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sábado, 26 de janeiro de 2019

São Timóteo e São Tito, Bispos

Nota Biográfica:
       Timóteo e Tito, discípulos e colaboradores do apóstolo Paulo, presidiram às Igrejas de Éfeso e de Creta, respectivamente. A eles foram dirigidos as Epístolas chamadas «Pastorais», que contêm admiráveis recomendações para a formação dos pastores e dos fiéis.
Oração: 
       Senhor, que formastes na escola dos Apóstolos os Santos Timóteo e Tito, concedei-nos, por sua intercessão, que, vivendo com justiça e piedade neste mundo, alcancemos a pátria celeste. Por Nosso Senhor Jesus Cristo...

Epístola de São Paulo a Timóteo
Paulo, apóstolo de Jesus Cristo por vontade de Deus, para anunciar a promessa da vida que está em Cristo Jesus, a Timóteo, meu filho caríssimo: a graça, a misericórdia e a paz da parte de Deus Pai e de Cristo Jesus, Nosso Senhor. Dou graças a Deus, a quem sirvo com pura consciência, a exemplo dos meus antepassados, quando, noite e dia, sem cessar, me recordo de ti nas minhas orações. Ao lembrar-me das tuas lágrimas, sinto grande desejo de voltar a ver-te, para me encher de alegria. Evoco a lembrança da tua fé sincera, que também foi a da tua avó Lóide e da tua mãe Eunice e não duvido que é a tua também. Por isso te exorto a que reanimes o dom de Deus que recebeste pela imposição das minhas mãos. Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de caridade e moderação. Não te envergonhes de dar testemunho de Nosso Senhor, nem te envergonhes de mim, seu prisioneiro; mas sofre comigo pelo Evangelho, confiando no poder de Deus (2 Tim 1, 1-8).
Epístola de São Paulo a Tito
Paulo, servo de Deus, Apóstolo de Jesus Cristo, para levar os eleitos de Deus à fé e ao conhecimento da verdade conforme à piedade, na esperança da vida eterna. Antes dos tempos antigos, Deus, que não mente, prometeu esta vida eterna, e no tempo determinado manifestou a sua palavra, através da mensagem que me foi confiada por ordem de Deus, nosso Salvador. A Tito, meu verdadeiro filho segundo a nossa fé comum, a graça e a paz de Deus nosso Pai e de Jesus Cristo, nosso Salvador! Eu deixei-te em Creta, para acabares de organizar o que faltava e estabeleceres anciãos em cada cidade, segundo as minhas instruções.
Textos para a Eucaristia: Secretariado Nacional da Liturgia.

Timóteo e Tito os colaboradores mais estreitos de Paulo

Queridos irmãos e irmãs!
Depois de ter falado longamente sobre o grande apóstolo Paulo, hoje tomamos em consideração os seus dois colaboradores mais estreitos: Timóteo e Tito. São dirigidas a eles três Cartas tradicionalmente atribuídas a Paulo, das quais duas são destinadas a Timóteo e uma a Tito.
Timóteo é um nome grego e significa "que honra Deus". Enquanto Lucas nos Atos o menciona seis vezes, Paulo nas suas cartas faz referência a ele dezassete vezes (além disso encontrámo-lo uma vez na Carta aos Hebreus). Deduz-se que aos olhos de Paulo ele gozava de grande consideração, mesmo se Lucas não considera que deva narrar tudo o que lhe diz respeito. De facto, o Apóstolo encarregou-o de missões importantes e viu nele quase um alter ego, como resulta do grande elogio que dele traça na Carta aos Filipenses: "É que não tenho ninguém com igual disposição (isópsychon), que tão sinceramente se preocupe pela vossa vida" (2, 20).
Timóteo tinha nascido em Listra (cerca de 200 km a nordeste de Tarso) de mãe judia e de pai pagão (cf. Act 16, 1). O facto que a mãe tivesse contraído um matrimónio misto e não tivesse feito circuncidar o filho deixa pensar que Timóteo tenha crescido numa família não estrictamente observante, mesmo se foi dito que conhecia as Escrituras desde a infância (cf. 2 Tm 3, 15). Foi-nos transmitido o nome da mãe, Eunice, e também o da avó, Loide (cf. 2 Tm 1, 5). Quando Paulo passou por Listra no início da segunda viagem missionária, escolheu Timóteo como companheiro, porque "era muito estimado pelos irmãos de Listra e de Icóneo" (Act 16, 2), mas fê-lo circuncidar "por causa dos judeus existentes naquelas regiões" (Act 16, 3).
Juntamente com Paulo e Silas, Timóteo atravessou a Ásia Menor até Tróade, de onde passou à Macedónia. Além disso, estamos informados de que em Filipos, onde Paulo e Silas foram envolvidos na acusação de espalhar desordens públicas e foram aprisionados por se terem oposto à exploração por parte de alguns indivíduos sem escrúpulos de uma jovem mulher como maga (cf. Act 16, 16-40), Timóteo foi poupado. Depois, quando Paulo foi obrigado a prosseguir até Atenas, Timóteo alcançou-o naquela cidade e ali foi enviado à jovem Igreja de Tessalónica para ter notícias e para a confirmar na fé (cf. 1 Ts 3, 1-2). Foi ter depois com o Apóstolo em Corinto, levando-lhe boas notícias sobre os Tessalonicenses e colaborando com ele na evangelização daquela cidade (cf. 2 Cor 1, 19).
Reencontramos Timóteo em Éfeso durante a terceira viagem missionária de Paulo. Dali provavelmente o Apóstolo escreveu a Filemon e aos Filipenses, e nas duas cartas a Timóteo resulta co-autor (cf. Fm 1; Fl 1, 1). De Éfeso, Paulo enviou-o à Macedónia juntamente com um certo Erasto (cf. Act 19, 22) e depois também a Corinto com o cargo de levar uma carta, na qual recomendava aos Coríntios que o acolhessem calorosamente (cf. 1 Cor 4, 17; 16, 10-11).
Encontrámo-lo ainda como co-autor da Segunda Carta aos Coríntos, e quando de Corinto Paulo escreve a Carta aos Romanos une nela, juntamente com as dos demais, as saudações de Timóteo (cf. Rm 16, 21). De Corinto o discípulo partiu de novo para alcançar Tróade na margem asiática do Mar Egeu e ali aguardar o Apóstolo que ia para Jerusalém na conclusão da terceira viagem missionária (cf. Act 20, 4). A partir daquele momento sobre a biografia de Timóteo as fontes antigas dão-nos apenas uma referência na Carta aos Hebreus, na qual se lê: "Sabei que o nosso irmão Timóteo foi posto em liberdade. Se vier depressa, irei ver-vos com Ele" (13, 23). Em conclusão, podemos dizer que a figura de Timóteo sobressai como a de um pastor de grande relevo. Segundo a posterior História eclesiástica de Eusébio, Timóteo foi o primeiro Bispo de Éfeso (cf. 3, 4). Algumas das suas relíquias encontram-se desde 1239 na Itália na Catedral de Termoli no Molise, provenientes de Constantinopla.
Depois, quanto à figura de Tito, cujo nome é de origem latina, sabemos que era grego de nascença, isto é, pagão (cf. Gl 2, 3). Paulo levou-o consigo a Jerusalém para o chamado Concílio apostólico, no qual foi solenemente aceite a pregação aos pagãos do Evangelho, que libertava dos condicionamentos da lei moisaica. Na Carta a ele dirigida, o Apóstolo elogia-o definindo-o "meu verdadeiro filho na fé comum" (Tt 1, 4). Depois da partida de Timóteo de Corinto, Paulo enviou Tito a essa cidade com a tarefa de reconduzir aquela indócil comunidade à obediência. Tito restabeleceu a paz entre a Igreja de Corinto e o Apóstolo, que lhe escreveu nestes termos: "Deus, porém, que consola os humildes, consolou-nos com a chegada de Tito, e não só com a sua chegada mas também com a consolação que ele tinha recebido de vós.
Contou-nos ele o vosso vivo desejo, a vossa aflição, a vossa solicitude por mim... Foi por isso que ficámos consolados" (2 Cor 7, 6-7.13). Tito foi enviado de novo a Corinto por Paulo que o qualifica como "meu companheiro e colaborador" (2 Cor 8, 23) para ali organizar a conclusão das colectas em favor dos cristãos de Jerusalém (cf. 2 Cor 8, 6). Ulteriores notícias provenientes das Cartas Pastorais qualificam-no como Bispo de Creta (cf. Tt 1, 5), de onde, a convite de Paulo, alcançou o Apóstolo em Nicópoles no Éfiro (cf. Tt 3, 12). Não possuímos outras informações sobre os deslocamentos seguintes de Tito e sobre a sua morte.
Para concluir, se consideramos Timóteo e Tito unitariamente nas suas duas figuras, apercebemo-nos de alguns dados significativos. O mais importante é que Paulo se serviu de colaboradores para o desempenho das suas missões. Ele permanece certamente o Apóstolo por antonomásia, fundador e pastor de muitas Igrejas. Contudo é evidente que ele não fazia tudo sozinho, mas apoiava-se em pessoas de confiança que partilhavam as suas fadigas e as suas responsabilidades. Outra observação refere-se à disponibilidade destes colaboradores. As fontes relativas a Timóteo e a Tito põem bem em realce a sua disponibilidade para assumir vários cargos, que muitas vezes consistiam em representar Paulo também em ocasiões não fáceis.
Numa palavra, eles ensinam-nos a servir o Evangelho com generosidade, sabendo que isto obriga também a um serviço à própria Igreja. Por fim, aceitemos a recomendação que o apóstolo Paulo faz a Tito na carta a ele dirigida: "desejo que tu fales com firmeza destas coisas, para que os que acreditaram em Deus, se empenhem na prática de boas obras, pois isso é bom e útil para os homens" (Tt 3, 8). Mediante o nosso compromisso concreto devemos e podemos descobrir a verdade destas palavras, e precisamente neste tempo de Advento sermos nós também ricos de obras boas e assim abrir as portas do mundo a Cristo, o nosso Salvador.

sábado, 5 de maio de 2018

Se Me perseguiram a Mim, também a vós...

Tem-nos feito companhia o Evangelho de João e as palavras de Jesus confiadas aos seus discípulos, de uma forma mais intimista, como Alguém que está de partida e quer deixar uma mensagem que congregue os que ficam.
Disse Jesus aos seus discípulos: «Se o mundo vos odeia, sabei que primeiro Me odiou a Mim. Se fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu. Mas porque não sois do mundo, pois a minha escolha vos separou do mundo, é por isso que o mundo vos odeia. Lembrai-vos das palavras que Eu vos disse: ‘O servo não é mais do que o seu senhor’. Se Me perseguiram a Mim, também vos perseguirão a vós. Se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa. Mas tudo isto vos farão por causa do meu nome, porque não conhecem Aquele que Me enviou» (Jo 15, 18-21).

        O Testamento  (entenda-se por Testamento, testemunho, aliança, ou mesmo herança) de Jesus é a Sua Vida, sobretudo com o mistério da Sua paixão redentora. Ele dá a vida. Atesta a fidelidade de Deus para com a humanidade. Cumpre a promessa divina de nunca desistir do ser humano. Sela a Aliança, com a humanidade inteira, com o Seu sangue, com a Sua vida, e não com sacrifícios de animais.
       É neste sentido que os discípulos orientarão as suas vidas. A vida do Mestre é exemplo. Como Ele faz assim devem fazer os discípulos. O tratamento a que foi sujeito, também os discípulos o serão. O discípulo não é maior do que o Mestre. Neste ponto Jesus não tem nada de político ou diplomático, não negoceia com os discípulos, não os ilude, não suaviza as dificuldades que virão, não esconde o futuro. Há indícios claros do que está para acontecer com Ele e, consequentemente, o que sucederá também aos Seus discípulos. Jesus diz-lhes claramente.
       Importa perseverar até ao fim, para que o TESTAMENTO de Jesus seja também o nosso testamento, uns para com os outros e para com o mundo, neste tempo e no lugar em que nos encontramos.

       Por outro lado, o livro dos Atos dos Apóstolos, lido aos e nos dias da semana, em tempo de Páscoa, mostra-nos a Igreja que se forma, se edifica, se expande, partindo da oração, invocando a presença do Espírito Santo, deixando-se guiar por Deus e procurando responder a cada nova situação, com delicadeza e tolerância, tudo para que Cristo ocupe o centro.
Paulo chegou a Derbe e depois a Listra. Havia lá um discípulo chamado Timóteo, filho de uma judia crente e de pai grego. Os irmãos de Listra e de Icónio davam dele bom testemunho. Querendo Paulo levá-lo consigo, mandou-o circuncidar, por causa dos judeus que havia na região, pois todos sabiam que seu pai era grego. Nas cidades por onde passavam, transmitiam as decisões dos Apóstolos e anciãos de Jerusalém, recomendando que se cumprissem. Desse modo as Igrejas eram confirmadas na fé e cresciam em número, de dia para dia. Como o Espírito Santo os tinha impedido de anunciarem a palavra de Deus na Ásia, atravessaram a Frígia e o território da Galácia. Quando chegaram à fronteira da Mísia, tentaram dirigir-se à Bítínia, mas o Espírito de Jesus não lho permitiu. Atravessaram então a Mísia e desceram a Tróade. Durante a noite, Paulo teve uma visão: Um macedónio estava de pé diante dele e fazia-lhe este pedido: «Passa à Macedónia e vem ajudar-nos». Logo que ele teve esta visão, procurámos partir para a Macedónia, convencidos de que Deus nos chamava para anunciar ali o Evangelho (Atos 16, 1-10).
       Há algumas tradições judaicas que são cumpridas não por que sejam necessárias, mas para não provocar animosidades desnecessárias. O importante é Jesus Cristo e o Seu evangelho. As comunidades vão perseverando e aumentando o número dos cristãos. Quem guia a Igreja, como conclui o autor sagrado, é o Espírito de Cristo. 

sábado, 5 de outubro de 2013

XXVII Domingo do Tempo Comum - ano C - 6 de outubro

       1 – O Papa Bento XVI, ao convocar o Ano da Fé, quis colocar a Igreja a refletir e a avivar as raízes da sua fé, a tornar mais visível a esperança, testemunhando-a em obras concretas, na transformação pessoal e comunitária. Iniciou-se 11 de outubro de 2012, 50 anos passados sobre a grande bênção para a Igreja que foi o Concílio Vaticano II, oportunidade para a Igreja se tornar Sacramento de Salvação, sinal e expressão da Presença de Cristo no mundo. Sob a inspiração do Espírito Santo, a Igreja foi chamada a meditar em Si mesma para melhor servir a Palavra de Deus e tornar mais efetivo o compromisso com os homens e as mulheres deste tempo. 20 anos após a publicação do Catecismo da Igreja Católica, a síntese mais completa dos ensinamentos, verdades, vivências da fé católica, para que os crentes apreendam toda a riqueza que os une e possam comunicar a beleza e a riqueza do Evangelho, em linguagem compreensível nos dias que passam, traduzida em palavras e gestos de partilha solidária e de comunhão fraterna.
       É de FÉ que HOJE a liturgia da Palavra nos fala.
       O pedido humilde dos apóstolos: «Aumenta a nossa fé».
       A resposta decidida de Jesus:
«Se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a esta amoreira: ‘Arranca-te daí e vai plantar-te no mar’, e ela obedecer-vos-ia. Quem de vós, tendo um servo a lavrar ou a guardar gado, lhe dirá quando ele voltar do campo: ‘Vem depressa sentar-te à mesa’? Não lhe dirá antes: ‘Prepara-me o jantar e cinge-te para me servires, até que eu tenha comido e bebido. Depois comerás e beberás tu’? Terá de agradecer ao servo por lhe ter feito o que mandou? Assim também vós, quando tiverdes feito tudo o que vos foi ordenado, dizei: ‘Somos inúteis servos: fizemos o que devíamos fazer’». 
       Jesus desafia à confiança, viver a fé de forma humilde mas simultaneamente corajosa, sem reservas, como o senhor que ordena o serviço aos seus servos, sem falsas modéstias, não deixando que as dúvidas e hesitações momentâneas se tornem paralisantes. Viver a fé como quem se lança numa aventura, como aposta, um salto no escuro, ou melhor um salto na LUZ de Jesus Cristo, que nos mostra o Pai e tudo o que nos ampara, o AMOR, do qual nem a morte nos separará. A fé envolve a confiança e a entrega. Como a criança se lança de encontro aos braços da mãe/pai, sem calculismos. Com a idade, a pessoa deixa de se atirar... Nem sempre é fácil!
       A propósito, uma significativa imagem de Santo Agostinho: “ter fé é assinar uma folha em branco e deixar que Deus escreva nela o que quiser”. Temos consciência que é mais fácil pedir a Deus que se faça a nossa vontade e não tanto a Sua, como rezamos no Pai-nosso.
       2 – Na primeira carta Encíclica, Lumen Fidei, o Papa Francisco, em sintonia estreita com Bento XVI, diz-nos que a fé é sobretudo luz, ainda que haja momentos de grande sofrimento, em que a dúvida assola, em que a confiança fica abalada, como se o chão debaixo de nós estivesse a desaparecer. Com efeito, “a fé não é luz que dissipa todas as nossas trevas, mas lâmpada que guia os nossos passos na noite, e isto basta para o caminho... o serviço da fé ao bem comum é sempre serviço de esperança que nos faz olhar em frente, sabendo que só a partir de Deus, do futuro que vem de Jesus ressuscitado, é que a nossa sociedade pode encontrar alicerces sólidos e duradouros” (n.º 57).
       O profeta Habacuc ajuda-nos a formular os nossos medos, melhor, os sofrimentos que atrapalham a nossa confiança em Deus, e no futuro. Há momentos em que a vida parece madrasta. Pedimos sinais e não vemos com clareza um caminho, uma abertura. Tudo parece em vão, fugidio, injustificável. Tristeza. Solidão. Doença. Traição. Morte de alguém próximo. Expetativas defraudadas, em relação a um emprego, a uma pessoa, a uma situação do dia-a-dia.
       Se há em nós resíduos de fé, ainda que tenhamos o coração atolado de dúvidas, lá vamos questionando Deus: «Até quando, Senhor, chamarei por Vós e não me ouvis? Até quando clamarei contra a violência e não me enviais a salvação? Porque me deixais ver a iniquidade e contemplar a injustiça? Diante de mim está a opressão e a violência, levantam-se contendas e reina a discórdia?» 
       E Deus não deixará de nos responder. Não se eliminam as dúvidas e contrariedades, mas sobrevém a presença de Deus, que nos atrai do futuro, da eternidade: «Põe por escrito esta visão e grava-a em tábuas com toda a clareza, de modo que a possam ler facilmente. Embora esta visão só se realize na devida altura, ela há de cumprir-se com certeza e não falhará. Se parece demorar, deves esperá-la, porque ela há de vir e não tardará. Vede como sucumbe aquele que não tem alma reta; mas o justo viverá pela sua fidelidade». 
       Só em Deus, através da Luz da Fé (Lumen Fidei), encontramos alicerces sólidos e verdadeiros que nos permitem viver e contruir laços de amizade, de ternura e de comunhão, e mutuamente procurar ultrapassar, compreender, relativizar tudo o que entendemos ser empecilho. A certeza de que Deus, Pai/Mãe, está na nossa vida, assegura-nos um chão que nos permite viver confiantes, apesar dos tropeços que encontramos no caminho.

        3 – Senhor, aumenta a nossa fé. Não apenas a minha fé, mas a fé da Igreja, vivida em comunidade, partilhada, celebrada. Imaginemos, como há tempos referia o Papa Francisco, que estamos num estádio de futebol, às escuras, e se acende uma pequena de luz (um isqueiro, uma vela), e cada um acende a sua pequena luz. Com cada pequena luz acesa, em conjunto, o estádio fica mais iluminado, sendo possível ver pessoas e os seus rostos.
       A fé, individual, isolada, privada, é uma mentira. Ou meia verdade. Fica incompleta. A fé acolhe-se pessoalmente, mas necessita de se expressar e exercitar em comunidade, senão esmorece. É como os sentimentos. Não posso amar sozinho. Amar e ser amado, é o desiderato essencial da vida. Mas como amar se não tiver a quem? Como me sentir amado, se não houver ninguém. Assim a fé, ou pelo menos a fé em Cristo Jesus.
       O apóstolo são Paulo exorta Timóteo a reavivar o dom de Deus, nele e nos outros. Não com timidez, mas com coragem.
“Exorto-te a que reanimes o dom de Deus que recebeste pela imposição das minhas mãos. Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de caridade e moderação. Não te envergonhes de dar testemunho de Nosso Senhor, nem te envergonhes de mim, seu prisioneiro. Mas sofre comigo pelo Evangelho, confiando no poder de Deus. Toma como norma as sãs palavras que me ouviste, segundo a fé e a caridade que temos em Jesus Cristo. Guarda a boa doutrina que nos foi confiada, com o auxílio do Espírito Santo, que habita em nós”.
       O desafio de Jesus aos apóstolos é sancionado por Paulo aos discípulos. Mesmo no sofrimento e na perseguição, há que manter firme a fé e a confiança em Deus, continuando a viver segundo a Sua vontade, na caridade e no serviço, confiando no Seu poder, no Seu amor por nós, alimentando-nos da Sua palavra, com o auxílio do Espírito Santo que nos habita.

Textos para a Eucaristia (ano C): Hab 1,2-3; 2,2-4; 2 Tim 1,6-8.13-14; Lc 17,5-10.

sábado, 9 de junho de 2012

Proclama a Palavra, insiste...

       "Proclama a palavra, insiste a propósito e fora de propósito, argumenta, ameaça e exorta, com toda a paciência e doutrina. Tempo virá em que os homens não suportarão mais a sã doutrina: mas, desejosos de ouvir novidades, escolherão para si uma multidão de mestres, ao sabor das suas paixões, e desviarão os ouvidos da verdade, voltando-se para as fábulas. Tu, porém, sê prudente em tudo, suporta os sofrimentos, trabalha no anúncio do Evangelho, cumpre bem o teu ministério. Quanto a mim, já estou oferecido em libação e o tempo da minha partida está iminente. Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé. E agora já me está preparada a coroa da justiça, que o Senhor, justo juiz, me há de dar naquele dia; e não só a mim, mas a todos aqueles que tiverem esperado com amor a sua vinda". (2 Tim 4, 1-8).
       As recomendações de Paulo a Timóteo são também para toda a comunidade cristã, são também para nós. Há, no nosso tempo, sinais alarmantes em relação às verdades do Evangelho. Se pensarmos que muitas ideias andam ao sabor do vento, das sondagens e do populismo, então a palavra de São Paulo sobre a fidelidade ao Evangelho, mesmo no meio da perseguição, ou como contra-corrente, é mais pertinente e provocadora.
       Por outro lado, Paulo tem consciência de ter cumprido a sua missão com zelo, dedicação, com generosidade.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Permanece firme no que aprendeste!

       Caríssimo: Tu seguiste-me fielmente no ensino, no modo de vida, nos projectos, na fé, na paciência, na caridade, na constância, nas perseguições e nos sofrimentos que suportei em Antioquia, em Icónio e em Listra. Que perseguições eu não tive de sofrer! Mas de todas me livrou o Senhor. Todos os que desejam viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos. Os homens maus, porém, e os fraudulentos irão de mal a pior, enganando os outros e enganando-se a si mesmos. Mas tu, permanece firme no que aprendeste e aceitaste como certo, sabendo de quem o aprendeste. Desde a infância conheces as Sagradas Escrituras; elas podem dar-te a sabedoria que leva à salvação, pela fé em Cristo Jesus. Toda a Escritura, inspirada por Deus, é útil para ensinar, persuadir, corrigir e formar segundo a justiça. Assim o homem de Deus será perfeito, bem preparado para todas as boas obras (2 Tim 3, 10-17).
       Paulo, nesta segunda epístola a Timóteo, exorta de novo o discípulo e agora responsável de comunidades a manter-se firme na fidelidade à palavra de Deus, lembrando que a Bíblia, palavra inspirada por Deus é útil para ensinar, persuadir, corrigir, formar segundo a justiça...

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Nâo te envergonhes de dar testemunho...

       Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de caridade e moderação. Não te envergonhes de dar testemunho de Nosso Senhor, nem te envergonhes de mim, seu prisioneiro; mas sofre comigo pelo Evangelho, confiando no poder de Deus. Ele salvou-nos e chamou-nos à santidade, não em virtude das nossas obras, mas do seu próprio desígnio e da sua graça. Esta graça, que nos foi dada em Cristo Jesus, desde toda a eternidade, manifestou-se agora pelo aparecimento de Cristo Jesus... (2 Tim 1, 1-3.6-12).
       São Paulo, nesta carta a Timóteo, exorta o seu discípulo e companheiro a dar testemunho de Jesus Cristo, sem temor. Deus salvou-nos e chamou-nos à santidade. A graça que em Cristo Jesus nos foi dada torna-nos fortes na caridade para com todos.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Ele quer que todos os homens se salvem

       "Recomendo, antes de tudo, que se façam preces, orações, súplicas e acções de graças por todos os homens, pelos reis e por todas as autoridades, para que possamos levar uma vida tranquila e pacífica, com toda a piedade e dignidade. Isto é bom e agradável aos olhos de Deus, nosso Salvador; Ele quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade. Há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, o homem Jesus Cristo, que Se entregou à morte pela redenção de todos. Tal é o testemunho que foi dado a seu tempo e do qual fui constituído arauto e apóstolo - digo a verdade, não minto - mestre dos gentios na fé e na verdade. Quero, portanto, que os homens rezem em toda a parte, erguendo para o Céu as mãos santas, sem ira nem contenda" (1 Tim 2, 1-8).

       A recomendação do Apóstolo São Paulo, aos cristãos, através de Timóteo, sublinha a salvação que é dada por Jesus Cristo a toda a humanidade. Com efeito, Deus quer que todos se salvem e a salvação inicia-se com a oração que leva ao compromisso de cada um pela paz, pela justiça, pela concórdia entre as pessoas.
       Os crentes deverão prosseguir com um comportamento que em todo seja agradável a Deus.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

São Timóteo e São Tito, Bispos

Nota Biográfica:
       Timóteo e Tito, discípulos e colaboradores do apóstolo Paulo, presidiram às Igrejas de Éfeso e de Creta, respectivamente. A eles foram dirigidos as Epístolas chamadas «Pastorais», que contêm admiráveis recomendações para a formação dos pastores e dos fiéis.

Oração: 
       Senhor, que formastes na escola dos Apóstolos os Santos Timóteo e Tito, concedei-nos, por sua intercessão, que, vivendo com justiça e piedade neste mundo, alcancemos a pátria celeste. Por Nosso Senhor Jesus Cristo...

Textos para a Eucaristia: Secretariado Nacional da Liturgia.