sobretudo da Sua ressurreição. Pescar homens e mulheres para os libertar do sofrimento e da morte. Com a Sua ressurreição, Jesus pescou-nos ao mar da morte, primeiro da Sua e depois da nossa. Depois chamou os apóstolos e chamou-nos também a nós, para sermos pescadores e pescarmos homens e mulheres ao mar do sofrimento, dos flagelos e da morte.
       Maria tem tudo a ver com isto. Ela dá-nos a conhecer Jesus, para que Ele não seja um desconhecido para nós e assim possamos acreditar n'Ele com o coração e professá-l'O com a boca. Foi ela que nos pescou a todos, nos tirou do mar das nossas casas, onde por vezes vivemos a dor, o sofrimento, e nos trouxe para melhor conhecermos Jesus, melhor O testemunharmos.

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Novena da Imaculada Conceição 2017 - Primeiro Dia

      A Paróquia de Tabuaço, como certamente outras comunidades paroquiais, vive um tempo de graça, com a NOVENA de preparação e em honra de Nossa Senhora da Conceição, nossa Padroeira. Este ano o Pregador da Novena e da Festa é o Pe. Luís Rafael, natural de Vila da Ponte, Pároco de Almacave e responsável pelo Departamento Diocesano da Pastoral dos Jovens, tendo sido ordenado sacerdote a 2 de julho do corrente ano de 2017.
       Situando-nos à volta da Liturgia da Palavra, o Pe. Luís Rafael fez-nos revisitar o banquete de Nabucodunosor (Dan 5, 1ss), rei da Babilónia, um dos impérios que subjugou os judeus. Num banquete onde prevaleceu a maldade até que uma mão escreve na parede, vem o temor pelo mal feito e o pedido a Daniel para interpretar as palavras escritas por aquela mão, revelando-se a fragilidade daquele reino.
       Fazer as coisas corretas, ser cristão, seguir Jesus Cristo nem sempre é fácil, como referiu Jesus aos seus discípulos (Lc 21, 12-19). Uma das palavras vincadas no Evangelho é precisamente a que é dita também a Nossa Senhora pelo Anjo aquando da Anunciação: não temas!
      O mal pode levar-nos a tremer como varas verdes, mas deve levar-nos sobretudo à confiança em Deus, acolhendo-nos à Sua misericórdia. Preparamo-nos para a Festa da Senhora da Conceição, mas também para irmos até Jesus, reconhecendo o nosso pecado e recebendo o Seu perdão para prosseguirmos. Segui-l'O nem sempre é fácil, mas é decisivo, faz-nos bem, é bonito. Tal como Maria não temamos dar testemunho d'Ele, como Ela. Se ela tivesse optado pelo medo, não nos teria dado Jesus.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Novena da Imaculada Conceição 2016 - nono dia

       Ao nono dia, o Pe. Joaquim Dionísio, Pregador da Novena e da Festa de Nossa Senhora da Conceição fixou-se na nossa condição de discípulos missionários.
       A Palavra de Deus revela-nos Deus, mas também nos revela a nós. Quem melhor nos fala de Deus é Jesus Cristo, pelas palavras e pelos gestos, pela sua postura. Para os judeus Deus era juiz, distante, pronto para castigar. Jesus revela um Deus bom, um Deus que é Pai. Se é Pai, ama-nos. Sempre. Não desiste de nós. Para os judeus, Deus deve ser tratado com respeito, com distância, com frieza, pode-Se zangar. Para Jesus, Deus é tão próximo que espera por nós. Sublinha-se sobretudo o amor, a misericórdia, a proximidade de Deus. Se é Pai, ama. Ama todos os filhos. Todos somos filhos. Diante de Deus somos todos iguais. Todos contamos.
       As palavras de Jesus são revolucionárias ao mostrar-nos que Deus confia em nós e também nós devemos confiar. Se confiamos, anunciámo-lo. A missão de Jesus é revelar-nos o Amor do Pai. Como Seus seguidores a nossa missão é segui-l'O e deixarmos transparecer, testemunhar, viver esse amor de Deus. Somos discípulos missionários. É essa a temática para este nono dia de novena.
       O Papa Francisco utiliza a expressão sem o "e" que ligava os discípulos e missionários, podendo entender-se que poderíamos ser uma coisa sem a outra. A expressão discípulos missionários sublinha de imediato que uma dimensão exige a outra. Não podemos ser discípulos sem nos tornarmos missionários. A Igreja é por natureza missionária, é a sua identidade, como sublinha um dos documentos do Vaticano II (1962-1965). O cristão, todo o batizado, parafraseando o concílio, é por natureza missionário. Ninguém está dispensado.
       Santa Teresa do Menino Jesus, que entrou para o Carmelo com 15 anos e morreu com 24 anos de idade, é a Padroeira das Missões, sem ter saído do convento, mas pelo seu grande amor à missão, pela preocupação de testemunhar Jesus em todos os ambientes. Também nós podemos ser missionários, em nossa casa, no trabalho, onde quer que nos encontremos. Como batizados somos discípulos do Senhor. Todos somos chamados. Não apenas os que são perfeitos. Se a Igreja fosse constituída apenas por pessoas perfeitas, então a igreja estaria vazio porque nenhum de nós estaria cá. Olhemos para os discípulos de Jesus: Judas que O vende por 30 moedas. Pedro que o nega por três vezes - não O conheço - quando tinha comido com Ele várias vezes. Tomé que só acredita se vir as Suas chagas.
       Também nós somos chamados, não por sermos bons, mas porque somos filhos e Ele nos ama como filhos.
       Somos discípulos missionários na oração, colocando-nos confiantes nas mãos de Deus. Não apenas fé, mas confiança. Por vezes acreditamos mas temos dificuldade em acreditar.
       Uma pequena história. Um malabarista chegou a uma aldeia, na praça onde as pessoas se juntaram, atou a ponta de uma corda a um poste, num dos lados da praça, e a outra ponta da corda noutro poste do outro lado da praça. Perguntou: quem acredita que eu passo de uma lado para o outro sem cair. Se caísse corria o sério risco de morrer, tal era a altura a que estava colocada a corda. Todos responderem que acreditavam. E passou para o outro lado. Voltou a perguntar se acreditariam se regressaria em segurança ao ponto inicial. Todos responderam que acreditavam. Depois pegou numa vara, e à mesma pergunta responderam que acreditavam, e também no regresso ao ponto inicial. Pegou numa carreta, colocando-a sobre a corda e perguntou quem acreditava que ele passasse de um para outro lado. Todos disseram que sim. E ele mais uma vez passou em segurança. Quando chegou ao outro lado, perguntou quem queria colocar-se na carreta para ir para o outro lado. Ninguém se ofereceu. A não ser o filho. Acreditavam nele e nos seus feitos, mas não confiaram. Por vezes temos de confiar. Confiar em Deus. Assumir a fé e ter confiança em Deus que é Pai e nos ama.
        Peçamos a Maria, a Virgem Imaculada que nos mostre o caminho do seguimento, do discipulado. Fazei o que Ele nos disser. Se A queremos honrar é fazendo o que Ela nos manda. E Ela remete-nos para Jesus. Ela mostra-nos o caminho a seguir, ajuda-nos nas dificuldades, mostra-nos a misericórdia de Deus em Quem podemos confiar.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Novena da Imaculada Conceição 2016 - oitavo dia

       Deus revela-Se numa imagem tão simples e de fácil perceção. É jesus que nos mostra o Pai. É em Jesus que Deus melhor Se revela. A imagem do Bom Pastor. Tem 100 ovelhas, mas uma delas saiu do aprisco (cf. Mt 18, 12-14). Então o bom Pastor deixa as 99 nove ovelhas e vai em busca da que anda perdida. Para Deus todos contam, mas nenhum se perde no conjunto. Todos têm lugar. Cada pessoa.  
     Deus conhece-nos, ama-nos como filhos. Não desiste de nós. Lembremos a parábola do Filho Pródigo que evidencia a misericórdia daquele Pai, a misericórdia de Deus que é Pai. O filho apronta uma justificação. O Pai mal avista o filho à distância corre para o abraçar e nem o deixa terminar com as justificações.
       É aqui que podemos falar do Sacramento da Reconciliação, em vésperas da sua celebração dentro da Novena da Imaculada Conceição. Vamos então falar do Sacramento da Penitência. Foi desta forma que o Pe. Joaquim contextualizou a sua reflexão.
       Os Sacramentos são 7 e abarcam a vida da pessoa, desde o nascimento ao fim da sua vida histórica. Três deles só se celebram uma vez na vida, pois marcam a pessoa para sempre: o batismo, a confirmação e a ordem. O Sacramento da Reconciliação pode celebrar-se as vezes necessárias.
       Em primeiro lugar, sublinhar que os Sacramentos são um encontro festivo com o Senhor. Não recebo os sacramentos por superstição (vou receber um sacramento, porque me pode acontecer algo se não o receber). Os sacramentos não são mágicos. A graça de Deus atua em nós mas não anula da nossa natureza, a nossa vontade. Os sacramentos não são individualistas. Não é para mim, ou é o meu sacramento, mas da Igreja, de Cristo, configuram-nos a Cristo e inserem-nos na comunidade. Sublinha-se a dinâmica de encontro com o Senhor.
       Por outro lado, o Sacramento da Penitência, muitas vezes visto mais como um tribunal de penitência, do que um encontro libertador. Culpa da Igreja que acentuou uma dimensão mais acusatória. Na recente Carta Apostólica, Misericordia et Misera, o Papa relembra que os sacerdotes confessores não são juízes, não devem estar preocupados em saber coisas, curiosidades sobre os penitentes, devem acolher, escutar, aconselhar, comunicar a graça de Deus. É Deus quem perdoa.
       O Sacramento da Reconciliação e a dúvida acerca da misericórdia de Deus. Ora, relembrando novamente a parábola do Pai Misericordioso, o filho prepara uma desculpa que o justifique nos seus devaneios, o Pai faz festa pelo regresso do filho, faz festa por aquele que volta, como no caso da ovelha perdida.
       Outra dúvida: acerca de nós. Vou confessar-me mas vou voltar a fazer o mesmo. Devo confiar mais na graça de Deus. Deus não desiste de nós. Não desistamos nós também. Com a ajuda de Deus, com a Sua graça em mim vou conseguir corrigir este e aquele aspeto, pode não ser logo de uma vez, mas vou conseguir.
       Outro aspeto: não tenho pecados, não mato nem roubo... tenho a consciência limpa... se está limpa é porque não a uso. Todos somos pecadores. Posso não matar com uma faca ou pistola, mas posso matar os sonhos a uma pessoa, ou matar a sua honra quando digo mal dela. No sacramento da Penitência devo olhar mais para mim, fazer exame de consciência. Não vou confessar os pecados dos outros. Pequena história: o pai queixou-se ao filho que a mãe estava cada vez mais surda, não ouvia quase nada. O filho sugeriu ao pai uma experiência para verificar a que distância a mãe não ouvia. De longe o pai começou a perguntar à esposa, que estava na cozinha a preparar o jantar: Maria, o que vamos jantar hoje? E como não ouvisse a resposta foi-se aproximando, à entrada da cozinha, a dois metros, por detrás da esposa e finalmente tocou-lhe e perguntou de novo: Maria, o que temos para o jantar? Ó António já te respondi uma meia dúzia de vezes que eram batatas com frango! Às vezes só vemos o pecado nos outros.
       Que a Imaculada Conceição nos ilumine no desejo de nos aproximarmos do Senhor, com humildade e confiança, certos a benevolência de Deus.

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Novena da Imaculada Conceição 2016 - sétimo dia

       Que bom é ter bons amigos. Como é bom ter amigos como este homem do evangelho (Lc 5, 17-26). Este homem está doente. Quatro (ou mais) amigos que não apenas estão ao pé dele, mas tudo fazem para que a sua situação possa melhorar. Pegam nele e levam-no a Jesus. Fazem-no descer pelo telhado. É uma questão de fé e de esperança. Fé e esperança andam ligadas. A fé colocada em Deus. Assim também a oração. Rezamos por que confiamos. Esperamos ser ouvidos. Claro que rezar não é só falar com Deus. Temos dois ouvidos e só uma boca. Então devemos escutar o dobro do que falamos. Levam-no à presença de Jesus que o cura.
       Como podemos levar os outros até Jesus? Em primeiro lugar pela oração. Oração que assenta na fé e na esperança. É o tema para este dia. Não podemos rezar se não tivermos fé. Rezamos porque acreditamos em Deus e acreditamos que Ele pode fazer o que Lhe pedimos. Senão não rezávamos. Intercedemos por alguém a Deus, porque acreditamos que Deus pode intervir. A vida sem fé, sem esperança, está arruinada. A esperança faz-nos caminhar. Tomamos um medicamento com a promessa que vamos melhorar...
       A oração ainda que por intercessão pelos outros, faz-nos bem a nós, pois dessa forma tomamos consciência que Deus está diante de nós, como Alguém que nos ama e em Quem podemos colocar a nossa confiança. A oração faz-nos escutar Deus. Como víamos, rezar não é apenas proferir palavras, recitar oração. É também escutar a nossa consciência, onde Deus nos fala.
       Oração e silêncio. Estar calado também é oração. Por vezes é mais importante fazer silêncio para ouvir Deus. Como Maria. Muitas vezes se diz que Maria guardava todas aquelas coisas no coração. Mais que falar a Deus, deixava que Deus Lhe falasse e guardava tudo no coração.
       Oração e humildade. Lembremos a parábola que Jesus contou sobre o fariseu e o publicano que subiram ao templo para rezar. O fariseu rezava - obrigado por não ser como aquele... Estava centrado em si mesmo, falando dos seus méritos, dispensando Deus. A soberba fecha-nos a Deus e aos outros. O publicano nem ousava olhar para o alto, para Deus, e com humildade dirigia o seu coração para a misericórdia de Deus e bem sabemos como atua a misericórdia de Deus. Por maior que seja o nosso pecado, maior é a misericórdia de Deus.
       Oração e ação. A oração não nos afasta dos outros. A oração compromete-nos. Próximos de Deus, próximos uns dos outros. Como aquele homem que rezava, rezava a Deus que lhe saísse a lotaria. Um dia Deus respondeu-lhe: pelo menos compra a cautela. Faz pela vida. Ou como o estudante que reza, mas não estuda. A oração não premeia a preguiça. Deus ajuda-nos quando nós fazemos por isso. Recebemos tantos dons! A oração faz-nos também tomar consciênca dos dons recebidos e da necessidade de os partilhar. Quando acordamos de manhã isso é um dom. É um verdadeiro milagre.
       Oração e santificação. A oração predispõe-nos à conversão. Aquele publicano saiu justificado, isto é, perdoado dos seus pecados. Não há santos sem passado, nem pecador sem futuro. Ou seja, os santos também caíram, mas souberam levantar-se e ir até ao fim, confiando na misericórdia de Deus. Os pecadores têm futuro porque estão a tempo de se converter e beneficiarem do perdão de Deus.
       Os santos são para nós um exemplo de caminho, de fé, de oração. O melhor exemplo é Maria. Confiou em Deus e entregou-Se totalmente à Sua vontade.
       O pregador, Pe. Joaquim Dionísio, terminou a sua reflexão convidado-nos a que sejamos estes bons amigos do Evangelho, prontos para levarmos outros a Jesus e a deixarmos que outros nos levem a Jesus.

domingo, 4 de dezembro de 2016

Novena da Imaculada Conceição 2016 - sexto dia

       No sexto dia da Novena, caindo em Domingo, a Novena incluiu a recitação do Terço, a Exposição, Adoração e Bênção do Santíssimo. A pregação do Pe. Joaquim partiu de um texto de São João (5, 1-9), em que Jesus cura um paralíptico que estava à beira da piscina de Betzatá.
       Depois da proclamação deste texto, o Pregador relembrou o texto do Evangelho proclamado neste segundo Domingo de Advento e que fala de João Batista. Três notas acerca do Evangelho deste dia em relação a João Batista: um anúncio, um convite, uma ameça. Anúncio: O reino de Deus está a chegar. É uma Boa Notícia. É Evangelho.Um convite/desafio: Convertei-vos. A conversão é caminho que nos leva a Jesus.
       Um aviso, uma ameaça: a machado está posto à raiz, toda a árvore que não dá fruto é cortada e deitada ao lume. Daí a necessidade da conversão, a adesão ao anúncio, fazendo com que este anúncio nos leve ao compromisso com os outros.
       Por outro lado, a figura de Santa Faustina, que é a confidente de Jesus para a misericórdia e que estará em evidência na paróquia durante o mês de dezembro (Um santo Missionário por mês - iniciativa arciprestal). Ao longo do ano pastoral anterior, a vivência do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, convocado pelo Papa Francisco. E para quê um ano dedicado à misericórdia?
A ponte entre João Batista e Santa Faustina. Anúncio do Reino de Deus que está a chegar e desafio à conversão. Misericórdia divina em abundância, esbanjada a favor de todos. Era necessário um Jubileu da Misericórdia para que todos tivessem (e soubessem) acesso á misericórdia de Deus. Naquela piscina só podia entrar um doente de cada vez. Quando a água começa agitar-se, quem pode entra na piscina. Só se pode salvar um de cada vez. Solidários na doença, mas junto à piscina tornam-se adversários, há rivalidade a ver quem entra primeiro e se salva. Ora o Jubileu da Misericórdia lembra-nos que todos podemos ser salvos. Não importa se se chega antes ou no fim. Todos podem aceder à salvação, que é dom gratuito de Deus a todos.
       Sobre a Misericórdia três notas fundamentais. A misericórdia é dom de Deus. Deus é a Misericórdia que nos procede. Agimos com misericórdia porque antes Deus agiu desse modo connosco. A misericórdia é dom mas torna-se dever (1). Se recebemos de graça, de graça havemos de dar. Os dons só se preservam se forem gastos a favor dos outros. A misericórdia exige proximidade (2). Proximidade física, espiritual ou afetiva, mas proximidade. Lembremos a parábola do Bom Samaritano. O levita e o sacerdote cumprem a Lei, pensam em si mesmos... O que nos acontece se nos aproximarmos? Afastam-se, mantém-se à distância. Po sua vez, o samaritano pensa, não sem si, mas no que acontecerá se não se aproximar daquele homem? Aproxima-se. É válido também para nós, a distância afasta-nos dos outros, a proximidade redime, cura, salva-nos. 
       A misericórdia traduz-se, concretiza-se, pela compaixão (3). Não é ter pena do outro. Isso é diminuir o outro. Se temos pena, não o reconhecemos como igual, com a mesma dignidade. Podemos e devemos sentir compaixão. Esse é proceder de Deus para connosco, compadeceu-Se de nós, do nosso pecado, vindo ao nosso encontro.
       O Jubileu da Misericórdia foi/é importante para nos lembrar que esta piscina é para todos, venham antes ou depois, peçam perdão muitas vezes ou uma vez apenas, venham muitas vezes à Missa ou só no fim da vida. A Pedro, depois da negação, Jesus há de perguntar pelo amor: Pedro, Tu amas-Me? Não pergunta quantas línguas conhece, que capacidades tem, pergunta pelo amor. Amar é quanto basta. No dizer de Santo Agostinho, ama e faz o que quiseres. Amar é bom. Lembremos o amor das mães pelos filhos e quanto fazem para o bem dos filhos. "No entardecer da vida seremos julgados pelo amor" (São João da Cruz). Como nos lembra São Mateus no capítulo 25: tive fome e deste-me de comer, tive sede e deste-me de beber... a pergunta é pelo amor ou pela falta de amor, de compaixão. Conta-se a história de um rabino que interrogou os seus discípulos acerca do momento em que a noite dava lugar ao dia. As respostas são variadas e também as podemos dar: quando distinguimos formas, ou vemos os degraus, ou conseguimos ler um texto. Então o rabino responde-lhes: é dia quando encontras o outro e o reconheces como irmão.
       Com São João Batista, escutemos o anúncio, deixemos-nos desafiar à conversão e arrependimento e procuremos dar fruto, para sermos árvores que perduram para a vida eterna.
       Com Santa Faustina, abramo-nos à misericórdia de Deus, recebendo-a possamos partilhá-la com os outros.
       Nossa Senhora saibamos gastar-nos a favor dos outros como Ela Se gastou e continua a gastar a favor da humanidade. Os muitos dons que recebeu de Deus fê-los frutificar no serviço e cuidado da humanidade.

Novena da Imaculada Conceição 2016 - quinto dia

       O nosso pregador, o Pe. Joaquim Dionísio, tendo em contra a presença das crianças da catequese, utilizou uma metodologia mais dialógica, começando por perguntar o que ia surgir em frente ao altar. Relembramos que a Paróquia de Tabuaço está a participar na Caminhada do Advento-Natal para o Arciprestado de que faz parte. O projeto é ir construindo o Presépio, tendo como pano de funda a liturgia da palavra e a ligação ao Plano Pastoral da Diocese. O espaço escolhido foi em frente ao altar. A resposta não se fez esperar: vai ali aparecer Jesus, o Presépio. Mas ainda não está o Menino Jesus, sóno dia de Natal. Então que fazer? Esperamos. E Durante a espera? Comemos, dormimos, brincamos... E que mais podemos fazer enquanto esperamos?
       O Pe. Joaquim propôs então uma pequena história. Se temos que ir de viagem... o autocarro sairá pelas 9h00. Mas chego à paragem pelas oito horas? O que faço? Espero. E enquanto espero o que posso fazer. Podemos. Um menino chegou assim cedo, pegou na consola e pôs-se a jogar. Chegou outro e aproveitou para ler. Um outro ia olhando à sua volta. Viu então uma senhora de muita idade a atravessar a estrada, levantou.-se e foi ajudá-la.
       Enquanto esperamos podemos fazer várias coisas. Deveríamos fazer coisas positivas. É uma espera ativa. Como Maria. Enquanto Jesus não nasce, sabendo que a sua prima se encontra grávida vai ajudá-la. Podia ficar de braços cruzados, mas optou por sair e ir ao encontro.
       O Evangelho hoje falava de uma figura. Quem? João. João Batista? E o que ele fazia? Batizava. Por isso se chama João, o Batista. Ele anuncia e prepara a vinda de Jesus. Diz-nos o que fazer enquanto esperamos. É um homem esquisito, come gafanhotos e mel silvestre. Mas é um homem sério, coerente. Diz ao que vem. Diz o que tem a fazer. Mais vale ser antipático e ser verdadeiro, do que muito simpático e mentiroso. João prega a verdade, procura a verdade, denuncia as injustiças e a corrupção. Outro dos aspetos é a sua humildade. Ele poderia ter a fama que quisesse, mas prefere manter-se pequenino, aponta para o Messias.
       João prepara a vinda de Jesus. É a sua missão. Os pais e as catequistas hão de ser como João Batista, optando pela verdade, pela coerência, pela humildade. São os primeiros educadores dos filhos. Têm a missão de comunicar os valores e as referências, também a pertença e a inserção na comunidade crente. A fé aproxima-nos da comunidade, faz-nos participar da vida comunitária. A fé não isola, pelo contrário leva-me ao encontro do outro para atender às suas necessidades.
       Podemos esperar por Jesus de braços cruzados, a jogar ou a brincar, ou distraídos da vida. Ou podemos esperar ativamente, como Nossa Senhora, que soube que a sua prima Isabel estava grávida e não ficou em casa à espera que Jesus nascesse, foi ter com ela para a ajudar. Podemos muitas coisas enquanto esperamos, façamos coisas positivas.