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terça-feira, 20 de março de 2018

VL – Unção dos pés de Jesus

Na Caminhada da Quaresma, o desafio é descalçar-nos dos sapatos velhos e apertados pelo pecado e pela morte e calçarmos as sandálias do Pescador, o calçado leve do perdão, da atenção e do serviço ao próximo.

Como são belos os pés do mensageiro da paz! Corre veloz pelas montanhas para levar longe a Mensagem de Deus. Na Sagrada Escritura podemos encontrar diferentes momentos em que se acentua o caminhar, os pés que nos impulsionam para os outros. 

No Evangelho de João, num contexto mais próximo da Sua morte, Maria de Betânia unge-lhes os pés. Com efeito, Betânia é um lugar familiar. Perto de Jerusalém, Jesus têm ali amigos com quem pode contar, tais como Maria, Marta e Lázaro. Em outra ocasião, Jesus chama a atenção para Marta pois não apenas anda atarefada como resmungona em relação a Maria que escuta, que está aos Seus pés, a escutá-l’O e a fazer com que Ele se sinta em casa, se sinta acolhido e tranquilamente resguardado (cf. Lc 10, 38-42). É nesta família que se visualiza, por antecipação, o que está para acontecer. Por um lado, a ressurreição de Lázaro (Jo 11, 1-43), sinal da ressurreição futura de Jesus, ainda que a de Lázaro não seja definitiva. Por outro, os adversários de Jesus veem aqui a perigosidade da fama de Jesus, colocando-os a eles em maus lençóis! Se O seguem e O escutam, deixam de nos seguir, de ir ao Templo, vão questionar cada vez mais as nossas opções e exigências, temos que dar-Lhe a morte! 

Entretanto, seis dias antes da Páscoa, Jesus repousa em casa de Maria, Marta e de Lázaro (Jo 12, 1-11). Maria unge-Lhe os pés com um perfume de alto preço! Ninguém está excluído da vida de Jesus e da Sua amizade! Dá preferência aos pobres e excluídos, mas frequenta famílias com posses! A abundância do perfume revela que não há preço quando se trata de cuidar de alguém. Amar não tem preço e nada é desperdício quando se trata de cuidar. 

Por outro lado, a interpretação de Jesus: Maria prepara-me para a sepultura, unge-me antecipadamente. Então o gesto, que revela cuidado e delicadeza de Maria em relação a Jesus, é também simbolicamente significativo, pois é anúncio da morte, da paixão de Jesus. 

Havemos de ver que o processo que conduz à morte de Jesus é precipitado e tão em ciam do sábado, o dia sagrado para os judeus, que não dá para fazer as unções pós-morte e, por conseguinte, no dia seguinte, pela manhazinha irão ao túmulo com perfumes e unguentos...

VL – Descalça-te, o chão que pisas é sagrado

«Não te aproximes daqui; tira as tuas sandálias dos pés, porque o lugar em que estás é uma terra santa» (Ex 3, 5).

Na Caminhada para a Quaresma 2018, proposta em Arciprestado (Moimenta, Sernancelhe, Tabuaço) e extensível a toda a Diocese de Lamego, ao lado Cruz, somos convidados a colocar caixas de sapatos. Com que propósito? Para descalçarmos os sapatos do pecado, sapatos velhos e apertados que nos impedem de andar ao ritmo de Cristo, para calçarmos as sandálias do Pescador. Cristo calça os sapatos de cada um de nós para caminhar connosco. Cabe-nos agora calçarmo-nos de Cristo na leveza do Seu caminhar, na agilidade do Seu amor, na paixão da Sua entrega, audácia do Seu gastar-Se por cada um de nós.

No monte santo, o Horeb, Moisés aproxima-se da sarça-ardente. Então Deus faz ouvir a Sua voz convidando-o a descalçar-se, pois o chão que pisa é sagrado. Faz-me lembrar a oração sacerdotal quando Jesus reza ao Pai pelos discípulos para que Ele os guarde em Seu Nome, pois estão no mundo. O mundo é sagrado, pois criado por Deus, lugar da vida, da história, do tempo, do encontro entre pessoas e destas com Deus. É aqui que Deus nos salva! É nesta terra que somos chamados a ser humanos, a ser irmãos, a transformar o mundo, tornando-o casa de todos e para todos. Antes, teremos de nos transformar! É um caminho nunca terminado! Temos de nos deixar plasmar pelo Espírito Santo!

Este chão é sagrado! Não podemos pisá-lo ao desbarato. Na mensagem para a Quaresma, o Papa Francisco relembra-nos como fizemos deste mundo um lugar de tragédia, resfriamos o nosso coração, correndo o risco de apagarmos o amor que nos habita. Os outros, continua o Papa, são uma ameaça às nossas certezas: «o bebé recém-nascido, o idoso doente, o hóspede de passagem, o estrangeiro, mas também o próximo que não corresponde às nossas expetativas. A própria criação é testemunha silenciosa deste resfriamento do amor: a terra está envenenada por resíduos lançados por negligência e interesses; os mares, também eles poluídos, devem infelizmente guardar os despojos de tantos náufragos das migrações forçadas; os céus – que, nos desígnios de Deus, cantam a sua glória – são rasgados por máquinas que fazem chover instrumentos de morte». E também as comunidades quando a mentalidade mundana «induz a ocupar-se apenas do que dá nas vistas».

Jesus calçou-se na leveza do perdão e do amor, da ternura e da compaixão. Hoje somos nós os Seus pés com a missão de irmos e fazermos nós também do mesmo modo!

VL – Na planta dos pés, o mapa do caminho percorrido!


Aproximamo-nos da festa das festas cristãs, a Páscoa de Jesus Cristo, celebração do mistério que nos dá Deus na plenitude da oferenda do Seu amado Filho, nos faz participantes da vida divina, enraizando-nos na redenção do mundo, incorporando-nos à Igreja, Seu Corpo mísitico, Sacramento de salvação para a humanidade, fazendo-nos portadores da alegria e da esperança, alicerçadas na certeza que Jesus está vivo no meio de nós. 

Um dos momentos plasticamente significativos é a Ceia do Senhor, instituição da Eucaristia e da Igreja, envio dos Apóstolos. Jesus, sabendo que vai ser entregue, anuncia e torna visíveis as regras do jogo: entregando-Se permanecerá presente através do Seu corpo, a Igreja, através da Sua vida, visível à história nas espécies do pão e do vinho, e, por conseguinte, mandata os Apóstolos para que façam o que Ele faz e o façam em Sua memória. A Sua Ressurreição dará vida à missão evangelizadora dos Seus discípulos, transformará o pão e o vinho em Seu Corpo e Sangue, reunirá a Igreja, sob a ação do Espírito Santo, fazendo-nos viver hoje o Seu mistério pascal. 

Na Última Ceia, Jesus exemplifica o caminho que os discípulos devem seguir para O tornarem presente através da história. E o caminho, está bem de ver, é do serviço. Jesus prostra-Se diante dos Seus discípulos e lava-lhes os pés. 

E porquê a escolha dos pés? 

Pedimos emprestadas as palavras de Luigi Epicopo (Só os doentes se curam): 

«Talvez o faça porque debaixo da planta dos pés da pessoa está o mapa do caminho que percorreu. Onde foi, em que poça caiu, que veredas fatigantes percorreu ou quanta erva fresca calcou. Os pés são o símbolo de tudo aquilo que percorremos com a nossa vida. Lavá-los significa libertar-se de toda aquela terra, muito frequentemente feita de dor, que ficou agarrada a eles. Só quando alguém se afastou significativamente da sua própria história é que pode sentar-se à mesa com Jesus e ouvi-l'O; diferentemente, continuará manter o pensamento naquela terra, naquela dor, naqueles pedras cravadas na carne, e já não haverá tempo para aperceber-se de mais nada além dos seus próprios pés. Não haverá pores-do-sol ou paisagens, rostos ou amor, esperanças ou silêncios, cores ou músicas. Toda a atenção se fixará sempre no seu mapa secreto relegado para o fundo do nosso corpo, naquela parte que toca a terra com todo o resto do corpo, da cabeça ao coração... Jesus liberta os discípulos de uma atenção errada e habilita-os a sentir, a ver, a aperceber-se, a comer, a saborear, a chorar...»

sábado, 17 de junho de 2017

VL – A manhã de Páscoa é (também) hoje - 2

       O mistério da morte e da ressurreição de Jesus faz-nos entrar na comunhão de Deus que é Pai, Filho e Espírito Santo, inserindo-nos no Seu Corpo que é a Igreja. Ele a cabeça, nós os membros. Pelo batismo somos imersos na vida de Deus. Somos novas criaturas. Mergulhamos na Sua morte para ressuscitarmos com Ele. Hoje, como ontem, precisamos de viver ressuscitados e ressuscitar a cada instante na nossa identidade original: filhos de Deus, irmãos em Jesus Cristo.
       A sociedade do nosso tempo é altamente individualista. A cultura do "eu" está na mó de cima. Verificável também no meu grupo, partido, no clubismo, na ideologia. Imersos num mundo global, mas cujas referências e gostos nos comprometem, não com o diferente, mas com quem tem os mesmos gostos que nós. Nas redes sociais aderimos aos grupos afins e excluímos rapidamente quem pensa diferente. Eu e o meu grupo.
       O grupo dos apóstolos faz esta experiência até ao fim. De diferentes origens e com temperamentos diversos. João e André, filhos do trovão; Pedro, impulsivo; Judas Iscariotes tendencialmente revolucionário; Mateus, cobrador de impostos. Filipe letrado. Tão diferentes mas todos lutam por se colocar acima e disputar o lugar cimeiro na futura hierarquia do Reino de Deus. Como grupo fecha-se e impede que outras pessoas entrem. Afastam as crianças (cf. Mt 19, 13-15). Quando encontram um homem a pregar em nome de Jesus e a curar, proíbem-no: "ele não andam connosco" (cf. Mc 9, 38-41). A resposta de Jesus é clarificadora: deixai vir a mim as crianças, é delas o reino de Deus; não o proibais, quem não é contra nós é por nós.
       Olhamos a vida a partir da nossa janela. O outro vê-nos partir da sua janela. São olhares que não se anulam, não veem o mesmo, não são fundíveis. Duas linhas retas, paralelas, nunca se tocam. Também a nossa vida. O problema não está em sermos diferentes, o problema está em não nos aceitarmos diferentes, valorizando as diferenças que nos enriquecem, pois nos fazem ver, ouvir, saborear, saber outras realidades.
       Não é fácil deixarmos alguém entrar no nosso grupo. Não é fácil sentir-nos em casa num grupo que não é o nosso grupo de origem. Somos invasores, o grupo já existia quando chegamos. Quando chega alguém ao nosso grupo parece dividir a atenção que tínhamos uns com os outros, vem desestabilizar os equilíbrios que construímos ao longo do tempo.
       Jesus faz essa experiência com os apóstolos, não desistindo de nenhum, treinando-os para viver em lógica de serviço e de amor.

Publicado na Voz de Lamego, n.º 4416, de 13 de junho de 2017

sexta-feira, 16 de junho de 2017

VL – A manhã de Páscoa é (também) hoje

       O acontecimento fundante do cristianismo é a Páscoa, a ressurreição de Jesus. Não é isolável de toda a Sua vida e do mistério da encarnação. A postura de Jesus ao longo do tempo que vive entre nós também ressuscita: a bondade, a delicadeza, a atenção aos mais frágeis, a convivência com os excluídos ou relegados para as periferias existenciais tais como crianças e mulheres, pecadores e publicanos, doentes e estrangeiros, pobres e escravos. Ressuscita com Jesus uma clara opção pelo amor preenchido de verdade e de doçura.
       Hoje também é dia de Páscoa, pois Jesus vive e está no meio de nós. Liturgicamente, o tempo da Páscoa encerrou com a solenidade de Pentecostes. Na Diocese de Lamego algumas paróquias seguiram a proposta do Plano Pastoral Diocesano, com a Caminhada Quaresma-Páscoa, acentuando em cada domingo um aspeto da liturgia da Palavra, sobretudo a partir do Evangelho, um gesto, um símbolo, um desafio, sempre sob lema “Ide e anunciai o Evangelho a toda a criatura”.
       A CRUZ foi o elemento constante, como expressão de entrega, de amor levado às últimas consequências. A cruz tem Jesus. Jesus leva-nos com a Sua cruz até ao calvário, mas não nos deixa aí, eleva-nos com Ele para a direita do Pai. No final da caminhada, a Cruz preenchida de vida, de colorido, de desafios – vida, ide, paz, amor, pão – e, no centro, Jesus.
      Uma certeza: quem não carrega a sua cruz não pode seguir Jesus. “A cruz de Jesus não é submissão ou resignação, mas um sinal do que supõe fazer frente ao mal… As contrariedades são normais… O sofrimento em si mesmo não é bom nem positivo, é uma parte da existência humana. Só é possível quando é vivido a partir do Amor. É o preço do Amor, do dar-se a si mesmo e isso leva consigo o sofrimento” (Pe. Ricardo, OP).
       Se em cada ano celebramos solenemente a Páscoa de Jesus, em cada domingo, a Páscoa semanal. Em cada Eucaristia, a ação do Espírito Santo torna presente a morte e a ressurreição de Jesus e a Sua presença atual e atuante no meio de nós, até ao fim dos tempos. A Eucaristia faz-nos celebrar a vida de Jesus e confiar-Lhe também a nossa, com os seus escolhos e com as suas esperanças. O desafio e o compromisso é que da Eucaristia nós transpareçamos Cristo Jesus vivo. Por conseguinte, é preciso viver hoje a Páscoa de Jesus, anunciando-O com os nossos gestos de bondade e com a mesma paixão de Jesus, gastando a vida a favor dos outros.

Publicado na Voz de Lamego, n.º 4415, de 6 de junho de 2017

terça-feira, 9 de maio de 2017

Paróquia de Tabuaço - Dia da Mãe 2017

       O primeiro Domingo do mês de maio, este ano a 7 de maio, traz consigo um dia muito especial: o Dia da Mãe. Mais do que a multiplicação das palavras, gestos simples mas comoventes, este ano inseridos também na dinâmica da Caminhada da Quaresma-Páscoa 2017.
       No momento de ação de graça, um momento dedicado às Mães e a entrega de um pequeno vaso com uma semente, relacionando com o Dia Mundial de Oração pelas Vocações, com a Vida, com a sementes da vocação, da vida que se gera, se cuida e faz crescer...
       Algumas fotos da celebração da Eucaristia em Dia da Mãe:

Disponíveis outras fotos: Paróquia de Tabuaço no Facebook.